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Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Aqui vou eu de novo

Já tenho o novo blogue a marinar há 8 dias. Escrevi o primeiro post, a explicar o nome, à laia de introdução, que ficou suspenso no ar naquele estado crú que caracteriza os textos que ainda não foram lidos. Como se precisassem de aprovação, como se só ganhassem corpo, forma, um estado de existência se forem lidos por outras pessoas alheias à sua criação.

O desabafo já vinha sendo repetido: estava farta do nome que me prendia ao passado, como se vivesse ainda amarrada à ideia do que podia ter acontecido se as Bolas de Berlim fossem realmente em directo de Berlim. Um blogue que não é de culinária, apesar de ter algumas receitas? Um bocado esquizofrénico, não? Além disso, chateavam-me os destaques da Sapo e o facto de não ter nenhuma App no telemóvel para me facilitar a escrita de posts. Desculpas, talvez. Mas tudo isso conta. Como já mudei de casa mais de 10 vezes, seria estranho se não mudasse de blogue outras tantas: Bolas de Berlim, High Fidelity, Crónicas de Berlim, Hotel Heimat, Don't Spill the Wine, Gato Preto Gato Branco, Mais um projecto verde, A Hora da Sesta, Bolas de Berlim sem creme, tantos deles perdidos na blogosfera. Por isso, actualizem o vosso feed, feedly, favoritos. A partir de agora estou no Blogue de Cacaracá. E obrigada por tudo.

Costurar para ajudar

O Projecto Dress a Girl Around the World dedica-se a vestir meninas desfavorecidas em África. O grupo de voluntárias portuguesas reúne-se na The Craft Company para coser vestidos tipo pillowcase, mas quem não se puder deslocar até lá no próximo dia 22, pode fazê-los em casa e enviar. Este modelo de vestido foi o primeiro que fiz quando aprendi a costurar. E de vez em quando ainda faço um. É um modelo super fácil, passível de ser executado por principiantes.

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A página de Facebook Dress a Girl Around the World Portugal fornece as instruções e medidas para fazer vestidos dos 6 meses aos 12 anos. Vou deixar aqui as instruções e medidas que retirei do site e que qualquer pessoa pode consultar, apenas para facilitar e talvez motivar as leitoras a fazerem um vestido. Podem enviar os vossos vestidos para a seguinte morada:

The Craft Company

Praça Dr. Francisco Sá Carneiro 4B, 2750-350 Cascais

A Cose+ também publicou hoje um tutorial para fazer estes vestidos.

 

Requisitos na escolha do tecido:

- O tecido não pode ser transparente.

- O tecido deve ser de algodão.

- Os vestidos devem ser encaminhados para a The Craft Company com vista à colocação das devidas etiquetas antes de enviados aos destino final. 

 

Aqui têm as instruções. Boas costuras!

 

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Instruções. 

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Medida da cava 

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Medidas dos 6 meses aos 12 anos 

Quanto lixo temos de produzir para fazermos uma refeição fora de casa?

Já sabem que aqui não encontram posts patrocinados e que raramente falo de marcas da minha própria iniciativa, a não ser que seja um produto que tenha mesmo de recomendar porque é extraordinário (não há assim tantos). Prefiro recomendar serviços. Não sou muito de coisas ou de marcas. Em contrapartida, também não costumo vir dizer mal de marcas ou serviços, mas desta vez vou abrir uma excepção à regra (tal como abri uma excepção à regra de não ir nunca ao McDonald's...).

 

A mais velha já me andava a pedir há algum tempo para ir ao McDonald's. Porque há brinde e os amigos dela vão. Não sendo argumentos que me convençam, sempre recusei, dizendo-lhe simplesmente que nós não temos por hábito ir ao McDonald's. Mas um dia antes de a escola começar, quando ainda nos faltava comprar mais de metade do conteúdo da lista de material exigido pela professora, fomos ao centro comercial tratar de tudo. Como chegámos pela hora de almoço, comemos por lá e permiti que fôssemos ao McDonald's. Em contrapartida, ela só tinha de comer a sopa toda. Ela aceitou e fomos.

