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Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Das coisas que hão-de vir

Quando, no primeiro dia de grande calor primaveril do ano, prefiro suar as estopinhas a tirar o casaco porque não me sinto bem com as gordurinhas visíveis por baixo da camisola, sinto que algo está muito mal. Há alguns anos que não me sentia tão fora do meu corpo, tão fisicamente desenquadrada de mim...
Quase ao mesmo tempo, vi na montra de uma livraria um livro sobre dietas e tive aquela vontade desmesurada de entrar e comprar uma coisa cheia de chavões motivacionais que me fariam sentir esperançosa, mas a que vou simplesmente chamar de epifania.

Ainda bem que está aí a Quaresma Infiel. Sinto que este ano vai ser levada muito mais a sério. 

Oh Carol...

Não era para ter sido já, mas já era para ter sido há mais tempo. A mais velha dormiu ontem, pela primeira vez, uma noite inteira sem chucha. Foi um feliz acaso com a ajuda da grande força de vontade do pai, da fantástica criatividade musical da mãe e a par de um mínimo de colaboração da visada! Pode dizer-se que foi um sucesso, se bem que a nossa noite de True Detective tenha sido altamente comprometida. 

Com o nascimento da irmã a dependência da chucha intensificara-se e nós tentámos nem fazer muito caso disso, pois estávamos à espera de algum tipo de regressão. Mas já há umas semanas que tínhamos conseguido limitar o uso da chucha só às horas de descanso, como já acontecia anteriormente. Íamos mandando algumas bocas em como já seria altura de largar a chucha, mas depois desperdiçávamos boas oportunidades de a ajudar no processo, como, por exemplo, no fim-de-semana passado quando fomos de fim-de-semana e eu não consegui encontrar nenhuma das suas trezentas chuchas cá em casa (foram encontradas mais tarde debaixo de algum móvel e escondidas imediatamente). A única chucha que havia era uma que "fazia barulho", ou seja, estava mordida e entrava ar, estando totalmente imprópria para consumo. Em vez de aproveitarmos a deixa, fizemos o que quaisquer pais que têm séries fixes para ver à noite fariam: fomos comprar-lhe outra chucha, depois de ela própria ter atirado ao lixo a chucha estragada. Ficou, no entanto, explícito que aquela era a única chucha que restava e que quando a perdesse ou estragasse, acabavam-se as chuchas. Por um feliz acaso, ou não, dois dias depois a chucha nova apareceu toda mordida. Num acesso único de lucidez, o pai aproveitou a deixa e disse-lhe que isso acontecia recorrentemente às suas chuchas porque ela tinha os dentes muito fortes e meninas com dentes fortes já não podiam usar chucha, pois mordiam-nas, entrava ar e o ar fazia mal à barriga. Parece tão básico, não é? Nunca pensei que ela fosse na conversa. Mas foi. Foi pôr a chucha no lixo e a coisa ficou por ali.

À hora de deitar ainda me perguntou pela chucha, ao que eu a relembrei do que tinha acontecido e não se falou mais no assunto. Nada de birras nem de choros nem de súplicas. Pelo menos durante os vinte minutos que se seguiram. Ainda pusemos o True Detective e conseguimos ver três minutos. Mas depois começámos a ser interrompidos de dez em dez segundos e lá nos resignámos. A coisa estava mesmo a acontecer. O processo ainda estava no início e ela precisava de ajuda para superar a falta que a chucha lhe fazia. Foi quando o seu pequeno cérebro foi buscar ao subconsciente formas de substituir a falta da chucha pelas saudades da sua prima Carol que mora em Inglaterra e que, por outro feliz acaso, tinha cá estado e tinha ido nesse dia com ela ao parque (ou aos parques, ver em baixo). E então a Inês começou num crescendo de saudosismo que começou agarrada à única foto que há em casa com a prima Carol (acabaria por dormir com a foto), continuou com um choro absolutamente inconsolável e acabou comigo na cama com ela a cantar-lhe A Música da Carol. Não esta, mas uma inventada por mim no momento. Muito melhor, portanto. Um autêntico hit da Billboard. 
(Nunca desejei tanto ser o Vasco Palmeirim...)

