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Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Desafio

Há uma coisa que gostava de conseguir fazer. Sempre que o pai das minhas filhas vai para fora e eu tenho de as levar à escola de manhã (agora às duas), sem chegar muito atrasada ao emprego, há sempre uma coisa destas que fica por fazer depois de as despachar: ou deixo o meu banho para depois, ou deixo o meu pequeno-almoço para depois ou não me penteio.
Hoje levantei-me de madrugada e consegui tomar banho, vestir-me, fazer uns ovos mexidos com o abacate para o pequeno-almoço, tratar das duas e ainda sentar-me à mesa a acompanhar a mais velha a comer. Mas não me penteei. O que é chato. Porque nunca se sabe quem vamos encontrar no elevador.

Feira

Podíamos ter esperado, mas optámos por ir logo no primeiro dia à Feira do Livro. Pouca gente, pouca confusão, sem bonecos gigantes para meter medo, os livros de sempre a preço reduzido e a benesse de este ano haver opções bem mais saudáveis para trincar (adorámos as batatas fritas de batata doce e os palitos de cenoura crua com molho).

Este foi o resultado.

Está visto que tenho de lá voltar sozinha.








(obrigada pela sugestão!)

A ilha com vista de Pico

Aquilo de que mais gostei do Faial foi de poder ver o Pico a toda a hora. Na rua, no hotel, no café. Os anúncios de casas com destaque para a "vista de Pico". Ver a montanha em frente com o cume encoberto ou não é sempre um consolo para a vista. Por exemplo, quando fomos ao outro lado da ilha, achei aquilo um desassossego, procurar e não encontrar o Pico. Numa comparação tosca, quando vivi em Berlim costumava orientar-me pela Torre da Televisão que espreitava, sobranceira, para todos os bairros da cidade. Ali no Faial o que contava era a vista de Pico, para orientação, mas principalmente porque é bonita. Até mesmo a fantástica paisagem lunar (diz que sim) do Vulcão dos Capelinhos teria muito mais a ganhar se dali se pudesse ver o Pico.

Vulcão dos Capelinhos

De resto, a Horta é uma cidade gira e pacata. Não tão pacata como qualquer uma das três "grandes cidades" do Pico, mas ainda assim tem um ou dois sítios onde a malta se reúne ao sábado à noite. Nada mau. Tem um mercado, restaurantes, o Peter's, uma avenida e "calçadão" ao longo da marina, o Peter's e até tem praia. Ah, já me esquecia, ainda há o Peter's. Diz que ir à Horta e não ir ao Peter's beber um gin é com ir a Roma e não ver o Papa. Tem isto tudo, só não tem é cafés ou restaurantes com cozinha aberta entre as 3 e as 6 para a malta do continente petiscar. O máximo que encontrámos foram tremoços e rissóis...

Informações práticas: é obrigatório ir à Caldeira em dia de sol e ao Vulcão dos Capelinhos com sol ou nevoeiro. Na Horta, a Marina merece uma visita demorada, pois parece que é tradição que quem chega de barco pinte um troço do muro com a bandeira do seu barco e o trajecto percorrido. Para beber vão - adivinhem lá! - ao Peter´s e para comer podem ir ao Medalhas, se bem que só um de nós é que gostou do prato que pediu. De resto é apreciar as vistas.

Peço, desde já, desculpa por qualquer insistência...

Vista de Pico da Caldeira

Vista de Pico da marina

Vista de Pico da rua (Horta)

Vista de Pico do aeroporto

Vista de Pico do hotel

Vista de Pico de nenhum lugar em especial

Nas nuvens

Temos uns amigos polacos que adoram tirar fotografias como esta. Onde quer que vão, saltam para a foto, normalmente de maneira bem mais espalhafatosa e ginasticada do que esta. Ao subir o Pico, inspirada pelo sentimento de poder e conquista por me encontrar acima das nuvens, lembrei-me de os imitar. O resultado foram alguns minutos de divertimento pela incapacidade de sincronização com o fotógrafo. No dia seguinte, repetimos a parvoíce na marina da Horta, numa foto ao lado da bandeira polaca que enviámos para os nossos amigos, em jeito de brincadeira. 
Achei piada ao resultado. Para fugir um pouco à rotina e largar umas gargalhadas. Está na hora de mudar as molduras no corredor cá de casa.


Uma espécie de declaração de liberdade

É um facto. Estou a criar verdadeira aversão aos posts patrocinados, à publicidade na blogosfera escarrapachada e muitas vezes colada a cuspo como uma coisa que tem de ser mas não se sabe bem como, tal é, muitas vezes, a falta de convicção e vínculo emocional. De repente, nos nossos blogues favoritos, os posts ingénuos sobre hábitos ou experiências que envolvam determinadas marcas apreciadas só porque sim transformam-se em posts onde a visibilidade da marca é tão gritante que sentimos que estamos a pagar o post só por nele passarmos os olhos. Ou é o hotel que nos recebeu tão bem, ou o supermercado que nos enviou determinado produto para testarmos ou o ginásio que nos convidou para uma aula grátis ou o raio que o parta que podia nisto estar a manhã inteira.
Começo a sentir-me enganada.