Pedi uma salada, ela os douradinhos, comeu a sopa toda e partilhou as batatas comigo, enquanto brincava com o boneco que lhe calhou de brinde. Mas não é da comida que vos venho falar, ou do serviço. É do lixo. 

 

Sim, lixo. O lixo que o McDonald's produz em cada tabuleiro que serve. Pode ser por andar a ler o livro Zero Waste Home da Bea Johnson (em português, Desperdício Zero), andar a pensar seriamente em fazer compostagem caseira para reduzir o lixo doméstico e o número de coisas embaladas que ainda compramos me incomodar cada vez mais, ou pode ser simplesmente porque, independentemente do livro que estou a ler no momento, ser sensível a esta questão do lixo que fazemos. Pessoalmente, e estou apenas a falar de mim e não do meu agregado familiar, implementei algumas medidas simples para fazer menos lixo, como os discos de limpeza da pele reutilizáveis ou usar o copo menstrual. Mas cá em casa ainda se produz muito lixo e não é coisa que me deixe indiferente.

Por isso, quando me sentei à mesa com dois tabuleiros do McDonald's e comecei a desembrulhar a comida, tive uma pequena crise de ansiedade. (Só o termo "desembrulhar a comida" me faz confusão, mas foi mesmo isso que aconteceu.) Não queria acreditar na quantidade de plástico e papel descartável que é precisa para duas refeições. Não havia nada que pudesse voltar a ser utilizado. Nada! Desde o recipiente da sopa, aos talheres, às embalagens para o azeite, o ketchup, a salada (com uma tampa extra com compartimentos para separar os ingredientes que acabam por ser misturados, não fosse aquilo uma salada!), as batatas, os douradinhos, o sumo, o brinde, tudo era de plástico, cartão ou papel pronto para usar e deitar fora. Isto que vêem na imagem encheria o meu balde do lixo até meio.

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E é mesmo necessário, pergunto eu? Se fosse ao sushi ou ao H3, o máximo de lixo que produziria seria o embrulho dos talheres e o copo da bebida, caso quisesse bebida. Talvez também o papel do tabuleiro e as indispensáveis (?) facturas. Tudo o resto (prato e copo, pelo menos) é reutilizável. Não estou a dizer que qualquer uma destas opções é melhor do que ir ao McDonald's. Bom, para mim é, mas é uma questão de gosto e estilo de vida. Mas, em termos do volume de lixo que é necessário para uma refeição, o McDonald's (e calculo que qualquer outra cadeia de fast food onde impera a premissa do "rápido e fácil") é capaz de estar no topo dos mais poluentes. E depois separação de lixo nem vê-la. Não sei se procedem a uma separação de lixo interna, mas na loja todo o conteúdo dos tabuleiros é despejado para um só depósito. Fácil e rápido. Longe da vista, longe do coração.

 

Enquanto estava a comprar a comida, reparei que a cadeia tem agora imensas preocupações com a saúde dos consumidores. Ele é opções sem glúten e sem lactose, ele é informações dietéticas. Acho muito bem. Só é pena que o ambiente não seja também um consumidor pagante. Porque se fosse, aposto que teriam muito mais cuidado na forma como o tratam.

 

 

Primeiro dia (actualização)

- Do que gostaste mais do dia de escola?

- Da professora simpática e do recreio gigantesco.

- E do que gostaste menos?

- Hmmm... De nada!

 

- A comida do refeitório é boa?

- Estava óptima! Até tinha sabor!

 

- Já tens trabalhos de casa?

- Não, isso é só quando estivermos habituados a ler e a fazer contas. Sabes, a professora vai ensinar-nos a fazer magia com os números!

 

- Dorme bem, minha aluna do 1.º ano!

- Dorme bem, minha mamã do 2.º ano!

 

(Pronto. Acho que correu bem.)

