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Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

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Doação de livros (para bibliotecas e não só)

Pesquisei muitas vezes esta frase "Doação de livros para bibliotecas" no google e tudo o que encontrava, para além de páginas brasileiras, eram artigos sobre doações de livros escolares, ou livros para África ou fóruns em que alguém perguntava exactamente o mesmo que eu e obtinha invariavelmente a resposta "As bibliotecas não costumam aceitar doações de particulares" e contavam casos em que foram muito mal atendidos. Típico.
Na verdade, quando enviei um e-mail à biblioteca do Goethe Institut a inquirir se podia doar as dezenas de livros em alemão que trouxe de Berlim, a resposta não foi muito diferente: não aceitamos doações de particulares, mas se quiser pode cá deixar os livros que os encaminhamos para vendedores de livros em segunda mão. Como?? Se eu quiser que alguém lucre com os meus livros, vendo-os eu na ebay, pois claro. Na verdade, só não o fiz, vender na ebay, por pura preguiça e porque o meu objectivo principal não é fazer dinheiro, é passar os livros a outra pessoa, que os leia, e desocupar espaço cá em casa - toda a gente sabe que sou adepta do destralhanço.
Para algumas pessoas pode parecer esquisito como é que eu me consigo desfazer dos livros com tanta facilidade. A minha relação com os livros é simples: li um livro, gostei, não foi um dos livros da minha vida, então não precisa de ficar guardado no relicário, ou não gostei e nem sequer o acabei, não terá direito a uma segunda oportunidade, vai fora - no sentido de sair cá de casa. 
E há várias maneiras de o fazer:

- Vendas de feira. Seen that, done that. Por três vezes que já levei os meus livros a passear por feiras de artigos em segunda mão e a minha experiência diz-me que não vale a pena o esforço. Os livros acabam por ficar com as pontas viradas (uma vez choveu, foi um desastre) e eu com a moral em baixo. As pessoas desvalorizam um livro usado a ponto de não consideraram dar mais de três euros por ele. É ridículo. Um livro de 400 páginas, em bom estado, sem rasuras, sem páginas dobradas, relativamente recente e, vá, até interessante, vale muito mais do que aquilo que as pessoas estão dispostas a dar. Mas se calhar sou eu que não tenho E. L. James para vender...

- Bookcrossing. É preciso ser membro e registar os livros. Ainda é o meu método preferido porque sei que os livros vão parar a pessoas que os vão ler realmente: anuncio no fórum que tenho livros para dar e mando ao primeiro interessado. Desvantagens: só dá para enviar um livro de cada vez, temos de pagar os portes e o envelope (apesar de a tarifa de livro ser bastante em conta) e os bookcrossers costumam preferir livros em português. Enviar livros em estrangeiro para outros países fica mais dispendioso e, tendo em conta o número de livros que ainda tenho para dar, não me adianta mandar só um de cada vez. 

- Freecycle. Apesar de ser uma utilizadora frequente, ainda não tinha falado aqui do Freecycle. Merece um post exclusivo, dedicado especialmente aos utilizadores, mas, apenas em jeito de explicação sobre o funcionamento, basta dizer que o Freecycle é uma organização que incentiva à reutilização e reciclagem das coisas, em cujo fórum podemos anunciar gratuitamente aquilo que queremos dar ou de que estamos à procura e, do mesmo modo, responder a anúncios do mesmo género. Sou uma grande utilizadora da rede, em especial no que toca a dar coisas que já não me fazem falta. Os livros que o Goethe Institut recusou foram para três pessoas no Freecycle que mostraram interesse em livros em alemão. A desvantagem da rede é mesmo ter de lidar com os respectivos membros. Já encontrei gente dita normal, super simpática, com quem mantenho uma relação freecycliana (muitas vezes contacto-os directamente quando tenho algo que sei de que vão gostar), mas também já me deparei com cada figurinha de bradar aos céus...

- Bibliotecas municipais. Até há bem pouco tempo, eu pensava que as bibliotecas municipais não aceitavam doações de particulares. Mas, como não faz mal perguntar, acabei por enviar um e-mail à direcção do grupo das Bibliotecas de Oeiras. Para meu espanto, responderam-me no próprio dia a dizer que sim, senhora, aceitamos doações de particulares, incluindo livros em estrangeiro, desde que os livros estejam em excelente estado de conservação e não sejam de carácter demasiado técnico ou livros escolares. Fiquei radiante. Peguei nos meus melhores livros e lá fui com dois sacos cheios. Explicaram-me que, se a biblioteca não precisar dos livros em questão, serão encaminhados para outras bibliotecas do concelho ou para outras entidades do género (calculo tratar-se de bibliotecas de escolas). Em caso extremo, se o livro estiver em mau estado ou não for adequado para qualquer biblioteca, será colocado na "Mesa das ofertas" que se encontra no átrio de entrada para qualquer pessoa que o queira levar para casa. Disse-me ainda que também aceitam DVDs e CDs, o que me deu novas ideias...

É bom saber que os meus livros não ficam a ganhar pó nas prateleiras e que, no caso das bibliotecas, vão ser lidos por dezenas de pessoas ao longo de muito tempo. Ou não, e ficam a ganhar pó nas prateleiras da biblioteca... Mas, como aprendi no Freecycle, há sempre alguém que quer alguma coisa, há sempre alguém com os mesmos gostos que nós, e, mesmo que sirva só para aumentar o espólio bibliotecário do estado, sabe muito bem ir a uma biblioteca e encontrar todos aqueles livros que queremos ler e que já não precisamos de comprar nos próximos vinte anos! E as bibliotecas do concelho de Oeiras estão muito à frente nesse campo.

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