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Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Fofinho e outros inhos

A Alice está na fase dos inhos. Chuchinha, colinho, pandinha, peixinho, aguinha, cãozinho. Também está na fase do nojo e de não suportar ter as mãos ou a roupa sujas, reagindo como se fosse uma questão de emergência nacional. Numa criança de dois anos, cada uma destas características é engraçada por si só. Mas fica muito mais difícil conter uma gargalhada quando as duas se juntam, como ontem ao jantar, quando a Alice começou aos gritos, verdadeiramente aflita, porque tinha deixado cair comida no babete.

 

- Mãaeeeee! O babete está sujo... de brocolinho!!

Nova etapa

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Quando a educadora me veio dizer que a Alice tinha pedido para fazer no bacio, "Está na altura, mãe!", eu não queria acreditar. A minha bebé largar as fraldas, já? Confesso que, a par da desconfiança de que estivesse mesmo na altura (mas uma mãe não sabe ver essas coisas?), não me tinha ainda preparado psicologicamente para isto, para as corridas à casa-de-banho, para perguntar dez mil vezes por dia se quer fazer chichi, para as mudas de roupa. Era suposto ser só lá para a primavera... Convenhamos, com este frio, ninguém se lembra que a primavera já chegou!

 

Mas isto está mesmo a acontecer, porque a Alice anda radiante e este início tem sido um sucesso. Agora, na mala do Sport Billy cabem também uma muda de roupa e um bacio portátil que já vem do tempo da Inês e que ainda hoje deu muito jeito no supermercado. Só não sei como vou fazer amanhã na viagem para o Alentejo, mas comigo não há direito a fralda posta só porque "vamos ali". Só põe fralda para dormir. De resto, é prego a fundo e rezar para que os descuidos não sejam muitos.

 

(entretanto, adoro como a Alice, em dias de muito vento, me segura o cabelo para que não voe. a irmã fazia o mesmo. quando o instinto protector nos faz sorrir)

Mamã

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Agora tinha de fazer contas, mas a Alice deve ter uns 18 ou 19 meses e ainda não fala.

Toda a gente acha que já devia dizer umas coisas, mas toda a gente acha sempre alguma coisa e nós vamos sempre respondendo com uns pois e uns tem tempo e não ligamos. Mas começa a fazer falta que se consiga exprimir e até nós já começamos a ficar impacientes, embora eu cá ache que ela só não fala porque não quer. Seja por preguiça ou sentimento de superioridade, o certo é que ela percebe tudo, diz tudo sem nada falar e tem uma expressão facial guardada para cada momento. No outro dia, ironizou com o pai à mesa ("Ela está a gozar comigo, não está?"), sem uma palavra dizer. Bom, na verdade em Abril disse pela primeira vez gato e mamã, mas depois disso voltou a calar-se e a meter-se na sua vida e só agora, durante estes dias quentes, é que começou a desenrolar a língua e a formular sons que se parecem com aquilo que nós queremos ouvir: não (a palavra preferida), mamã, papá, papa, não quero, morango. Ok, já estou a exagerar, ainda não disse morango, embora eu pudesse jurar que sim...

Ficamos sempre deliciados a olhar para ela, a sorrir e a dizer baboseiras parvas (virá algum pediatra dizer que não devemos dar demasiada importância a isto, mas eu acho irresistível ouvir a voz dela sem ser através de grunhidos). A malandra, que já goza com o pai à mesa, percebe que a casa pára de cada vez que emite um conjunto de fonemas e abusa do "mamã" à hora de deitar. Hoje, por exemplo, a Alice não achou muita piada ter ido o pai deitá-las e emitiu um mamã tão bem pronunciado, tão doce, tão sôgrefo, tão desesperado, tão nasal que quase desfaleci de tanta ternura.

Ouvir mamã pelas primeiras vezes é capaz de fazer parte daqueles momentos reveladores em que a maternidade faz todo o sentido. Vou tentar lembrar-me disto quando ela voltar a atirar a sopa para o chão.

Aposto nas saudades

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A meio da semana, enquanto a mais velha estava de férias com os avós, a mais nova começou a ficar rabugenta, ranhosa e febril. Não comia, não sorria. À noite, também não dormia e, depois de duas noites a dormir à beira da sua cama e a embalá-la nos braços de 20 em 20 minutos, a semana de separação chega ao fim e as manas voltam a brincar juntas. Nessa noite, a Alice não voltou a ter febre e nos dias que se seguiram recuperou toda a boa disposição e energia que lhe são características.

