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Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Amores antigos

E eis que, a meio do sprint para o avião, atrasadíssimos como estávamos (atrasados do estilo tens-20-minutos-para-ir-buscar-o-cartão-de-cidadão-a-casa), chego aos detectores de metais e dou de caras com a minha paixão dos 16 anos.

Nunca mais o tinha visto, mas não me espantou que ali estivesse, com farda de segurança a avançar os tabuleiros. Não sei dizer porquê. Acho que é o despeito a falar por nunca me ter ligado nenhuma.
Quando me mandou tirar o cinto tenho a certeza que me reconheceu. Não que tenhamos sido grandes amigos, nada disso. Fomos apresentados à moda dos anos 90: um amigo apresentou-me a um amigo que por sua vez tinha um amigo que o conhecia.
Depois de aprender de cor os seus horários, sentava-me na estação à espera de ver a gadelha preta a esvoaçar e depois armava o teatrinho de quem vai mesmo apanhar aquela camioneta, mesmo que me desse mais jeito apanhar a outra.
Levei meses nisto. Meses ansiosa por trocar com ele mais do que um banal "Tudo bem?", mais do que uns olhares que raramente eram correspondidos, mais do que um encontro fugaz na estação de camionetas.
Tantas horas perdidas naquelas escadas para nunca, nunca ter tido o mais ínfimo sinal de que a minha paixão assolapada era correspondida.
Por fim, fui para a faculdade e logo o esqueci. Haveria de ter outras paixões assolapadas que me machucariam muito mais e logo me fizeram esquecer essa.
Nunca mais o vi. Ou talvez o tenha visto, mas não me lembro, o que justifica a minha afirmação.
Até há duas semanas.

E o que fiz eu? Tirei o cinto, pu-lo na bandeja e passei no pórtico.
E o que senti eu? Uma imensa vontade de desatar a correr para apanhar o avião.

E consegui. Apanhar o avião com o amor da minha vida, que não tem uma gadelha esvoaçante nem gosta de Ratos do Porão (graças a deus...), mas que, por outros motivos de índole mais "despistada", também me faz esperar nas escadas do aeroporto.
Há aqui um padrão...

Qualquer semelhança com um babyblog é pura coincidência

A minha filha, 15 meses, aprendeu uma palavra nova, a distinta e nobre palavra "cocó".
Para ela significa qualquer coisa que saia para a fralda, seja em estado líquido ou sólido, mas o interessante é que já começou a avisar quando fez e, melhor que tudo, a avisar quando quer fazer.

Basta uma palavrinha para haver um rodopio cá em casa, ir buscar o bacio e tirar-lhe a roupa toda, tendo o cuidado para não ser demasiado lento nem demasiado rápido, para não a assustar, e há vezes em que ela foge.
99% das vezes ela foge.

Umas vezes resulta, outras não. Ainda no outro dia, pediu, sentou-se, não quis, levantou-se e depois fez no chão. Na realidade, o que ela queria era fazer em cima de mim, mas ainda consegui movê-la dois centímetros. Fiquei baralhada e zangada, mas sem razão. Afinal são 15 meses. Qualquer coisa que ela consiga neste campo é precoce e digno de admiração.

**Na verdade, só esperava começar a preocupar-me com isso lá para os 2 anos. Não sei se estou preparada para começar já a limpar poças no chão ou para a pôr a fazer chichi na rua, em plena Baixa de Algés. Também vou ter de andar munida de saquinhos de plástico, querem lá ver?

As 7 Maravilhas do Haja Paciência

Ando um bocadinho farta da mania das 7 Maravilhas. Primeiro foram as 7 Maravilhas de Portugal. Ok, até aí tudo bem e lembro-me que na altura até contribui com o meu modesto voto.
Depois vieram as 7 Maravilhas da Gastronomia, para as quais já não votei por razões éticas (demasiados pratos com animaizinhos...).
Mas agora as 7 Maravilhas das Praias? Oh senhores, praia que é praia com palmeiras e água quente é na Tailândia! No expoente máximo, nas Maldivas, mas ainda não tive o prazer...
Deixem-se lá de tretas e poupem esforços e dinheiro naquilo que é mesmo importante ou ainda ninguém reparou que o país vai mal?
O que será que vem a seguir? As 7 Maravilhas do Tasco Português? As 7 Maravilhas das Bacoradas do Senhor Presidente? Alguém pega nesta ideia?

Mudar de ideias é normal

Quando fui viver sozinha, quis levar comigo algumas coisas do meu enxoval. Por muito feias que fossem, sempre evitavam ter de gastar muito dinheiro logo de uma vez a comprar lençóis e atoalhados (não podia deixar de escrever esta palavra no mesmo texto em que falo de enxoval...).
Mas a minha mãe não deixou. «Só quando te casares.»

Anos depois, quando viu que mesmo que me casasse, a situação de concubinato em que eu vivia já tinha desfeito quaisquer sonhos de donzela virgem que pudesse ter para mim, obrigou-me a ir buscar o enxoval porque «precisava do espaço».

Em consequência, como já não precisava de nada porque anos antes tivera de comprar tudo, acabei por dar a maior parte das coisas a quem não se importasse de dormir entre folhos e rendas.
Ela não sabe. Se soubesse era capaz de me deserdar. Filha manceba, vá que não vá, ingrata é que não.

A semana foi assim

Desaperte o parafuso. Volte a apertar o parafuso.
Desenrosque o parafuso. Volte a enroscar o parafuso.
Desatarraxe o parafuso. Volte a atarraxar o parafuso.

E pior: para português do Brasil.



Mas do que é que eu tenho medo? De arriscar e não conseguir pagar as contas? Mas quem é que quer saber disso? Quem??

Dias há...

... em que me pergunto o que raio ganho eu em fazer o tipo de trabalho que faço. Além do óbvio, como sendo o meu único meio de subsistência, não vejo outra razão que não seja a pura perda de tempo. Hoje é um desses dias.

Alguém tem por aí a chave do Euromilhões?

Estado de guerra

Ainda estou meia abananada da valente paragem de digestão que tive ontem, convenientemente depois de sair do trabalho (se é que é possível "sair" do trabalho quando se trabalha em casa). Entre as 18 e as 21h só vi a cara à sanita e à almofada, intercaladamente, mas cheguei a pensar em trazer a almofada para o pé da sanita. A minha filha, que ficou à guarda do pai dela, achava estranho cada vez que eu corria para a casa-de-banho e fechava a porta atrás de mim e chorava, certamente por compaixão. Tão pequenina e já dotada de tanta empatia!
Hoje de manhã, período de convalescença em que ainda me sinto um bocadinho trémula, confirmo que a confusão em que a casa se encontrava ontem não era o fruto de possíveis alucinações causadas pelo meu estado regurgitante, mas sim o resultado de pai e filha terem ficado sem supervisão maternal durante 3 horas.
Os resultados estão à vista:


Aceitam-se voluntários para ajudar a levantar esta casa das ruínas, que ainda não estou em mim.