Pode parecer pura dor de cotovelo por eu ter um blogue lido por meia dúzia e não ter direito a cabazes de Natal, quero lá saber o que pensam. Ainda assim, reitero: eu, blogger de meia tigela mas leitora voraz dos blogues dos outros, me solto das amarras dos posts patrocinados.

A partir de hoje, a minha lista de blogues no Feedly vai ser alvo de cortes consideráveis. Tenho pena de um ou de outro, mas o desapego aos blogues é como o desapego às coisas: aquilo que não (v)lemos pouca falta nos faz.

E agora vou ali escrever mais um post não patrocinado pelo Governo Regional dos Açores sobre o Faial que tanto me encantou. Só porque sim.

As baleias são nossas amigas

A nossa visita à Ilha do Pico foi curta, mas ficou marcada por dois acontecimentos que dificilmente esquecerei. O primeiro meteu baleias, o segundo levou-me às nuvens.

Já se sabe que sou maricas, sofro de vários medos e fobias entre eles um que conta aqui para o caso que é o medo de tudo o que é peixe maior que a sardinha.  A primeira vez que me convenceram a saltar para uma água profícua em vida marinha foi na Tailândia, numa daquelas excursões de grupo para fazer snorkelling em que os guias acham que o turista gosta mesmo é de ver peixes e então toca de atirar pão para o pé do turista para chamar os peixinhos. A coisa acabou por não ser muito traumática porque uma coisa que aprendi é que os peixes nunca nos tocam. A não ser que seja uma tubarão fêmea desnorteada com as crias. Mas felizmente não era.

Felizmente também consegui superar o medo ao ponto de, no dia seguinte, já andar completamente sozinha a espreitar a vida aquática dos nemos tailandeses enquanto o homem fazia mergulho a sério.

Depois veio aquele episódio do tubarão-baleia e agora esperava-se que me sentasse num semi-rígido rumo a alto mar para ver cachalotes e baleias azuis, só as maiores baleias do mundo. Mas as baleias não são peixes, dizem vocês. Pois não, mas não foi isso que me tirou os nervos. 
Antes da partida, nem consegui almoçar bem e fui a única pessoa do grupo a indagar sobre questões de segurança. Mas deixem-me que vos diga, o primeiro vislumbre do monstro marinho, aka baleia azul, tirou-me toda a rigidez do corpo e toda eu era ahhhhs e ohhhhs e depois chegaram os golfinhos e era um grande cutxi-cutxi que eu lhes fazia se me deixassem. Fantástico! Maravilhoso! Espectacular! Não tenho palavras para descrever aquelas três horas de safari dos oceanos em que perseguimos e procurámos e estivemos a apenas 50 metros (a lei não permite mais) dos maiores animais do mundo. Aprendemos imensa coisa sobre as baleias (vimos três espécies), sobre os golfinhos (vimos duas espécies) e até sobre tartarugas que decidiram presentearem-nos com a sua presença. Por exemplo, sabiam que uma das razões para as baleias mostrarem a cauda é quando dão balanço para ir ao fundo do mar? Eu não sabia, mas vi e tirei foto.


No dia seguinte, subimos ao Pico. Em rigor da verdade, subimos só até um pouco acima das nuvens, o que equivaleu apenas ao segundo poste de orientação. Até lá acima há mais 45 postes, mas (felizmente para mim que subo tudo, descer é que é mais difícil) tínhamos um barco para apanhar e tivemos de ficar por ali. Estar acima das nuvens dá aquela sensação poderosa de conquista do mundo e é uma sensação um pouco difícil de superar.


O homem tentou convencer-me a lá voltar e subir mesmo até lá acima, dormir na cratera e assistir ao nascer do sol. Ele já fez isso e garante que é uma one lifetime experience, mas há coisas a que eu demoro a dizer que sim...

De qualquer maneira, se quiserem lá ir acima, façam uns quantos agachamentos nas semanas anteriores. Os vossos quadrícepes vão agradecer...

Informações práticas: há voos directos para a Horta (Faial) e depois podem apanhar o barco para a Madalena (Pico) várias vezes por dia. A vida no Pico é parada, paradinha e além de actividades como whale watching ou trekking, há pouca coisa para fazer. A animação está mesmo toda (cof cof) no lado do Faial. Para comer recomendo umas lapas grelhadas no Ancoradouro bem regadas a vinho da região. Tem vista para o Faial que, não sendo tão espectacular como a vista do Faial para o Pico, também tem o seu encanto.

