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Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

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Partos difíceis

Arundhati Roy escreveu a sua obra-prima "O deus das pequenas coisas" aos bochechos. Tinha o manuscrito na gaveta e, sempre que podia, escrevia duas linhas às escondidas. Ou isto é mentira ou é deveras impressionante como ela conseguiu manter o fio condutor e escrever uma história com cabeça, tronco e membros. Ainda este fim-de-semana falei nisto.
 
Similarmente, embora noutro registo completamente diferente e sem as mesmas genialidade e perfeição, assim aconteceu com o meu primeiro tank top Wiksten. Invejando as blusas da Rosa Pomar, decidi comprar o molde e confeccionar a peça em casa. Comprei um tecido para o efeito que adorei e que me custou os olhos da cara (bem feita para aprenderes a perguntar o preço antes), mas à laia de teste experimentei antes numa capulana escura (sempre disfarça melhor as imperfeições) que trouxe de Moçambique.
 
 
Foi um parto difícil. Não pela dificuldade de confecção em si, porque não é mesmo nada difícil, mas porque nunca me consegui sentar diante da máquina de costura durante mais de 20 minutos seguidos. Ora era a bebé que me pedia colo, ora eram as obras no andar de cima que me obrigavam a sair de casa, ora isto ou aquilo, o certo é que demorei bem mais de duas semanas a fazer uma coisa que se pode fazer numa manhã. Quando finalmente a acabei, foi uma emoção e constatei que está quase-quase perfeita e que sem soutien de amamentação é que vai ficar mesmo bem... Agora é esperar pelo bom tempo para a poder usar!
 
De parto bem mais difícil foi o cachecol de quadrados (granny squares) que fiz para a mais velha. A bem dizer, era para ser para mim, mas a preguiça falou mais alto e para a pequena sempre foram uns quantos quadrados a menos que tive de fazer. Comecei durante a minha baixa forçada, ainda grávida, mas só voltei a pegar nele depois do workshop que me ensinou a pegar quadrados e a fazer rosetas, a minha nova perdição. E também foi assim, aos bochechos como o livro de Arundhati, tentando não lhe perder o fio à meada. As  pontas ia-as rematando enquanto passageira nas viagens de carro e aos fins-de-semana com as minhas filhas ao lado, uma a olhar e a outra já a querer imitar-me, e percebi que isto de rematar pontas de quadrados e rosetas é tarefa para levar qualquer pessoa à loucura total. A blusa em rosetas que estou a fazer para mim é bem capaz de ficar pelo caminho só de pensar no trabalho de remate que me espera. Ainda assim, a satisfação de ver acabado algo manufacturado por nós é impagável. Uma espécie de cura para a falta de auto-confiança. Mesmo.
 
 
 


 

 
 

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