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Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Ecografias caseiras

- Mamã, quero ver o bebé.
- Meu amor, não dá para ver assim. O bebé está dentro da barriga e é preciso uma máquina para o ver e fazer assim e assim (e vou imitando o médico da ecografia e fingindo que estou a tirar uma fotografia à barriga).
Depois de algumas palhaçadas a fingir que estamos a tirar fotos à barriga uma da outra com uma máquina imaginária, ela vira-se e diz, com uma cara muito séria:
- Mamã, eu vou comprar uma mánica.

Complicar, para quê?

Dos segundos


Isto era eu na primeira gravidez às 25 semanas. Agora, a entrar ainda nas 10 semanas (façam as contas, sim?), pressinto que a minha barriga vai chegar a este tamanho bem antes dos 4 meses.
Bem me diziam que a barriga da segunda gravidez crescia muito mais depressa e que todas as gravidezes são diferentes. Confirma-se. Da primeira não tive enjoos, não tive azia, não tive complicações, não tive NADA, e, tirando dois episódios assustadores de cãibras à noite, foi uma santa gravidez como se diz. Nesta segunda gravidez já tive a minha dose de enjoos e hiperssensibilidade aos cheiros, mas, como o homem da casa gosta de referir, ainda não vomitei sangue de tanto esforçar o esófago portanto não tenho nada que me queixar e tenho é de andar por aí aos pulos!
Pois não ando. Ainda ontem tive umas pontadas esquisitas que quase me asfixiaram e me obrigaram a arrastar (literalmente) a primogénita para casa, tendo passado o resto da tarde no sofá a forçar-me a pensar que não era nada.
Isto só confirma a minha teoria, que o pai contesta (mas o que é que ele sabe?), que nem todas as gravidezes são iguais e nem todos os filhos são iguais, isto é, se o primeiro foi um santo bebé (seguindo a analogia da santa gravidez) no sentido de dar boas noites, não ter tido grandes cólicas e ser um bebé calmo que levávamos para todo o lado sem problemas, como foi o caso da Inês, o segundo vai ser o contrário, sendo que aqui o contrário significa o desespero total, privação de sono durante 2 anos, otites todos os meses e um feitio de bradar aos céus. São vários os casos que conheço que comprovam a minha teoria e escusam de vir com exemplos dos filhos da prima e da vizinha que saíram todos uns anjinhos, porque ando do mais céptica possível.

Mas, pelo sim pelo não, vou recomeçar o Yoga em breve para ver se acalmo a tempestade que aí vem. É que, se calhar, não é lá muito sensato testar os limites do Universo.

...

Há ano e meio estava eu a apoiar os maratonistas de Nova Iorque. Estive em 3 sítios diferentes, viajando de metro para acompanhar as várias etapas, gritei Força Dulce! e andei com um cartaz da Dunkin' Donuts onde escrevi uma breve mensagem de ânimo em português. Não tinha a Inês comigo, mas poderia ter. E em vez de ser em Nova Iorque, poderia ter sido em Boston. E em vez de ter sido há ano e meio, poderia ter sido ontem. E em vez de ter sido um menino de 2 anos que eu não conheço a levar com estilhaços na cabeça e a ficar sabe-se lá como, podia ter sido a minha menina de 2 anos a levar com estilhaços na cabeça e a ficar sabe-se lá como. Ou sem uma perna. Ou sem vida. Não querendo pensar nisso, não consigo pensar noutra coisa.
E depois penso nos cabrões que fabricaram as bombas e delineio vários castigos possíveis na minha cabeça, que não posso dizer alto porque é do mais polémico possível, mas que inclui enfiar-lhes bombas artesanais no cú e vê-los esperar que explodam, agoniados, durante 4 horas e 4 minutos.

Dos Himalaias

O homem voltou e trouxe a mala cheia de prendas dos Himalais: para a pequena, t-shirts, livros de pintar com imagens da cordilheira do sítio e umas pantufas que dão vontade de abraçar e que lhe servirão lá para o próximo inverno


Para a casa, livros de culinária com nomes sugestivos como Buddhist Peace Recipes e um livro de contos nepaleses Adventures of a Nepali Frog (?), e para mim trouxe-me o equipamento completo para fazer trekking nos Himalaias, mas que também serve ali para a Arrábida, e que agora vou ter de usar nem que seja só uma vez, e... tcharã... uma malinha nepalesa daquelas que assim que olhamos para ela ficamos logo com vontade de fumar ganza e que devia ser vendida juntamente com cartazes do Bob Marley e Che Forever.
"É para levares ao Avante", disse ele.
...


De barriga cheia

O relato que se segue vai, provavelmente, fazer-me perder alguns dos seguidores que me adicionaram ultimamente, mas a alegria que eu e a minha filha sentimos ontem ao jantar foi tanta que perder seguidores é coisa que pouco me importará em comparação.

Começo por dizer que não me orgulho disto, mas que também não é caso para a Assistência Social me vir pedir explicações, posto o que ontem à noite tivemos pizza para o jantar! Pizza e gelado, como ela repetiu vezes sem conta. Mas tenho para mim que dias não são dias e em breve o cozinheiro salvador está a chegar para nos livrar do mal das refeições prontas.

A tarde estava solarenga e tanto eu como ela sentimos necessidade de aproveitar o sol que não molha os baloiços e o sol que nos faz querer sentar num banquinho de olhos fechados e o sol que nos leva a vaguear pelas ruas atarefadas de Algés atentas a tudo e a nada. Foi assim que, sendo quase oito da noite, mas quase ainda de dia, lembrei-me, distraída, que não tinha jantar para ela. Podia ter vindo para casa e ter feito qualquer coisa rápida, podia ter vindo para casa e ter feito qualquer coisa demorada enquanto lhe acalmava a fome com pão, mas acabei por telefonar e pedir a pizza mais simples que tivessem.

O delírio começou mal a pizza chegou. Como se fosse dia de festa, ela ria e escondia o riso como se fosse marotice, e depois de muito comer (era uma pizza individual que eu cortei em muitas fatias fininhas para parecer mais), houve uma de nós, não interessa agora quem!, que deixou escapar um arroto. Isso é que foi o fim da picada. Começámos as duas a fingir arrotos maiores do que o outro, com a língua de fora e os olhos revirados, e depois ríamos, ríamos, ríamos, e voltávamos a fingir arrotos, e ríamos, e ríamos, e ríamos, ríamos com prazer e ingenuidade até ficarmos as duas com soluços e a pizza começar a ficar fria, mas nós ríamos como se estivéssemos possuídas por um qualquer deus do riso, que depois ainda nos pôs a comparar as barrigas dilatadas do tanto que comêramos, e a fazer como os homens do campo, de perna aberta e barriga grande, e ela a prestar-se a tudo e a imitar-me e a fazer-me rir tanto que no fim só podíamos ter acabado abraçadas.

E é assim que se está a acabar o nosso girly time. Acho que nos divertimos e ganhámos as duas muito nas duas últimas semanas, mas o papá também já faz muita falta... Para fazer suminhos verdes e andar às cavalitas. Vá, anda, papá, anda.