Tentei basear-me na melodia da Capitão Romance, mas depois a coisa descambou e ficou a melodia mais feia que possam imaginar. Não. Mais feia ainda. Isso. Assim mesmo feia. E macambúzia. E sem qualquer rima.

Começava assim:

Um, dois, três [rock n' roll!]
A Carol é minha amiga
A Carol é minha prima
Tem longos cabelos
e olhos tão belos

Esta foi a única de seis estrofes que se aproxima mais de uma rima. Yep.

Continuava assim:

A Carol é minha amiga
E eu gosto tanto dela
Fomos passear prós parques [foi ela que me obrigou a usar o plural aqui...]
E foi muito divertido

A Carol é minha amiga
Fez-me desenhos tão belos
Com flores e borboletas
E o meu nome escrito neles [quase, quase rima!]

Úhuhuhuh!

E não posso continuar porque as restantes estrofes desvendam segredos insondáveis da nossa família, como nomes e isso... De qualquer maneira, acho que perceberam a ideia. Depois de cantar a música toda a primeira vez, pensei seriamente que tivesse acabado de causar algum trauma musical à miúda ou que não a tivesse ajudado minimamente a acalmar-se daquele choro pegado. Mas ela não só foi parando de chorar e soluçar, como me pediu para cantar outra vez. E  outra vez. E outra vez. E às tantas tive de adicionar mais não sei quantas estrofes à obra-prima, tendo ficado assim uma espécie de Ode à Carol camoniana. 

E uma hora depois, à meia-noite e dez, eu já rouca e afanada, ela adormeceu. Sem chucha. Nem dedo. Nem nada.

Se alguém quiser passar a música para uma pauta, está à vontade, que não levo nada pelos direitos de autor.

Da eficiência

Domingo de manhã. De todas as coisas que se podem fazer a um domingo de manhã, visto que dormir deixou de ser opção há muito, nós escolhemos ir com a mais velha ver o Tom Sawyer. Como a mais pequena ainda mama, acaba por andar sempre atrelada e, por isso, nem sequer colocámos a hipótese de a deixar com alguém durante a manhã. Mas a pequena portou-se bem. Acordou já a peça decorria. Dei-lhe mama e aguentei-a caladinha durante uma boa meia-hora, o que foi um feito, tendo em conta que estávamos sentados ao lado de uma coluna ensurdecedora para os ouvidos de um bebé. A dez minutos do fim da peça, a Alice começa a choramingar. Nada de mais, nenhum choro desalmadado, apenas uma breve choraminguice de 3 segundos que não provocou nenhum voltar de pescoços nem "chiuuus" reprovadores. Vamos a ver, estávamos numa peça infantil, não era propriamente À Espera de Godot! Mesmo assim, estava já a preparar-me para sair com a choramingas, quando chega a Guardiã do Silêncio em Salas de Teatro Infantil (não sei se estão a ver a ironia...) pedir-me, se não me importasse, para abandonar a sala. Foram três segundos, senhores, três segundos e já estava a ser posta na rua em salvaguarda do bem-estar e decoro do público. E depois ainda dizem que em Portugal não se trabalha bem.

Quanto à peça, olhem, não sei bem. A mais velha diz que gostou, mas isso foi imediatamente antes da épica birra na casa-de-banho e depois ficou tudo assim meio desfocado para as duas.

Provações

Aspirar o ranho do nariz da pequena Alice às 3 da manhã? Peanuts. A verdadeira provação começa às 8 da manhã, à mesa do pequeno-almoço com a pequena-grande Inês. O ignorante que cunhou a expressão "terrible two" não devia saber contar, de certeza, porque isto, meus amigos, aos três é que é. Só espero que quando a Alice chegar lá, já eu tenha aprendido o suficiente com os meus erros de parenting para conseguir deixar de me sentir tão má mãe. 

Esta coisa dos blogues

Numa parede algures em Lisboa

Corria o ano de 2004. Ouvi falar de uma coisa chamada blogue, que era uma espécie de diário online, mas não necessariamente e, levada pela curiosidade, criei um. Não sabendo que nome dar-lhe, pois, na verdade, não tinha pensado nisso, e perante a iminente obrigação de criar um nome e um nickname - Polliejean que já usava desde a era do mIRC, influenciada pela PJ Harvey - inventei uma combinação parola de blogue + Polliejean. O meu primeiro blogue chamava-se, assim, Bloguiejean. Ainda hoje tremo só de pensar na parolice... Felizmente, tempos mais tarde percebi que tinha de mudar o nome do blogue e, como estava a viver em Berlim e escrevia sobretudo sobre a minha vivência na cidade, lembrei-me de Bolas de Berlim. E assim se arranjou um nome que fazia todo o sentido.

