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Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Dois em um

Precisei de reavivar a memória quanto a alguns pontos de crochet e fui à procura de vídeos no youtube. Não só encontrei o que queria como ainda percebi que, quando os barbitúricos deixarem de surtir efeito, os sofredores de insónias têm nos vídeos de crochet que mostram mãos a fazer peças inteiras com um relógio de pêndulo como som de fundo os seus novos aliados. Eu, que não ando com problemas de sono e que até acompanhei a senhora a fazer o sapatinho de bebé, ainda cabeceei umas quantas vezes. E o sapatinho ficou mais parecido com um barco (naufragado) do que outra coisa. Devem ter-me falhado laçadas enquanto dormitei.

(Se alguém andar com dificuldade em adormecer, posso fornecer o link para o soporífero.)

Na Feira de Antiguidades

A senhora que vendeu a manta de crochet nem acreditou na sua sorte de encontrar uma compradora tão fascinada com o seu artigo que lho comprou imediatamente sem ripostar o preço. A compradora que comprou a manta de crochet nem queria acreditar na sua sorte de encontrar uma vendedora que não fazia ideia do valor do que vendia.

Vinte euros custou-me esta manta de crochet feita à mão por mãos vividas. Vinte euros. Sentindo como se a estivesse a roubar, esperei até ao último instante sentir as garras fortes de um agente da autoridade. Mas tal não sucedeu e quando, mais à frente, comprei uns tecidos por 1 Euro a peça, senti, em comparação, que me estavam a roubar a mim.





O caso das praxes

Eu sou a favor das praxes. A minha madrinha de praxe é, hoje em dia, uma grande amiga minha, companheira de Berlim e co-mártir das saudades. Adorei a minha praxe e, se voltasse atrás, apresentar-me-ia aos meus veteranos e implorava: "Por favor, praxem-me!"

Pronto, agora que tenho a vossa atenção, vou reformular.

Eu sou a favor das praxes tal como foram as minhas praxes, na FCSH da Universidade Nova, no longínquo ano de 1997: inofensivas, divertidas, um veículo para a integração académica e inofensivas. Ah, já tinha usado este adjectivo! Qualquer outro tipo de praxe que não se enquadre nesta descrição, incluído o uso repetido da palavra "inofensivo", é simplesmente parvo. Qualquer praxe que dure mais do que 2 ou 3 dias e que obrigue os caloiros a deslocarem-se para lá de meio quilómetro fora da sua universidade é parva. Qualquer praxe que use utensílios de praxe para lá dos batons, iogurtes ou cera para tirar os pelos ao caloiro mais peludo é parva. Qualquer praxe que sirva para vexar os caloiros em vez de os introduzir na vida académica de um modo salutar, como por exemplo avisar sobre os podres dos docentes que nos vão calhar na rifa, é parva. E qualquer praxe que termine na morte dos estudantes é, simplesmente, bizarra e devia ser proibida, pronto.

Como adormecer um bebé em dois passos

Como adormecer um bebé em dois passos:

1 - Pôr o bebé no berço.
2 - Ligar o secador de cabelo, colocando-o num sítio seguro, sem tapar, para anular qualquer risco de sobreaquecimento. O melhor é colocá-lo no chão.

É tão fácil que parece mentira, não é? Vamos aos factos.

Já todos ouvimos falar de bebés que adormecem ao som do aspirador ou da máquina de lavar roupa, aparelhos que produzem o chamado ruído branco. Há uma explicação lógica para isto. Dentro da barriga, os bebés estão habituados a todo o tipo de ruídos, desde o barulho constante do fluxo sanguíneo, dos batimentos do coração da mãe, aos barulhos intestinais, incluindo mesmo, a uma dada altura, os barulhos do mundo exterior que vai começando a percepcionar. Quando nascem, fica de repente tudo muito silencioso. Imagino que as noites devam ser assustadoras para eles, quando toda a gente em casa anda em bicos de pés tentando fazer o menor ruído possível... 

