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Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

True Detective

Há séries que me prendem pela música. Esta, não só tem um elenco poderoso, como um argumento muito bem conseguido, como uma banda sonora do catano. Só no primeiro episódio da segunda temporada, temos Leonard Cohen, na música de abertura, Nick Cave and Warren Ellis, no tema final, e esta maravilhosa Lera Lynn, ali a meio como quem não quer a coisa, a arrebatar-me totalmente do sofá com My Least Favorite Life.

Vai certamente estar em loop nos próximos tempos.

 

 

Aposto nas saudades

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A meio da semana, enquanto a mais velha estava de férias com os avós, a mais nova começou a ficar rabugenta, ranhosa e febril. Não comia, não sorria. À noite, também não dormia e, depois de duas noites a dormir à beira da sua cama e a embalá-la nos braços de 20 em 20 minutos, a semana de separação chega ao fim e as manas voltam a brincar juntas. Nessa noite, a Alice não voltou a ter febre e nos dias que se seguiram recuperou toda a boa disposição e energia que lhe são características.

 

O pai delas, homem racional e pragmático, acha que foi só mais uma daquelas viroses inexplicáveis da Alice, que passou por que tinha de passar e pronto. A mãe delas, mulher romântica e dada a alguns exageros, acha que a Alice sentiu na pele, pela primeira vez, o que é ter saudades.

 

Acho que nunca o saberemos, mas pelo sim pelo não já avisei os avós que para o ano têm de levar as duas juntas.

Coser para vestir

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Mais um Verão, mais dois tank tops da Wiksten.

Há um ano fiz os meus primeiros tank tops, logo dois de seguida porque não conseguia acreditar quão fácil e rápido é fazer este molde. Comprei tecido para fazer outros, mas a falta de tempo ditou que só agora pegasse nesses tecidos e fizesse mais duas blusas, leves, largas e frescas como pedem estes dias quentes de Verão.

 

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O amarelo é arrojado, provavelmente a única peça amarela que possuo no meu guarda-roupa, mas foi o mais parecido com este padrão (que adoro) que encontrei. Desta vez, juntei-lhe o bolso que vem no molde e que nunca tinha feito por preguiça achar desnecessário.

 

Não me canso destes tank tops. Também não me canso de repetir que, ao contrário do que possa parecer, fazer a nossa própria roupa está muito próximo da emancipação.

Conversas ao telefone

Durante esta semana, tenho falado com a Inês todos os dias por telefone. Está com os avós na praia e tem sempre muito para contar.

 

Dia 2

- Mamã?

- Olá, Inês! Estás boa?

- Porque é que, quando falas comigo ao telefone, nunca me chamas filha? Dizes sempre Inês! Mas eu sou tua filha!

 

Dia 3

- Olá, filha! Estás boa?

- Mamã, já tenho muitas coisas da Violetta. A avó comprou-me uns chinelos da Violetta e tudo!

- Ai, sim? Que vaidosa!

- Espera aí, mamã. (fala para o lado) Avó, a mamã disse que eu sou vaidosa! (volta a falar para o telefone) Mamã, sabes que eu tenho comido um gelado todos os dias?! (fala para o lado) Avó, é melhor não dizer à mamã que comi uma pastilha, porque ela não deixa. (volta a falar para o telefone) Mamã, também comi um rebuçado!

- E também comeste pastilhas?

- (silêncio) Como é que tu sabes??? (fala para o lado) Avó, a mamã sabe tuuudoooo!

 

Dia 5

- Olá, filha! Estás boa?

- Mamã, tenho uma coisa para te dizer. Adoro-te, és muito fofinha e tenho 40 saudades de ti!

- Eu também te adoro e tenho 70 saudades de ti!

- Ok, pronto...