Ao princípio não sabia bem o que escrever. Lembro-me que os meus primeiros posts soavam a diário de uma adolescente de 16 anos com crise de identidade. Mas, aos poucos, fui delineando um fio condutor, traçando uma temática (Berlim aos olhos de uma portuguesa) que me iria acompanhar até ao fim desse blogue, em 2006.
A minha primeira leitora era também uma portuguesa emigrada na Alemanha e tinha também um blogue (extremamente divertido). Conhecemo-nos pessoalmente num aeroporto e foi a pessoa responsável por, muitos anos mais tarde, me apresentar aquele que é hoje o pai das minhas filhas. Já isto dos blogues era importante e eu ainda não o sabia.
Graças ao Bolas de Berlim original conheci muita gente. Fiz amigos, tive namorados e relações que não sei bem definir, viajei, conheci gente que, não lhes podendo chamar amigas pelo tipo de relacionamento, são pessoas que me têm acompanhado desde esse tempo e com quem mantenho ainda hoje uma amizade facebookiana e bloguística, entrei num programa de rádio. Tinha muitos mais seguidores do que o estaminé actual. Repare-se que estávamos em pleno início da blogosfera em Portugal, isto é, ainda não era a massificação que é hoje, em que toda a gente tem um blogue. Havia, claro, já muita gente a fazer sucesso com blogues (lembro-me de A Ervilha Cor-de-Rosa, provavelmente o primeiro blogue em língua portuguesa, da Rititi e de A Pipoca Mais Doce ainda na fase Madrid), mas ainda era como uma aldeia em que toda a gente mais ou menos se "conhecia", uma comunidade muito mais coesa, em especial junto dos que estavam na diáspora. Linkávamo-nos uns aos outros, participávamos em guest posts uns dos outros, frequentávamos a "casa" uns dos outros e, sim, não havia post meu que não tivesse pelo menos três comentários (agora quando tenho três comentários regozijo de alegria - assim se dá a queda de uma estrela!). Não havia cá a parvoíce dos likes do Facebook e as pessoas, se gostavam ou tinham algo para dizer, tinham mesmo de ir à caixa dos comentários.
Foram dois anos em que me senti sempre muito acompanhada. Vivia sozinha e, à noite, quando chegava a casa e ligava o computador para escrever o meu post diário e responder aos comentários, era quase como receber a visita de amigos. Ri-me muito, chorei muito, enterneci-me muito e achava que escrevia bem. Mas, como em tudo, houve o reverso da medalha. Já tinha uma prol de seguidores tal (não sendo os milhares de certos blogues actualmente, era um número já bastante respeitável para uma era em que muita gente ainda não sabia o que era  um blogue) que me comecei a sentir algo overwhelmed (não há palavra como esta) e pressionada a escrever diariamente. Se passava dois dias sem escrever, tinha logo alguém a perguntar-me o que se passava. Pois que eu nem sempre tinha algo que contar ou, pelo menos, algo que encaixasse nas linhas do blogue... Depois foi o facto de certas pessoas, como a minha mãe e fantasmas do passado, terem descoberto o meu blogue. A par de exacerbada, senti-me sufocada e vigiada. Não só me sentia pressionada a escrever diariamente como já não podia dizer o que queria. E foi assim que a minha vontade de manter o blogue foi morrendo aos poucos. No derradeiro post em que anunciei o fim do blogue, mas sem avançar grandes explicações, tive muitos comentários de pesar, mesmo muitos, o que me deixou abalada e enternecida. Um deles era de um tal Tiago, que nunca tinha comentado no blogue, e que viria um dia a ser... quem?.. exacto, o pai das minhas filhas. O homem lia-me, quando me conheceu já sabia quem eu era e quando eu soube disso senti-me, de repente, muito importante.
[Também me aconteceu um dia, no Bairro Alto, alguém ter vindo ter comigo perguntar se eu era a Polliejean. Foi o meu grande momento de fama. Fã número dois, se me estás a ler: estás no meu coração!]