 

O pai delas, homem racional e pragmático, acha que foi só mais uma daquelas viroses inexplicáveis da Alice, que passou por que tinha de passar e pronto. A mãe delas, mulher romântica e dada a alguns exageros, acha que a Alice sentiu na pele, pela primeira vez, o que é ter saudades.

 

Acho que nunca o saberemos, mas pelo sim pelo não já avisei os avós que para o ano têm de levar as duas juntas.

Semana da filha única

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Aos 11 meses, já a tentar trilhar o seu caminho sozinha.

 

A mais velha foi passar uma semana com os avós ao Algarve e, por isso, esta semana estamos só os três. As pessoas perguntam-me se a Alice sente falta à mana. Tenho dito que ela ainda não percebe bem, que ainda não racionaliza esta coisa das saudades. Mas, à medida que o tempo passa, percebo que ela sabe perfeitamente que está sozinha connosco. E está a adorar! Tem, finalmente, a oportunidade de ser filha única durante uma semana e nós deixamos que ela a aproveite ao máximo. Também a nós nos está a saber bem. Não que não tenhamos saudades da Inês, porque temos, e muitas, e o silêncio que paira na casa é estranhamante incómodo, mas também sabe bem dedicar todo o tempo só a uma, não demorar uma eternidade a adormecê-las e ficar com bastante mais tempo nas mãos. Ter só um filho é muito mais fácil, não me venham com coisas. E temos muita sorte em ter avós que querem ficar com elas, que as levam de férias e lhes dão carinho e gelados todos os dias (!), e nos permitem respirar um pouco e repor energias para o resto do verão.

vitórias

Sabemos que todo o esforço foi recompensado quando, depois de deitarmos as duas, lermos a história, apagarmos a luz e virmos embora quase logo a seguir, ouvimos a mais velha acalmar a mais nova

- A mana está aqui.

e adormecerem as duas, sozinhas no quarto, sem precisarem de nós uma única vez.

 

Dormir é coisa para fracos

Quando estava a mostrar a casa à nova empregada (abençoada seja!), chegámos ao quarto das crianças e eu, meio envergonhada, tentei justificar o cenário de batalha campal com camas desfeitas e dois colchões no chão. Pois, sabe, é que a mais velha agora recusa-se a dormir na cama dela, temos tido alguns problemas neste campo... Ao que ela responde, com a maior naturalidade do mundo, que isso era do mais normal que havia e que o filho do meio dela dormiu no chão até aos 7 anos (neste momento, apeteceu-me rebolar pelo chão a chorar e arrancar os cabelos).

Há umas boas semanas que eu só sei o que é dormir uma noite inteira na minha cama, ao lado do meu homem, se elas forem para a avó (abençoada seja!). Nas noites normais, por volta das duas da manhã, se não antes, lá vai um de nós para o quarto delas, porque a mais nova tem tosse e acorda a mais velha ou porque a mais velha tem pesadelos e acorda a mais nova, e acabamos por pôr cada uma em seu quarto com um dos pais e dormir o resto da noite em camas separadas. Quem fica com a cama de casal tem mais sorte do que quem fica no colchão no chão, mas depois de várias noites assim, não há disputas sobre o melhor colchão. A malta quer é dormir!
Não sei se isto de as crianças preferirem dormir no chão em vez de na cama deles é assim tão normal, pelo menos ainda nunca tinha ouvido casos destes. Dormir na cama dos pais? Já tinha ouvido. Os pais dormirem com os filhos na cama dos filhos? Já tinha ouvido. Os filhos preferirem dormir no chão e querem que os pais durmam com eles no chão? Nunca. (E vai daí...) Mas há sempre uma primeira vez para tudo e já não vão daqui sem terem aprendido uma coisa nova, que é: quem tem filhos não pode nunca cantar de galo. Ah e tal, eu nunca vou fazer assim. Não pode. Ah e tal, eu cá nunca vou fazer assado. Não pode. Especialmente quando os nossos objectivos parentais são comprometidos pela privação de sono. Não há volta a dar. Às duas da manhã a malta não quer saber do que não se pode e não se deve fazer nisto de educar, a malta quer é que elas parem de chorar, se enrosquem em nós quietinhas e nos deixem dormir.