Há gatos no pontão

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Hoje voltei a correr. Bom, na verdade, só saberei se voltei a correr da próxima vez que for correr e da vez a seguir a essa, quando lhe voltar a ganhar o gosto, as pernas deixarem de pesar tanto e encontrar o meu ritmo certo para a respiração. Mas hoje fui correr com o intuito de voltar a correr. Foram 3,3 Km penosos, a lutar contra o vento e a precisar de dar tréguas às pernas com caminhada pelo meio. Valeu a paisagem com o porto de um lado e o oceano do outro e os gatos do pontão que me vinham dar as boas-vindas. Os gatos do pontão são vadios, mas gostam das pessoas, muito ao contrário dos gatos não vadios a quem damos de comer no nosso quintal e que dão por nomes ilustres como Balzac, Pompeu e Elvirinha, mas a nobreza que têm no nome não a têm - ainda - na forma de estar.

Este que desce a rocha, desce para me cumprimentar, roça-se nas minhas pernas, deixa que lhe faça festinhas e corre atrás de mim durante 2 ou 3 metros quanto retomo a corrida. Gatos vadios que gostam de pessoas dão-me esperança no ser humano e também vontade de os trazer para casa, mas depois lembro-me do Dexter, que é o meu - e foi encontrado, moribundo, neste mesmo pontão! -, e dos outros cinco que não são meus, mas que me miam à porta como se fossem, o Balzac, o Pompeu, a Elvirinha, o Zeca e a outra que ainda não tem nome. Acho que já são gatos que cheguem num quintal só...

 

Mas voltemos ao pontão. Estava demasiado vento. Estava tanto vento que tive medo de tirar fotos, não fosse a brisa levar-me o telefone. Ainda assim, tirei, ao mar e aos gatos, para me relembrar num dia de preguiça que encontrei um sítio maravilhoso para correr. De uma ponta à outra, o pontão tem 830 metros, por isso basta ir e vir duas ou três vezes para fazer um treino razoável (para quem não tem o hábito de correr, claro está). A vista é inspiradora e com uma boa playlist nos ouvidos até é capaz de nem custar tanto. E, claro, haverá sempre os gatos a quem fazer festinhas.

Semana da filha única

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Aos 11 meses, já a tentar trilhar o seu caminho sozinha.

 

A mais velha foi passar uma semana com os avós ao Algarve e, por isso, esta semana estamos só os três. As pessoas perguntam-me se a Alice sente falta à mana. Tenho dito que ela ainda não percebe bem, que ainda não racionaliza esta coisa das saudades. Mas, à medida que o tempo passa, percebo que ela sabe perfeitamente que está sozinha connosco. E está a adorar! Tem, finalmente, a oportunidade de ser filha única durante uma semana e nós deixamos que ela a aproveite ao máximo. Também a nós nos está a saber bem. Não que não tenhamos saudades da Inês, porque temos, e muitas, e o silêncio que paira na casa é estranhamante incómodo, mas também sabe bem dedicar todo o tempo só a uma, não demorar uma eternidade a adormecê-las e ficar com bastante mais tempo nas mãos. Ter só um filho é muito mais fácil, não me venham com coisas. E temos muita sorte em ter avós que querem ficar com elas, que as levam de férias e lhes dão carinho e gelados todos os dias (!), e nos permitem respirar um pouco e repor energias para o resto do verão.

Doce desculpa

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Já andava com vontade de fazer uma coisa doce há uns dias, mas ora me faltavam ingredientes ora me faltava o motivo (cá em casa, para se fazer ou comprar um bolo é preciso haver sempre um motivo forte). A visita de uns queridos amigos da Alemanha foi a desculpa perfeita. Normalmente, costumamos presentear os nossos amigos que cá vêm jantar com morangos da Arrábida regados com iogurte grego açucarado (às vezes, feito por nós), mas ultimamente não tem havido morangos da Arrábida e depois de provar estes morangos, deixámos de conseguir comprar os outros que se vendem nas grandes superfícies. Por isso, peguei num livro de receitas da Bimby e num piscar de olhos fiz um clafoutis com as frutas que tinha em casa: pêssegos e nêsperas. Como não consegui esperar pela noite, fiz uma tigela pequena à parte para comer logo e, assim, aplacar aquela vontade irresistível de açúcar que às vezes me acomete.

Soube-me a pouco, mas logo à noite há mais.

