Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Papagaios à solta

Se o inverno foi um pouco mais calmo por estas bandas, em termos de actividades ao ar livre, a primavera e o verão chegam com promessas de nos cansar o corpo e relaxar a alma. A nossa lista das coisas que queremos fazer com as miúdas esta temporada inclui actividades como seguir as pegadas de dinossauro no trilho da Pedra da Mua, ir ver (várias vezes) o pôr-do-sol ao Cabo Espichel, fazer caminhadas na Arrábida e ir ver os pirilampos à noite (diz que a Arrábida é um dos melhores sítios em Portugal para se ver pirilampos), dar um passeio debaixo de água com este barquinho, retomar o SUP (stand up paddle) na Lagoa de Albufeira (ele, que eu vou ficar a tomar banhos de sol... ah, espera, tenho duas filhas pequenas...) e fazer imensos piqueniques, incluindo na relva do nosso quintal. Além das idas obrigatórias à praia depois da escola, claro...

Mas este sábado, juntámos uma nova actividade à lista: lançar papagaios! Com uma zona ventosa como é o Cabo Espichel aqui pertinho, é imperdoável que nunca nos tenhamos lembrado disso, mas a verdade é que eu nunca tinha lançado papagaios na vida e, se me tivessem perguntado antes se queria, era capaz de não me entusiasmar. Mas quando o Centro de Apoio Sócio Cultural do Zambujal, uma freguesia de Sesimbra, organizou um lançamento de papagaios no Cabo Espichel para o dia da liberdade, não hesitámos. Convidámos uns amigos, a mais velha passou a semana a falar nisso e acabámos por ter uma manhã simplesmente espectacular. Lançar papagaios e controlá-los lá bem no alto pode ser bastante relaxante. É claro que comecei logo a pensar em fazer o meu próprio papagaio de tecido, mas já sei que não vou ter tempo nenhum para isso, por isso vamos ficar com os papagaios da CASCUZ que são bem resistentes.

 

Não podíamos estar mais entusiasmados com a chegada do bom tempo. Como ele diz, um verão vale por dois invernos. E o inverno agora está bem lá longe!

IMG_7073.JPG

 IMG_7073.JPG

IMG_7081.JPG

 

Friday night, as crazy as it can get

Depois de uma semana que, por uma qualquer razão que me é desconhecida, foi eleita a semana mais produtiva dos últimos dez anos, com trabalho a dar com um pau, desporto a dar com um pau e tempos livres a dar com um pau na forma de três legendagens (esta semana abusei, eu sei...), chegaram as sete da tarde e fiz uma coisa muito pré-Whole30: mandei o homem ir comprar um queijinho alentejano, abrimos uma garrafa de vinho de nove euros e refastelámo-nos com aquela sensação de dever cumprido.

 

Bom fim-de-semana!

Correr por gosto

correr por gosto.jpg

 

(Foto armada ao pingarelho retirada daqui

Há quase duas semanas, fui à minha primeira conferência de tradução. Foi uma conferência de tradutores para tradutores, portanto não se tratou tanto de arranjar clientes, mas sim de alargar a rede de networking (de onde cada vez vêm mais clientes) e de nos motivarmos uns aos outros a fazer mais e melhor e, principalmente, a darmos o devido valor à nossa profissão.

Faço parte de vários fóruns e grupos de tradutores e em muitos o discurso é o mesmo: o tradutor é um coitadinho que é explorado e vive na sombra. Se é isto o que os próprios tradutores acham de si, imagine-se o que pensarão os outros de nós, que ainda nem sequer existimos como classe profissional! Os tradutores que estão mais expostos ao olho do público são os tradutores literários e os tradutores de audiovisual. Houve palestras dedicadas quer a uns quer a outros, mas foi a palestra sobre o mercado da legendagem que mais polémica levantou e é exactamente sobre isso que gostava de falar agora.

(Sim, vou armar-me um bocadinho em coitadinha, mas prometo que são só dois parágrafos.)

 

A maior parte das pessoas não faz ideia do trabalho que está por trás de um episódio do Castle que vemos enquanto passamos a ferro... Não apenas o trabalho, mas o desprezo a que o legendador é votado pela indústria cinematográfica, que gera milhões... Paga-se uma ninharia por um serviço sem o qual não haveria televisão, nem cinema, nem TED Talks acessíveis a meio mundo. Sem a tradução para audiovisual (TAV, como é conhecida no meio) só quem dominasse muito bem o inglês é que iria ao cinema. Filmes de realizadores ilustres suecos, árabes ou japoneses nem sequer chegariam às salas de cinema por não haver quem os entendesse. Não haveria TV por cabo. O culto da Guerra dos Tronos teria ficado pelos livros. E por aí em diante.