Já pensei, no entanto, em várias formas de convencer a miúda a saltar para a cama dela e não sair de lá. Nenhuma envolve cordas e nós de escuteiro, estejam descansados. Pensei em coisas mais doces como suborná-la com chocolates (check!), coisas mais lúdicas como mostrar-lhe vídeos do Anselmo Ralph (check! and don't ask!) ou coisas mais pirosas como comprar-lhe um edredon da parva da Violetta. Not check, porque mãe (ainda) tem limites! 

Por isso venho aqui pedir encarecidamente que me inundem com as vossas sugestões infalíveis para convencer a Inês de que a cama dela é que é. Preciso muito de ajuda. Já estou a chegar àquele ponto em que, quando me vou deitar, penso se valerá a pena deitar-me na minha cama...


Ainda a centopeia

O segundo momento mais engraçado da história da centopeia (a seguir ao histerismo feminino colectivo que só teve piada depois de passado o perigo) é capaz de ter sido o momento em que destapei a Alice no hospital. Ela estava enroscadinha no ovinho a dormir e tinha-a tapado por causa do vento lá fora. Quando, na triagem, explico que a Alice tinha sido picada por uma centopeia e a enfermeira arregala logo os olhos, a destapo e damos de caras com uma bebé cheia de picadas (de melgas, mas isso a enfermeira não sabia) na cara, nos braços, nas pernas e a enfermeira quase salta da cadeira e emite um esgar de arrepio, e eu digo, muito despreocupadamente, "ah, não é isto, isto foi só uma melga, a centopeia foi nas virilhas" e a enfermeira fica confusa, esse sim foi aquele momento em que me apeteceu mandar uma grande gargalhada.

Entretanto, não acham que esta história da centopeia dava uma bela BD da Marvel? A história da menina que é picada por uma centopeia em bebé que lhe concede poderes que ficam, contudo, ocultos e só se revelam no dia em que a menina faz 20 anos. Ninguém quer pegar nisso, não?

Centopeias

Que não se pense que não ando por cá, que fugi ou fui de férias, que encerrei o estaminé ou perdi a vontade. Ando por aqui e tenho muita coisa para contar. Na verdade, há algum tempo que não tinha assim tanto para contar. Por exemplo, hoje a Alice teve uma centopeia na fralda que a picou em quatro sítios e nos obrigou a ir ao hospital rir um bocadinho do insólito com uma médica com a idade que eu tinha há dez anos atrás. Como vêm, falta de coisas para contar não há. Não há é tempo para as contar, apesar de Agosto, ou capacidade para as contar antes do tempo, porque nem tudo depende de nós. Grandes reviravoltas implicam, normalmente, grandes necessidades de reflexão. Quando perceber melhor o meu lugar no mundo no meio de tantas mudanças, virei cá falar sobre a minha nova vida.

Até lá, virei apenas deslumbrar-vos sobre as coisas vãs e banais que me acontecem regularmente. Como descobrir uma centopeia na fralda da mais nova. A quem é que nunca aconteceu isto?

8 meses


Ainda ontem, antes de deitar, conversávamos sobre como conseguimos fabricar duas filhas lindas e como a Alice, contra todas as minhas expectativas, mas a favor de todas as expectativas do pai (claro!), é uma bebé super, super, super calma, tão, mas tão fácil que mete nojo. Por exemplo, já lhe nasceu um dente e só demos conta porque lhe vi um alto nas gengivas. Ou quando acorda a meio da noite com os pesadelos da irmã e, em vez de chorar com sono, sorri se nos aproximamos do berço. No geral, reclama, portanto, muito pouco. Tão pouco que no outro dia, quando se fartou de chorar porque lhe pus um creme que claramente lhe ardeu no rabinho, fiquei verdadeiramente aflita porque, em 8 meses, nunca a tinha visto chorar assim.
Agora já vamos dar com ela no corredor a explorar as imensas possibilidades da casa naquilo que é uma maneira muito própria que arranjou para se arrastar/gatinhar. Não por falta de exemplos. Ainda ontem o pai chegou a casa e estava mãe, irmã e gato de roda dela a ensiná-la pelo exemplo... 

Por falar no gato, está a ser uma delícia vê-los juntos. Com as devidas precauções, porque não deixa de ser um animal, tenho-os deixado dar todos os beijinhos que lhes apetece. Ela fica doida quando o vê e ele já deixou de dormir connosco para se enfiar na cama dela. Desconfio que vai sair daqui um amor destes.