Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

MUSIC BOX # 12 - Oh Mandy



Este post sobre idas e vindas e tudo aquilo que fica por fazer e dizer quando temos de nos despedir fez-me lembrar das vezes que eu vinha a Portugal quando estava em Berlim, da correria que era e do esforço em me desdobrar para ver todos e agradar a todos e tentar que um ou outro não ficasse melindrado por eu passar mais tempo com aqueloutro. Era complicado gerir tudo, era complicado agradar a todos, era especialmente complicado agradar-me a mim própria. Acabava sempre por adiar fazer aquilo que eu queria realmente fazer. É claro que eu queria ver as pessoas, é claro que eu queria visitar a família. Mas também queria ir à praia, ir ao cinema ou simplesmente deambular pelas ruas de Lisboa a ouvir português pelos cantos e fascinar-me com o preço baixo do café. Cheguei, confesso, a ponderar vi cá sem dizer nada a ninguém para conseguir ter tempo para mim. Mas isso nunca aconteceu. A necessidade de estar com a família e os amigos era muito mais urgente.
Fosse como fosse, trazia sempre comigo uma cassete (sim, uma cassete! se eu pudesse ainda gravava músicas em cassetes!) com as músicas que andava a ouvir no momento. Uma espécie de banda sonora das férias. The Spinto Band faziam parte de uma dessas bandas sonoras de um Setembro quente. E é exactamente essa música que me lembro de ouvir no carro, em direcção a Lisboa, para me encontrar com um querido amigo no Bairro Alto e ficarmos até às 4 da manhã sentados no passeio a conversar, de cerveja na mão, sem medo que se nos faltassem as palavras.

Traumas

Quando vejo fotos destas e destas sou assolada por um feio sentimento de inveja e ponho-me a sonhar acordada com vastos campos cheios de flores e produtos hortícolas e ovelhinhas a quem daria muito amor e nunca encostaria um cutelo ao pescoço, por onde poderia saltar e correr e deitar-me nos prados a comer flores mijonas, mas depois lembro-me que em vastos prados há, normalmente, gafanhotos e outras criaturas saltitantes, e oiço o som da agulha do gira-discos a rasgar no vinil e da ficha a cair e foge-me o sorriso parvo da cara.
É sobejamente conhecido o meu pavor por gafanhotos. Há pouco tempo descobri, por meio de uma pessoa entendida, que o que eu tenho não é fobia, mas sim trauma, o que facilitaria em muito a "cura", mas isso em nada reduziu os meus suores frios de cada vez que piso um descampado.
Ainda este fim-de-semana, no Alentejo, onde há imensos gafanhotos (eu descubro-os sempre, mesmo que não haja!), desenvolvi um mantra que me permitisse não desatar a gritar perto da minha filha para que ela não percebesse já a mãe maricas que tem e não desenvolva os mesmos medos parvos que eu. Resultou. Consegui saltar-correr durante 10 metros cheios de mini-saltitões nojentinhos. Mas o mantra valeu-me uma risada do pai da minha filha (que me vai gozar comigo durante um tempo indeterminado) e a curiosidade da pirralha que percebeu o nervoso na voz: Mamã? Ou, como quem diz, o que é que se passa contigo?

É, por isso, que eu sei que nunca hei-de poder viver no campo. É impossível conseguir deitar-me na relva sem uma manta de dez metros e sem examinar muito bem a área circundante, mantendo a devida distância. É impossível conseguir abrir uma couve sem ter medo que salte de lá um bicho (como já me aconteceu, sim??). É impossível meter a mão no meio das hortaliças. Impossível. E o pavor que já tenho das minhas férias em África já daqui a três semanas, apesar de toda a gente me garantir que em Moçambique há de tudo, menos gafanhotos? As pessoas são umas queridas, mas eu sei que vou ter vários encontros imediatos com gafanhotos de meio metro. Eu sei, tá?

Agora, o que eu não sei é para que é que ando eu a telefonar, todos os meses, para a Câmara de Oeiras a perguntar quando é que, finalmente, vão inaugurar o raio da horta urbana prometida para Maio para a minha zona de residência. Devo ter ensandecido!

MUSIC BOX #11 - Comforting Sounds



Estávamos em 2003 e eu estava de partida para Berlim. Esta música, recém-descoberta na Primavera desse ano, foi a faixa principal da banda sonora que haveria de me acompanhar durante os três últimos meses em Portugal e os três primeiros meses em Berlim. Juntamente com Stina Nordenstam, Madrugada e Benjamin Biolay (vá-se lá entender o que faz um francês no meio de nórdicos), rumei para Berlim cheia de música nos ouvidos e sonhos na algibeira. Em Setembro de 2003, no rescaldo de um primeiro intenso Verão em Berlim e na véspera de ir passar uma semana a Londres, vi os Mew no Magnet Club, uma discoteca onde haveria de ir muitas vezes ao longo desse ano. Depois disso, Comforting Sounds deixou de fazer sentido. Outras músicas haveriam de me consolar durante o longo primeiro Inverno alemão que se avizinhava.