Primeiro dia

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Sei que é normal, que faz parte, que a vida é para a frente e mais outras frases cliché de que não me lembro, mas que podem juntar ao rol. Mas não consegui evitar uma sensação avassaladora de desamparo quando a deixei na sala da primeira classe, de cabecita por detrás das cartolinas, da caixa cheia de exigências da professora e da mochila que pesa tanto como ela. Ela ficou a sorrir, satisfeita e orgulhosa, e só isso já me devia deixar descansada. Mas assim que lhe fiz adeus e virei as costas, fui assaltada pela hedionda suspeita de que falhei redondamente como mãe, porque a deixei sozinha, entregue à bicharada, aos meninos matulões do 4.º ano, aos livros de fichas e ao refeitório com tabuleiro da escola pública. Quando deveria sentir exactamente o oposto, eu sei. Afinal, a minha menina está a crescer e criei uma menina doce, confiante e bem-disposta que não tem medo de ir para a escola e que, ao contrário da parva da mãe, não ficou a chorar. Mas é que não consigo parar de pensar: e se ela tiver vontade de fazer cocó, quem é que lhe vai limpar o rabo??

Tradição à mesa

Em dois restaurantes alentejanos, um em Grândola e o outro perto de Elvas, o pão é servido em taleigos costurados à mão. Há uns anos, não daria importância. Hoje, fiquei a matutar se não seria giro fazer o mesmo cá para casa.

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Das coisas que não quero saber

Ainda no último post falava de pena, de ter pena, de ser alvo de pena, quando ontem o Nick Cave, logo no início do documentário sobre a realização do álbum que saíu hoje assombrada pela morte do seu filho Arthur o ano passado, dizia, numa tradução livre: "quando foi que me tornei um objecto de piedade?"

 

Queria muito falar sobre o documentário que vi ontem, mas os sentimentos ainda estão demasiado enrodilhados em mim. Cheguei a casa com aquela última música do genérico cantada pelo Arthur Cave ainda na minha cabeça e tive dificuldades em adormecer. Não sei o que é perder um filho. Não quero saber. Quando, por fim, me obriguei a parar de pensar nisso, concentrei-me nas minhas duas filhas a dormir, refasteladas, no quarto ao lado e acabaria por adormecer agarrada à ideia reconfortante de que as coisas se mantenham sempre assim.

Subtilmente

Quando cheguei à piscina, vi um rapaz com os pés deformados que se sentava numa espreguiçadeira. Não o vi caminhar e demorei a perceber de que tipo de deformação se tratava. Não era como a minha, não apanhava a perna, mas tinha os ossos dos dois pés demasiado para fora e uma cicatriz em cada pé denunciadora de, pelo menos, uma cirurgia. Esperei que ele se levantasse para perceber se a deformação o impediria de ter uma marcha correcta, se lhe daria dores à noite, se lhe permitira usar um calçado normal, numa curiosidade mórbida por encontrar alguém que passe pelo mesmo que eu. Não que deseje mal a ninguém, mas há sentimentos que não conseguimos evitar.

O rapaz nunca se levantou. Aliás, nunca sequer descruzou as pernas. Era um rapaz novo, bem-parecido, elegante, com um fato de banho que denotava alguma posse de compra e uma mulher bonita ao seu lado. Tinha também uma deformação nos pés e, muito provavelmente por causa dela (talvez não fosse, mas na minha cabeça não há outra explicação para isto), não foi ao banho, não se levantou da espreguiçadeira (e o calor que estava) e não descruzou as pernas uma vez que fosse.

 

Há dois anos, eu era ele. Também ficava escondida no meu canto, com as pernas cruzadas, naquela postura rígida de quem, subtilmente, quer esconder uma das pernas por baixo da outra, constantemente em pânico pelo que os outros possam estar a pensar, e será que já repararam, o melhor é esconder a perna com o pareo de forma tão subtil que ninguém repare, não só na perna, mas também na minha intenção de a esconder. E deixar subtilmente apenas a outra perna à vista, a perna normal, bonita, depilada, a perna com o músculo no sítio.