Já tínhamos ouvido os rumores do aspirador quando a mais velha nasceu, mas como pôr um aspirador a trabalhar no quarto não dava muito jeito, optámos por experimentar com o secador de cabelo e o resultado foi surpreendente. A bebé acalmava imediatamente e, pouco depois, estava a dormir. O processo nunca demorava mais de 20 minutos. Começámos a recorrer ao secador sempre que ela tinha dificuldades em adormecer e foi uma feliz parceria até mais ou menos aos três meses. A uma dada altura, ela deixou de se acalmar com o secador e foi preciso recorrer à velha técnica de embalar com colo, festinhas na testa, canções de embalar, chucha ou mesmo deixá-la chorar um bocadinho. Nunca senti que ela se tinha habituado ao secador ou que estivesse a ser uma mãe preguiçosa. Percebi que recriar a vida no útero poderia facilitar a sua adaptação ao mundo exterior e, depois, pouco a pouco, podia ir ensinando a bebé a adormecer sem a ajuda de estímulos auditivos. E assim foi.

Com a Alice continuámos a recorrer ao secador e, confesso, até eu própria já adormeci com o barulho. Mas não podemos andar com o secador para todo o lado. Por isso, desta vez inovámos e descobrimos outras fontes portáteis de ruído branco. 
Na noite da passagem de ano, estávamos em casa de uns amigos e a Alice tinha tido um final de dia especialmente difícil por causa das cólicas. Faltava pouco tempo para a meia-noite e eu, bom, tinha passado a noite no quarto dos meus amigos a amamentar e a tentar acalmá-la e, mesmo que não pudesse beber champanhe, não queria passar a meia-noite fechada no quarto. Então pus-me à procura no telemóvel de sons de ruído branco no Youtube. Foi então que encontrei este vídeo: Fall Asleep Fast! 10 Hours of White Noise. Yep. 10 horas. Tinha a noite feita!

No dia seguinte, comecei à procura de apps com white noise para o telemóvel. É um mundo, senhores! Seleccionei uma, gratuita, que ainda utilizo, embora não seja tão eficaz como o bom e tradicional secador. Chama-se mesmo White Noise e tem também outros sons, como o da chuva a cair, ondulação, barulhos da floresta, grilos a cantar, etc. Basicamente, há sons para adormecer para todos os malucos!

Por último recomendo a visualização do vídeo que se segue. Não sou particularmente fã do Dr. Phil, mas acho que este Dr. Harvey Karp acerta na mouche com as suas 6 sugestões infalíveis, diz ele, para adormecer um bebé.


Bom soninho!

Eu, mãe de uma pachá, me confesso

Estava eu a pesquisar se aos dois meses já é possível um bebé rir audivelmente ou se, esta manhã, aquele risinho que a Alice soltou foi mero fruto da minha imaginação, quando reparo que o respeitado Dr. Brazelton, no seu Grande Livro da Criança, ignora com grande indelicadeza os bebés de três meses, passando directamente das 8 semanas para os 4 meses no capítulo sobre o desenvolvimento do bebé . Não sei se foram páginas que se perderam do manuscrito e ninguém deu por nada, se, aos 3 meses, o bebé, já deixando de ser recém-nascido e deixando de inspirar cuidados indispensáveis à sua sobrevivência e de ser novidade para os pais, não é ainda o poço de gracinhas e conquistas desenvolvidas a partir dos 4 meses e, portanto, não passa de um minorca desdentado que caga e dorme, completamente desprovido de interesse, não sendo, assim, digno de menção nos livros de puericultura.

