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Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Bolas de Berlim... sem creme

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No mundo tramado das mulheres

Ora, então, temos mais uma menina. A parte do reaproveitamento de roupas, brinquedos e mobília está facilitada, assim como está resolvida a questão logística do quarto e do tipo de camas que vamos comprar agora que a primogénita está prestes a ser promovida para uma cama de crescido.
Por outro lado, confesso que, quando o ecografista me perguntou se conseguia ver, estive tanto tempo à procura da pilinha, que quando respondi "É uma menina", foi a medo. É que a pilinha podia estar escondida! Mas não estava, porque não havia pilinha ("É uma rapariga! Então mas não se vê logo? Ai, ai, ai...). E se é verdade que fiquei contente à mesma, especialmente por saber que ela tem todos os dedinhos dos pés no sítio (o que interessa é vir com saúde, já diz a minha avó!), também é verdade que ficava muito contente se fosse um menino. Não é só o desejo do desconhecido. Já sei o que é ter uma menina, já tenho a quem pôr lacinhos e vestidinhos e com quem brincar aos Pin y Pons e a quem explicar daqui a uns anos o que é o período. Já agora que vou ter outro, gostava de saber o que é ter um menino. 
Mas vai muito para lá da curiosidade básica. Provavelmente, isto vai parecer uma grande estupidez, mas afigura-se-me mais fácil conseguir multiplicar o amor por duas criaturas de sexos diferentes. É como se, por serem menino e menina, tivessem de ser naturalmente diferentes (e não estou só a falar dos órgãos reprodutores) e fosse mais fácil e justo amá-los com equidade, apesar das suas características tão "diferentes". Além de que a intrínseca competição feminina que começa logo inconscientemente na gravidez com o mito "é menina se a mãe ficar feia grávida, pois a filha está a roubar-lhe a beleza" desempenha um papel tramado.
Eu sei, isto é um grande disparate. Mas venho de uma família de mulheres que tiveram filhas mulheres que tiveram filhas mulheres, cuja educação foi, em todas as gerações, marcada por resquícios de uma educação matriarcal menos positiva e que acabou por culminar em irmãs que deixaram de falar com irmãs e mães que deixaram de falar com filhas e filhas que deixaram de falar com mães (são coisas diferentes!) e que, consequentemente, sempre foram mais chegadas aos pais, aos maridos, ao avô, ao gato, desde que fosse do sexo oposto. 
Por isso, acho que sempre tive um pânico secreto de ter só filhas porque, pensava eu, inevitavelmente a nossa relação iria ser conflituosa, difícil ou chocante. Afinal está-nos nos genes e só um rapaz teria a capacidade de quebrar a corrente. E acalmar a histeria (imaginem uma casa só de filhas antes de um concerto de Justin Bieber... credo...).
Mas a verdade é que a minha ainda primogénita filha me adora. Ainda me prefere a mim, é ainda a mim que ela chama à noite, é ainda comigo que ela prefere estar. O pai sabe disto, admite isto, não há muito que ele possa fazer (porque também sabe que não vai ser sempre assim), mas até gosta que assim seja porque sabe que esta ainda preferência em muito ameniza as minhas inseguranças de mãe. E mesmo que eu lhe ralhe mais bruscamente um dia, ou lhe dê uma palmada a sério, como já aconteceu uma vez, mas não é coisa para repetir muito, ela sabe que, no quadro geral, eu não sou má mãe, não sou cruel, injusta, ressabiada, controladora, dependente. Ela sabe. Eu sei. Por enquanto. O meu problema é como serei com duas daqui a uns anos, como o modo como eu sou com elas, em conjunto e individualmente, terá repercussões na sua relação uma com a outra, como me conseguirei manter justa e fiel aos meus princípios quando me começar a identificar mais com uma do que com outra, porque uma é mais dócil comigo, mas a outra é mais parecida comigo. 
Oh, tarefa ingrata. É claro que não estou só. O pai, vindo de uma background completamente diferente, ajuda-me e vai continuar a ajudar-me a ser a mãe que quero ser e não a cingir-me ao único molde de mãe que conheço. E eu vou tentando melhorar a cada dia que passa e não ficar demasiado presa às expectativas. 
Cinjamo-nos, primeiro, à complexa tarefa de escolher o nome, que já não está a ser nada fácil. Será que não é possível esperar pelo parto, olhar para a cara dela e dizer logo "Olha, afinal tem mesmo cara é de Pancrácia!"? O assunto ficava logo arrumado, que mania esta de complicar...