 

Ontem, tive pena daquele rapaz. Não pena por ter uma deformação nos pés. Não aquela pena nojenta que as pessoas costumam ter dos que não tiveram a "sorte" de nascerem "normais", iguais. Tive pena por ele ainda não saber que pode, com os seus pés deformados, descruzar as pernas, sair da espreguiçadeira, ir dar um mergulho com uma naturalidade reconquistada e ser feliz. Espero que venha a sabê-lo um dia. Um dia nunca será tarde demais.

Livros para Alqueidão da Serra

Por causa deste post chegou-me o seguinte pedido que, com a devida autorização, divulgo com muito prazer.

 

"Olá! Encontrei o seu blog precisamente à procura de doação de livros para bibliotecas! Faço parte do executivo da junta de freguesia de uma aldeia, Alqueidão da Serra, e encontramo-nos na fase de implementação de uma biblioteca local. Devido à falta de recursos, recorremos apenas ao voluntariado e doações. Caso pretenda colaborar com alguns livros, ficaremos gratos.

Dado tratar-se de uma pequena biblioteca de aldeia, os livros que mais procuramos são precisamente romances e livros infantis. Também alguns materiais de referência (enciclopédias, dicionários, etc.) que, provavelmente, depois teremos de adquirir.
(...) faço parte de um grupo de malta jovem (!), entre os 25 e os 45, que nos candidatámos como grupo independente nas últimas eleições autárquicas e vencemos. O nosso objetivo não foi/é fazer grandes obras mas dinamizar culturalmente um pouco a freguesia. A criação da biblioteca faz parte desses objetivos. Como não temos grandes recursos, tudo é feito à base de voluntariado e doações. Temos tido os jovens da Ocupação de Tempos Livres a ajudar-nos a catalogar os livros. O espaço da biblioteca é muito bonito, num edifício recente e com muita luz. Depois envio-lhe fotos. 

Não pretendemos que tenha despesas com o envio. Caso seja muita quantidade, poderemos combinar uma forma de levantar ou pagar no destino. No entanto, o endereço para envio é:
Junta de Freguesia de Alqueidão da Serra
Rua Dr. Pedro Matos, nº 1

2480- 013 Alqueidão da Serra

Poderá consultar o nosso site em:
 
 
Para o esclarecimento de dúvidas, podem contactar directamente a pessoa em questão: 

Silvia Carvalho: silviac96@gmail.com

 

(É por causa destas coisas que fico feliz por ter um blog.)

 

Nível zero ponto zero um

Uma das sugestões que ele me deu para superar o meu medo de gafanhotos (não é fobia, é trauma, e é real, não se riam) foi ir colocando, aqui e ali, pequenos gafanhotos de plástico, fotografias ou desenhos de gafanhotos e até, quem sabe um dia, um gafanhoto verdadeiro de estimação numa gaiola de grilo ou assim. Mas 1) esse dia está a anos-luz e 2) até uma coisa nojenta como um gafanhoto tem direito a viver em liberdade, por isso prometi-lhe só a parte dos gafanhotos de plástico. A ideia é começarem a fazer parte do meu dia-a-dia ao ponto de a sua visão deixar de me assustar e depois ir aumentando o "nível de dificuldade" até chegar à derradeira confrontação.

Não faço ideia se é assim que se tratam fobias de bichos. Mas é ou isto ou beber meia garrafa de uísque antes de, por exemplo, ir fazer uma caminhada. Aposto que nenhum gafanhoto me assustaria. Mas também era capaz de não conseguir fazer a caminhada.

Então lá fui procurar coisas com gafanhotos. Comecei pelo Etsy e fiquei espantada com a oferta quando se insere simplesmente grasshopper na caixa de pesquisa. Não admira, também metem os grilos e os louva-a-deus no mesmo saco, o que não deixa de ser curioso porque também não suporto nenhum deles. Adiante. O facto é que encontrei coisas absolutamente nojentas. Não consigo descrevê-lo de outra forma. É nojento, pronto. A simples fotografia de um gafanhoto provoca-me náuseas e tonturas, dá-me palpitações, eriça-me os pêlos e arranha-me as cordas vocais. Estou a pontos de desmaiar.

 

É assim: não sei se alguma vez conseguirei fazer isto.

 

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