Depois houve um dia em que me deu a travadinha e apaguei a conta de e-mail que estava associada ao blogue  no Blogger. Foi-se e-mail, foi-se blogue e, com ele, o blogue posterior que criei no rescaldo do meu regresso a Lisboa. Chamava-se Hotel Heimat (Hotel Pátria, inspirado numa peça de teatro independente alemã que estava em cena quando me vim embora) do qual não há memória.
Antes disso tinha criado o Crónicas de Berlim, um blogue sazonal que foi mais um exercício de escrita do que outra coisa, polvilhado com pequenos pensamentos aleatórios que, calculo, tenham sido difíceis de encaixar pela elite que me seguia (digo elite porque foram escolhidos a dedo, embora mais tarde me tenham descoberto a carapuça) e muita música. Este blogue foi muito importante para mim porque me permitiu escrever sobre o que queria escondida atrás da Frau K., um alias muito diferente da Polliejean, divagar e satirizar as minhas relações amorosas passadas sem medo de chocar ou melindrar ninguém.

Depois disso, já bem instalada em Portugal, criei o Gato Preto Gato Branco e o mais um projecto verde que, como o nome indica, se tratava sobretudo de um blogue sobre ecologia e formas de viver mais verdes. Não durou muito, acho que me chateei por causa das fraldas.
Quando a Inês nasceu e para matar as horas mortas em que ela dormia e eu não sabia bem o que fazer sem ser olhar para ela, criei outro blogue, A Hora da Sesta, mas que não sobreviveu a mais do que 5 posts, nem sei bem porquê. E foi assim que chegámos ao actual Bolas de Berlim - sem creme para distinguir a Polliejean de Berlim com a Polliejean pós-Berlim - que é um blogue aonde gosto de voltar e cujo razoável anonimato me permite não fugir daquilo que eu sou, fora um ou outro exagero para apimentar a descrição da realidade. E é assim que vamos ficar, até eu um dia me voltar a sentir exacerbada e sufocada e sentir necessidade de me voltar a distanciar da blogosfera. Espero, contudo, que esse dia esteja ainda a anos luz. Porque, se não fosse a blogosfera, hoje em dia a minha vida seria completamente diferente. E não é ideia que me seduza.

Dois anos

Há dois dias que este blogue fez dois anos.
Tinha pensado num post de celebração, um post, aliás, que já ando para escrever desde o primeiro aniversário do Bolas de Berlim e que serviria como uma espécie de resumo da minha actividade bloguística desde 2004 e uma explicação do título do blogue para quem não me segue desde o primeiro blogue (e há quem siga, há quem siga...). Mas a noite foi longa. E difícil. Meteu uma miúda ranhosa e cheia de tosse que acordou de vinte em vinte minutos e que até às 3:36 da manhã só deixou dormir o gato. Depois disso foi o pai que tratou dela, que eu acho que apaguei. Curiosamente, às 7:42 da manhã estava ela a entrar no nosso quarto fresca como uma alface...
Por isso, temo não conseguir fazer uma simples conta de somar, quanto mais escrever três parágrafos de seguida. E acabei de entornar o descafeinado que não me ia acordar.

Por falar em...

Normalmente, quando tenho coisas para dizer, mas não quero falar de mim, venho aqui falar dos outros, dos que me inspiram e dão cor aos meus dias. Há tantos sites e blogues giros e artigos interessantes e dignos de partilhar com que me cruzo por essa Internet fora que deveria começar a fazer uma rubrica semanal, ao jeito do Shutterbean, blogue que comecei a seguir há uns meses e cujas receitas já repliquei mais do que uma vez (esta e esta). Por falar em blogues, ontem descobri um blogue novo, de outra tradutora, por sinal bem mais interessante e aventureira do que eu, que em breve porá em marcha um projecto pessoal intitulado "Home is Where I am" e que consiste em viver e trabalhar 3 meses em 4 cidades diferentes (os tradutores podem dar-se ao luxo de trabalhar onde quiserem desde que tenham ligação à Internet...) durante um ano. Saibam tudo aqui. Por falar em pessoas interessantes, esta sim é uma mulher com estilo próprio, artesã seguidora das tradições portuguesas e uma pessoa com quem dá gosto conversar na Retrosaria aonde sabe sempre bem ir. Por falar em estilo, ando fascinada com estes tecidos. Todos. Só ainda não mandei vir nenhum porque não me consigo decidir. Por falar em tecidos, a Inês quer mascarar-se de princesa no Carnaval (*suspiro*), recusando terminantemente o fato de índio que herdou da prima. É desta que me vou iniciar na arte de fazedora de fatos de Carnaval. Ideia para a varinha de condão já tenho. Qualquer coisa deste tipo. Para a coroa podia tentar esta em crochet. E por falar em crochet...