Acreditem ou não, o legendador ganha à hora o mesmo, ou menos, do que uma empregada de limpeza. No outro dia, não acharam bem que comparasse a minha profissão com a de uma emprega de limpeza, acharam desprimor. Eu não vejo assim. Estou apenas a comparar o preço à hora de uma profissão qualificada com o de uma não qualificada, que é igual. Serve perfeitamente de exemplo para perceber que algo não está bem.

 

Mas voltemos ao Castle. É uma série divertida e levezinha que se vê bem sem se dar muito por ela, mas em que as personagens basicamente não se calam durante 40 minutos. Um episódio de, repito, 40 minutos leva, em média, 8 horas a traduzir e legendar (sincronizar a legenda com a fala). Há quem consiga por menos tempo, há quem precise de mais, depende da estaleca que já se tem com o software de legendagem (que, já agora, o legendador tem de comprar pela módica quantia de 1700 euros) e da experiência em traduzir séries do género.

8 horas é um dia inteiro de trabalho. Mas como a legendagem é paga ao minuto de série e não de trabalho, no final do dia, contas feitas, eu ganhei tanto quanto tenho de pagar à empregada por me ter limpo a casa enquanto eu estava a legendar.

 

Isto tem-me feito pensar muito, especialmente desde que vim da conferência. Já estive de mail escrito, vai não vai, para enviar às agências de audiovisual para as quais trabalho a explicar porque é que vou deixar de trabalhar com elas. Mas acabei por apagar o e-mail. Porque, felizmente, eu não faço só legendagens. Felizmente, eu consigo ocupar mais de 80% do meu tempo de trabalho com traduções que me compensam financeiramente e pagam as contas. A legendagem tem sido uma espécie de hobby, uma coisa que gosto de fazer, que me diverte e fascina e me tem ensinado imenso, porque isto de legendar filmes colombianos passados no gueto tem muito que se lhe diga. Mas não me paga as contas e até impede que esteja a ganhar o dobro nos dias em que estou a legendar porque, para legendar, não posso aceitar outros tipos de trabalhos mais bem pagos.

O meu homem dá-me muito na cabeça e acha que eu devia pôr de lado a parvoíce das legendagens. Mas, a verdade, é que não quero. A verdade é que, mesmo ganhando uma miséria, eu quero que 10 a 15% do meu tempo de trabalho seja passado com filmes e séries. Porque quando, em Agosto, me despedi do meu trabalho com contrato sem termo, não me despedi para continuar a fazer a mesma coisa. Despedi-me porque as traduções demasiado técnicas me aborreciam de morte e não acrescentavam valor nenhum à minha vida, para além do financeiro. O dinheiro é importante, é certo, mas nem só de dinheiro vive o homem. O homem, ou a mulher, neste caso, também vive da paixão, do fascínio, da realização pessoal. E quando me despedi de um contrato sem termo foi para fazer menos aquilo de que não gosto e passar a fazer mais aquilo de que gosto. E eu gosto de legendar.

Por isso, vou continuar a aceitar traduções técnicas para poder alimentar as minhas filhas e a aceitar legendagens para poder alimentar a alma. Tenho a sorte de poder conciliar as duas coisas: o que tenho de fazer e o que gosto de fazer. Por isso, sou feliz.

Rato do campo, rato da cidade

cycling.JPG

 

O ginásio onde treinamos em Sesimbra é uma espécie de ginásio familiar, onde toda a gente se conhece desde há uma vida. Quando comecei, em Outubro, éramos meia-dúzia de gatos pingados na turma da hora do almoço. Um grupo pequeno, coeso, com adeptos regulares e instrutores que se lembram que não fomos à aula passada e nos fazem sentir mal por isso... Mesmo assim, é o ginásio a que tenho ido mais regularmente desde que comecei a frequentar ginásios.

Com a proximidade do Verão, e da praia aqui tão perto, a turma começou a encher e já somos tantos que quase não há bicicletas para todos.

Curiosamente, a lotação máxima desde ginásio seria suficiente para fechar uma aula no Holmes Place, devido ao número insuficiente de alunos. Curiosamente, já fui mais vezes a este pequeno ginásio de bairro desde Outubro do que fui ao Holmes Place, enquanto lá estive inscrita, durante dois anos, na grande cidade.

Passei uma vida a dizer que gostava do anonimato, de passar despercebida. Mas era capaz de estar enganada.

vitórias

Sabemos que todo o esforço foi recompensado quando, depois de deitarmos as duas, lermos a história, apagarmos a luz e virmos embora quase logo a seguir, ouvimos a mais velha acalmar a mais nova

- A mana está aqui.

e adormecerem as duas, sozinhas no quarto, sem precisarem de nós uma única vez.