Os outros dois dias passámo-os no Faial sempre de olho no Pico. Um deslumbre, só vos digo.

O canto das baleias


Tenho uma leitora madeirense que não vai gostar nada de ler o que vou escrever a seguir, mas tenho de dizer que gosto mais dos Açores do que da Madeira. Não sei de onde vem esta mania de comparar os arquipélagos, um não tem de ser melhor do que o outro, mais bonito ou mais glamouroso, pois se são tão diferentes dever-lhes-ia estar reservado o direito da exclusividade. Ninguém se lembra de comparar as Berlengas com a Ilha do Pessegueiro, por exemplo. Mas adiante.

Tenho vindo aos Açores numa espécie de mistura de negócios com lazer e esta é já a terceira vez em dois anos que visito o arquipélago. A primeira vez que cá vim foi uma autêntica revelação. Fiquei tão surpreendida pela beleza que encontrei que quase me senti ofendida por nunca ninguém me ter dito que isto era verdadeiramente bonito. Uma espécie de ilhas exóticas mas com tempo merdoso. O grande mal dos Açores é mesmo o clima, para além dos preços estúpidos dos voos. Não fosse o clima e às vezes até dava a sensação de estarmos na Tailândia. Juro. Foi o que senti quando estava a descer para a Lagoa do Congro, uma piscina verde esmeralda envolta na vegetação mais densa e mais verde que possam imaginar. O canto exótico de pássaros invisíveis aqui e ali e quase que não me surpreenderia se me saltasse um macaco para o caminho. Mas macacos é coisa que não há nos Açores. Já as vacas são outra história. Fotografo vacas como aos camelos em Marrocos, com o mesmo fascínio e curiosidade, mas esta comparação agora foi um bocado parva pois dunas e tuaregs foi coisa que nunca vi por aqui.

Portanto, depois de São Miguel, das Flores, do Corvo e da Terceira, chego agora ao Faial e ao Pico para me espantar de novo como se fosse a primeira vez que visse lagoas verdes, caldeiras ou crateras, fumo a sair da terra e queijadas da Graciosa (e agora, para me armar em pessoa muito viajada, podia comparar os Açores com a Islândia, menos a parte das queijadas, mas fica para depois). Diz que vou ver cetáceos logo à tarde e já sei que, assim que vir o botezinho de borracha que me vai levar para o meio do oceano para avistar bichos marinhos maiores que eu, me vou borrar toda. Tanto que o meu sistema gastrointestinal ainda não se refez completamente dos últimos dias. Mas a verdade, convenhamos, é que sempre fui muito maricas. E a única vez que me lembro de realmente ter sentido muito medo, medo mesmo, aquele medo que nos gela a espinha e nos faz procurar sinais divinos na espuma das ondas, foi quando me sentei num bote de borracha para ver o tubarão-baleia. Mas acho que desta vez não se espera que mergulhe. Ao menos isso.

(Passei o voo todo com a música "Comforting Sounds" dos Mew na cabeça. Não sei porquê, não a oiço há anos, mas agora que penso nas baleias parece-me bastante apropriada.)

Quando o Universo se ri de nós

A minha osteopata, que é uma senhora toda dada às espiritualidades, ofereceu-me ontem a massa do bolinho das Carmelitas, que tenho de tornar em bolo seguindo umas indicações meio suspeitas e dar a três pessoas, caso contrário vou ser pobre, azarada e enferma o resto da vida.

Eu, que não acredito em nada disto, também sou muito boazinha e não fui capaz de recusar tamanhos votos de saúde e alegria. Até me deu a provar uma fatia do bolo, que eu não achei nem bom nem mau, mas que comi com gosto porque calhou à hora de almoço. 

Trouxe o frasquinho para casa a pensar no que ia fazer da minha vida e ainda me ri com o homem cá em casa à conta da senhora (que já não é a primeira vez que me põe em trabalhos destes, mas isso fica para outra altura).

Ironicamente, nessa mesma tarde comecei a ter dores de barriga e náuseas (aliadas às náuseas dos excessos do fim-de-semana), vontade de ir à casa de banho e muita diarreiazinha. A coisa não melhorou à noite. E, neste momento, encontro-me a trabalhar agarrada ao penico e a pensar quando é que aviso o meu chefe que não dá mais, tenho mesmo de me ir deitar, depois de passar ali pela casa-de-banho outra vez.

Não sei se foi de ter feito pouco das estrelas ou se foi um puro acaso, mas isto de ter comido um bolo que é suposto trazer-me sorte e saúde (saúde!) e ter trazido para casa a respectiva massa para dar a outros e ter a seguir ficado com uma grande caganeira, é caso para pensar se não está aqui alguma coisa trocada. Eu faço o raio do bolo, ok? Eu faço!

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