Menino ou menina?

A um dia de saber o sexo do bebé, posso dizer que já ouvi muitos palpites e conjecturas sobre o dito. Uns acham que é menino, outros apostam na menina, meramente com base no estado da minha pele ou na circularidade das minhas ancas. Curiosamente ainda ninguém alvitrou que poderá ser hermafrodita. Não seria nada estranho que alguém o fizesse, a juntar às pérolas da sabedoria popular. A Joanna do "Cup of Jo" escreveu um post sobre isto mesmo há uns dias e, apesar de vir do outro lado do Atlântico, parece que são factos universais estes que aqui traduzo livremente:

Responde às seguintes questões com sim ou não:

1. Tens tido desejos de mais doces do que de salgados?
2. Foste brindada com muitos enjoos matinais?
3. Tens tido oscilações de humor mais acentuadas?
4. A tua cara está mais redonda do que o habitual?
5. As tuas mãos estão mais macias do que o normal?
6. O homem iniciou a sua vida sexual na altura da concepção? (oi? não sei se percebi esta...)
7. O teu seio direito é maior do que o esquerdo durante a gravidez?
8. Os teus movimentos são mais elegantes ao invés de desajeitados?
9. A tua barriga está mais baixa?

Preponderância de respostas positivas = é uma menina!
Preponderância de respostas negativas = é um menino!

Ora, dizer que isto é um bocado parvo é elogio. Mas para quem quiser saber, as minhas respostas estão ali no 4,5, o mesmo número de respostas negativas e positivas e uma (a primeira) a que respondo: dos dois! A julgar por isto, vou ter um caracol!

Então vejamos outras formas de saber o sexo antes do ecografista. 
Segundo a tabela chinesa, que se baseia na idade da mulher na altura da concepção, vou ter outra menina.
Podia ainda pegar numa agulha ou num anel preso por uma corda e efetuar uma série de movimentos pendulares sobre a barriga e ficar a saber o sexo a partir do sentido circular ou em linha recta que o pêndulo toma, mas acho que vou passar esta.
Entretanto encontrei outras pérolas neste site que, apesar de muito contribuírem para a minha boa disposição, me deixaram na mesma incerteza.
Por isso, acho que vou ficar calmamente à espera que ele ou ela se deixe ver na ecografia de amanhã.

E preferências, há? Cá por casa, a preferência recai para um lado, é certo. A primogénita diz que quer um mano, mas sabe lá ela... Os progenitores também fizeram os possíveis para acertar num menino, mas a verdade é que estas contagens nem sempre são certeiras. Depois há o lado racional. Se, por um lado, o número de roupinhas cor-de-rosa e brinquedos de menina que podiam ser reutilizados nos deixam a pensar duas vezes, por outro lado, se tivermos outra menina, vamos ter de ir ao terceiro, o que seria chato, mas eu meti na cabeça que quero ter um filho que continue a gostar de mim depois dos 16 anos. Além disso, e isto é uma teoria puramente sexista de quem nunca teve irmãos, duas meninas brincam melhor juntas do que uma menina e um menino. Mas bom, na verdade, desde que não seja um caracol, ficamos mesmo contentes com o que vier. A sério que sim.

Nova etapa

Se isto fosse um baby blog cheio de smileys e coraçõezinhos, eu agora enchia as outras mães de inveja ao dizer que ontem à noite a minha filha, do alto da maturidade dos seus dois anos, seis meses e uma semana, me pediu para dormir a noite toda sem fralda e foi um autêntico sucesso! Mas como isto não é um baby blog, vou ali só comprar mais resguardos para a cama e rezar para que ela não molhe os lençóis até aos 8 anos, como muita boa gente que conheço...

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