P.S.- O vídeo é uma grande seca...Isto era música para se fazer um vídeo condigno.

Coração mole

Sempre achei os blogues de grávidas e mamãs uma grande pirosice e consegui resistir a ter um, mas sem conseguir escapar de postar as afamadas fotos da barriga no Facebook. Não sei se numa segunda gravidez teria a mesma paciência e/ou vontade, mas a verdade é que a primeira gravidez foi vivida com direito a muito mimo e mariquice. Há coisas que agora acho ridículas e, se soubesse o que sei hoje, ter-me-ia abstido de desatar a comprar roupinhas até aos três meses antes de a minha filha ter nascido, mas não se deve contrariar uma mulher grávida e lá me foram deixando fazer quase tudo o que me passava pela cabeça.

Agora, 21 meses depois e na fase das gracinhas, não resisto em ir colocando aqui e ali piadinhas e gracinhas da minha filha, na esperança de que enterneçam os outros tanto quanto me enternecem a mim, mesmo sabendo que cada mãe que lê o meu blogue sabe que o seu filho é muito mais inteligente e bonito do que a minha. Mas adiante.
A maternidade amolece-nos. E é por isso que hoje em dia me vou identificando com posts deste tipo e me vou zangando com a educadora da minha filha que teima em que ela diz "tita" para chucha e eu acho que, não senhora, ela já diz chucha muito bem e qualquer dia já sabe ler! Humpf.

O Grande Lago

Nascida e criada no Alentejo mas, tendo-me afastado um pouco das minhas raízes na última década, este fim-de-semana prolongado em terras do Grande Lago do Alqueva soube-me a um ensaio de regresso às paisagens imensas de oliveiras, ao calor tórrido que ainda se faz sentir em Outubro, aos sabores divinais da mesa alentejana, à pacatez das gentes. Acabei por não comer migas de batata, apesar de ter sonhado com elas durante os 3 dias, porque, como já não como carne, não tive coragem de pedir migas sem o entrecosto, mas deliciei-me com uma açorda de bacalhau daquelas a sério e umas migas de poejo que eu ainda não sabia que sabiam tão bem. O Alqueva é enorme e maravilhoso e para a próxima ficamos mas é naquelas casas-barco!
Agora é tempo de voltar ao trabalho e à porra da dieta...

Caravana à beira do Alqueva

Tempo de descansar à sombra do chaparro na Aldeia da Estrela

Alqueva, do lado das pedras que davam uma foto fantástica,
mas o motorista não quis voltar atrás...

Com vista para Monsaraz (?)
Monsaraz

Monsaraz

Reflexos no Alqueva

Igreja matriz de Pedrógão, onde ficámos alojados porque nos enganámos
ao marcar o voucher da Vida É Bela... Preferíamos ter ficado em Monsaraz
ou mesmo sobre as águas do Alqueva...

Migas com todos

Ainda não acabou o fim-de-semana e já devo ter engordado 200 kg! Que seria se ainda comesse carne? Oh Alentejo, por que tens comida tão boa?

(Ainda bem que trouxe o meu equipamento da corrida!!)

Já cá cantam

Lindas, lindas, e um número acima porque são para usar com meias grossas e não havia o meu número e estavam tão baratas que não as consegui deixar para trás...

É claro que tiveram de ser aprovadas primeiro pelo olfacto certificado cá de casa...

Outono, já podes vir!

MUSIC BOX # 10 - My baby just cares for me



Este sábado foi dia de casamento. Não tenho particular afeto por casamentos, mas dado que nos últimos anos tenho sido convidadas para muitos, comecei a apreciar o dia de convívio entre amigos e a saber dar valor ao facto de ter sido convidada. Não se convida para um casamento por convidar. Cada convite é ponderado, cada cabeça custa dinheiro porque, percebi há pouco tempo, nem toda a gente dá prenda. Por isso, se me querem lá, é porque querem partilhar esse dia tão importante comigo. E vou com todo o prazer. Mas sou chatinha com a música. Sou daquelas que fica ao canto a dizer mal da música e que se recusa a dançar Shakira ou a fazer o comboio (há sempre um comboio!) se não tiver já bebido um copito a mais. Sou daquelas que gostava de ouvir Arctic Monkeys num casamento, mas, convenhamos, isso nunca vai acontecer. Nem no meu casamento. É que, se algum dia me casar, vou ter de me contentar com Nina Simone para abrir a pista, porque o resto, diz o suposto noivo, "música de casamento é música de casamento, é incontornável, tens de dar às pessoas o que elas gostam, não o que a noiva gosta".
Humpf, digo eu.

Pág. 2/2