Pois um grande buh! para o Sr. Brazelton. Está certo que com dois meses ela ainda não faz nada digno de nota, não agarra em objectos, não se vira, não se senta, não lê o jornal. Mas dorme de noite - e isso é um grande feito! -quase já não tem cólicas, e de dia, sempre que eu preciso de ir fazer alguma coisa à rua, como ir ao ginásio, ir ao dentista ou simplesmente ir para um café ler e apanhar um bocadinho de sol, como ontem, ela dorme o tempo todo ou fica simplesmente ali quietinha a admirar as luzes, os vultos e os barulhos novos que lhe chegam. Mama bem, caga bem, dorme bem e já veste roupa de três meses. 

É ainda a delícia das velhas de Algés. 

Não posso pedir muito mais. Qualquer dia acusam-me de não saber o que é ser mãe.

[Já me calei.]

Exercício de escrita criativa

A minha Alice, quando se espreguiça do alto dos seus dois meses, com o braço esticado e o punho fechado, parece o Super Homem. É claro que, antes de o Super Homem ser criado, os bebés já se espreguiçavam assim, só que ainda não se pareciam com o Super Homem. 

Entretanto, carreguei na tecla errada e o texto que vinha a seguir desapareceu do ecrã. Portanto, o que vos proponho é que inventem um meio e um fim para o início deste post, porque eu acabei de perder os meus super poderes de memória fotográfica.

Vida social

Almoço alancharado com amigos em nossa casa. Ao todo, três casais com dois filhos cada um, com idades compreendidas entre o mês e meio e os 4 anos. Seis crianças, portanto, para quem não sabe fazer contas. Entre petiscos divinais, boas conversas, fraldas e mamadas, foi preciso arrumar a sala duas vezes. Às tantas, os décibeis eram tão altos que se aterrasse um helicóptero no pátio ninguém daria por nada.

De volta à cidade, sinto-me tão cansada como se tivesse passado o dia a correr a meia-maratona, seguido de seis horas de frequência de Literatura Inglesa sobre o Beowulf.

Mas foi bom. São tardes destas que reforçam a ilusão de que é possível manter uma vida social activa mesmo com dois filhos.

Eu disse ilusão?

Fatalismos

Ontem, na peça do jornal da noite da sic sobre os incêndios na Austrália, fiquei profundamente tocada pelo discurso de uma mulher a quem o fogo roubou tudo, casa, gado, recordações físicas de uma vida inteira. Ela dizia que sim, que ficara sem nada, mas que ela e os seus lá se iriam arranjar. Tinha de ser não era? E terminava esta frase-pergunta com um sorriso, meio conformado, mas um sorriso, como quem diz agora vamos arregaçar as mangas e seguir em frente, não vale a pena chorar.

Não tem qualquer comparação com o discurso fatalista, remediado e derrotista dos portugueses a quem o fogo pregou a mesma partida, que termina invariavelmente num pranto inconsolável diante da câmara.

Não querendo criticar ninguém porque, perante uma desgraça dessas não sei que reacção seria a minha, penso só que o dia em que percebermos que temos muito a ganhar em observar o comportamento de outros povos, será o dia em que nos tornaremos pessoas melhores. Como povo. Como família. Como pessoas individuais. Perante uma desgraça, seja ela qual for, gostaria também eu de ter a frescura de espírito para olhar em frente e não perder tempo com lamentações. O luto estará sempre dentro de nós. Mas que não nos impeça de ter garra pela vida.

E agora vou ali sorrir um pouco.

Curtas aleatórias

- Cortar o cabelo é uma espécie de libertação, um grito do Ipiranga em degradé que dá a ilusão de poder começar do zero.

- Quem diria que o negócio da venda de fraldas reutilizáveis era tão popular? Já do mesmo não se pode dizer que seja lucrativo. O Custo Justo é uma espécie de bazar marroquino virtual. Toda a gente regateia.

- Ler blogues destes dá vontade de escrever todos os dias. Ou melhor, de aprender a escrever. E de morar no Porto.

- Aguentei até à página 318, após o que não tive alternativa senão cortar relações e partir para nova aventura com outro.

- Isto das overnight oats até dá vontade de acordar. Juro.

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