 

(tanto para dizer e tão pouco tempo)

(estava para aqui a organizar a minha já cheia agenda para a próxima semana e a pensar que também deveria incluir no meu planeamento meia horita para vir aqui contar coisas, mas a verdade é que não sei onde hei-de encaixar todo o trabalho que já tenho para a semana e a outra que se segue, quanto mais encaixar tempo para vos contar coisas como: a conferência de tradutores a que fui no fim-de-semana passado e que reforçou os meus dilemas sobre continuar ou não a aceitar trabalhos de legendagem, ou como é maravilhoso ver as minhas filhas brincar uma com a outra, como já são tão próximas apesar dos três anos que as separam e como me enche o coração saber que se terão sempre uma à outra. penso como fazem as outras bloggers-mães-trabalhadoras para arranjar tempo quase diário para actualizar o blogue. lembro-me de um ou outro caso e chego à conclusão que têm fórmulas fáceis de seguir, temas e chavões a que recorrem sempre, porque sempre funcionam. bem espremidos, aqueles blogues são sempre a mesma seca, e fico mais descansada que assim seja. não tenho tempo e é bom sinal não ter tempo. é sinal que a minha carreira está a avançar, que tenho a semana cheia ainda antes de começar e que já consigo planear os meus dias no sentido de conjugar o que me paga as contas (tradução) do que me diverte e faz feliz (legendagem). mas sobre isso, mais tarde, que agora é quase meia-noite e o terceiro copo de Riesling branco já me está a turvar as ideias que ainda há pouco fermentavam como a uva.

 

isto ficou um pouco confuso.

 

fecha parêntesis.

Executiva

Preparei os cartões de visita, arranjei um outfit business casual jeitoso que já me fica bem desde que perdi aquele quilograma peçonhento, pedinchei à sogra uma mala adequada à ocasião porque a minha estava cheia de bolor e o site está finalmente online. Pode dizer-se que já sou uma mulher de negócios.

Ao despedir-se de mim à porta da estação, ele avisou-me, em jeito de brincadeira, que não me habituasse demasiado a fins de semana deste, mas ambos sabemos que estou bastante feliz (apesar de estar a ser obrigada a ouvir a RFM porque não trouxe iPod e o menino do lado guincha demasiado alto).

Sei perfeitamente que não vou conseguir abordar as pessoas que me interessam amanhã, na conferência de tradução. Não sou boa a vender-me, penso eu, não me está no sangue abordar potenciais clientes e apresentar-me como a tradutora espectacular que tem um site espectacular e traduz espectacularmente bem. E mesmo se conseguisse, pediria um preço espectacularmente baixo, porque tenho pena que as pessoas gastem muito dinheiro. Sou assim, o que querem. Levo na cabeça constantemente por causa disto e um dia hei-de aprender, eu sei. Até lá, vou tentar distribuir uns quantos cartões de visita espectaculares e tentar desfrutar ao máximo deste sentimento de me sentir importantemente dona do meu destino.

Psicotécnicos

Entre ontem e hoje, passei 8 horas a traduzir e legendar um documentário de 46 minutos, daqueles em que está sempre alguém a falar. Feitas as contas à miséria a que está o minuto, ganhei 6,9€ por hora. Há empregadas da limpeza aqui da zona que ganham mais do que isso.

 

Eu sabia que não devia ter faltado ao dia dos psicotécnicos.

Novo ditado: não julgues uma receita pela sua fotografia

 

Esta foto até dá vontade, não é? Panquecas que coco super fofas e cremosas por dentro, com camadas de iogurte grego natural, canela, maçã e xarope de áçer. Uma delícia, certo?

image.jpg

 

Errado.

A receita é daqui e, a não ser que queiram desperdiçar comida, aconselho-vos a não a fazerem. Ninguém gostou, nem a mini-trituradora da Alice que é capaz de comer coisas com bolor que encontra debaixo do sofá ou a comida do gato...

Assim se prova que nem todas as fotografias de comida super deliciosa que vemos no Instagram reflectem comida, de facto, super deliciosa. E com esta fotografia tornar-me-ia também eu numa fraude, se não vos tivesse vindo avisar...

Dias como este

Quando ainda não morávamos aqui e vínhamos cá aos fins-de-semana de sol, sabia sempre a férias. Comíamos na rua, as crianças brincavam na relva, regávamos as plantas e as portas abertas enchiam os cantos da casa de ar quente.

Agora que cá moramos, estes fins de semana de sol continuam a saber a férias. Comemos na rua, as crianças levam os brinquedos para a rua, eu jardino e elas regam as plantas, há terra espalhada pelo corredor e frascos de plasticina abertos, as portas abertas deixam entrar o ar quente para ir aquecendo a casa depois deste longo inverno e, no final da tarde, vamos à praia, sem termos de nos preocupar com as filas de final de dia de praia para entrar em Lisboa.

Se de inverno não há muito que fazer aqui, morar aqui no verão é para lá de espectacular. Hoje foi um dia de verão.

image.jpg

Ah e, já agora, uma Páscoa feliz!

Pág. 1/2