Podia ficar aqui o resto do dia numa associação de ideias interminável, mas a hora da sesta está a chegar ao fim. Depois do dia conturbado de ontem, precisávamos as duas, eu e a Alice, de uma sexta-feira relaxante, sem hora marcada. E que bem que se está hoje por casa. Bom fim-de-semana.

Transformar meias velhas em roupa de boneca

Este fim-de-semana ia deitar fora dois pares de collants da Inês quando me lembrei de um post que tinha visto no blogue Mamà recicla onde ela dá a brilhante ideia de aproveitar as meias velhas, sejam collants grossas ou peúgas, para fazer vestidos para bonecas. Podem ver o post original aqui.

Basta pegar numa tesoura e fazer três buracos, para a cabeça e para os braços, e depois cortar a bainha no comprimento desejado.


Decote em V



Dá ainda para fazer fitas ou gorros


Cachecóis farsolas


Decote de barco, ou lá como se chama



Modelo fashion com capuz

É tão fácil que faz impressão, mas nunca me tinha lembrado disto. Quase que dá vontade de ir comprar meias novas de propósito.

Num balneário perto de si (Parte II)

É que nem de propósito. No primeiro dia de natação com a miúda na piscina nova, a mãe da minha filha, sem reparar que se encontrava num balneário misto com pais e mães e pais e mães a vestir e despir os petizes, estava distraída e atrasada, foi o que foi, não foi de modas e despiu-se em frente à maralha. Podia ter trazido o fato de banho vestido de casa, mas não. Estava nuazinha como veio ao mundo, felizmente com a depilação feita, mas isso pouca relevância teve, quando ouviu a voz de um pai atrás de si a vestir os seus três filhos rapazes. Apercebendo-se da bronca, a mãe da minha filha corou de todas as cores, fixou o olhar na descendente de fato de banho cor-de-rosa e continuou como se nada fosse. Provavelmente ninguém reparou, tal era a balbúrdia com tanta criançada. Assim como assim, foi despir a parte de cima para a casa de banho, não fosse algum pudico mais atento vir dar-lhe um sermão de moralidade. Depois saiu com a miúda para a piscina e rezou para que ninguém lhe tivesse fixado a cara. Ela, pelo menos, não fixou a de ninguém. Feliz é o ignorante.

Topless

Nunca eu pensei precisar da ajuda de uma Conselheira de Amamentação, mas é bem feita para não cantar de galo e achar que lá porque da primeira vez correu tão bem, da segunda também tem de correr. Já chorei, de dor e não só, já contactei a SOS Amamentação três vezes, já fiz esquemas na minha cabeça sobre a melhor forma de deixar de amamentar, já sorri para dentro só de pensar no primeiro copo de vinho tinto que vou poder beber logo a seguir, depois auto-flagelei-me mentalmente por pensar nisso, e agora estou na derradeira fase de dar mais uma hipótese à mama dorida para se pôr boa de vez e depois não se fala mais nisso. Em breve virá cá a casa uma senhora voluntária (avé a todos os voluntários do mundo!) para me mexer na mama mais uma vez. 

Uma pessoa tem filhos e perde qualquer pudor, qualquer vergonha de se apresentar nua perante seja quem for. Depois de no hospital ter tido as partes baixas remexidas por trinta e sete pessoas diferentes (número aproximado) - e já lá vão dois partos, façam-lhe as contas -, ter sido obrigada a fazer o primeiro chichi pós-parto com um enfermeiro (sexo masculino) ao meu lado a ver se eu não desmaiava, e depois ainda isto das mamas, meus amigos, já dou o corpo ao desbarato*.

Não fossem as mamas descaídas e no Verão até fazia topless.


* não é para ser levado à letra!