Meter a mão na terra

 

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É uma espécie de terapia. Semear, regar, transplantar, podar. No final, colher a salsa para os temperos, apanhar a alface para a salada, o alho francês, que comprei a pensar que era cebolinho, para a sopa. Comer aquilo que plantamos é tão bom como vestirmos aquilo que cosemos. Dá uma ínfima e efémera sensação de poder e autossuficiência, mas boa na mesma. Mas, ao contrário de uma blusa que se cose numas horas, o jardim e a mini horta exigem dedicação constante, um carinho diário, uma atenção permanente. Normalmente, rego no final do dia, quando o calor abranda e elas já estão em casa. Gostam de ajudar a regar as plantas (e os próprios pés), a pôr a terra nos vasos (ou onde calhar), a sujar as unhas e a roupa enquanto ignoram os meus protestos para lavarem as mãos antes de pegarem em comida e perguntam se hoje há sopa, quando apanho o último alho francês, que devia ser cebolinho, sobrevivente.

 

Tenho pena de não ter mais espaço, mais terra para plantar mais coisas. Aos poucos, vou percebendo quando se deve podar, vou conhecendo as manhas às plantas e aprendendo as estações e os tempos certos. Estava quase capaz de me atirar às cebolas e aos tomates e assim ter sempre salada fresca para o jantar. Com direito a caracóis, lesmas, minhocas e outros bichos com quem vou aprendendo a conviver e respeitar (menos os gafanhotos, de quem ainda não gosto), e a pôr para o lado, para que não me comam a salsa. Mas acho que estou a deixar morrer o mirtileiro, por isso não devo ser ainda muito boa jardineira. Vale o prazer que dá pôr a mão na terra e rezar para que tarde o dia em que me vai saltar um gafanhoto verde, grande e gordo do meio das margaridas. Até lá, vivo na ingenuidade de achar que já estou a superar a minha fobia, só porque no outro dia dei uma mangueirada a um gafanhoto verde e pequeno sem mandar um grito que se ouvisse na Arrábida.

Estou no bom caminho, pois.

A Manta

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Agora sim. Quatro meses depois da primeira aula na Retrosaria e quase dois anos depois de ter tido a ideia de fazer uma manta de retalhos, a Manta está, finalmente, pronta. Foi, sem dúvida, um projecto de amor e dedicação, com algumas frustações pelo meio e uma máquina de costura que deu os primeiros sinais de cansaço. Em retrospectiva, não hesito em dizer que a fase criativa foi a que mais me custou, a fase em que temos de escolher os tecidos e, depois de os escolher, passar à composição do desenho. Vi-me e desejei-me e amaldiçoei a minha escolha várias vezes, até que, aos poucos, tudo começou a fazer sentido e comecei a ficar satisfeita com o resultado. A parte que mais gozo me deu, curiosamente, foi coser o viés à mão. Ao contrário do que pensava, coser à mão é incrivelmente relaxante. Há um certo ritmo que nos permite divagar nos pensamentos ao mesmo tempo que vamos estando atentas aos movimentos da agulha. É coisa para se fazer ao serão, enquanto se vê uma série, mas como nem sempre tenho serões, demorou mais a terminar do que o previsto. Agora que está pronta, já só penso na próxima: a colcha para a cama da Inês que tem estado dobrada à espera que aperfeiçoasse as técnicas de acolchoamento.

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É uma colcha para o inverno, com um enchimento diferente, mais fofinho, que requer um pé calcador próprio para quilting, que agora já tenho. Não há desculpas, portanto.

Os padrões, quer de uma quer de outra, denotam uma certa preferência por padrões com cruzes e sinais mais, mas foi a mais pura das coincidências. Pode ser que a próxima manta, uma outra que há dias se atravessou na minha mente, venha a ter uma compleição diferente.

Azia

Eu já sabia que ir comprar soutiens não é coisa para me levantar o ego. As últimas experiências têm sido meio frustrantes. Mas nunca esperei encontrar uma funcionária que praticamente me linchou em público por ainda não saber de cor o meu número de soutien e de copa. De copa! Não queria mais nada. Depois disso, almocei um dos meus pratos preferidos - enguias fritas - mas fiquei extremamente mal disposta depois do almoço, falhei epicamente em adormecer a Alice para a sesta, fiz umas panquecas para o lanche que podiam ter saído melhores, percebi que a capulana que estou a usar para fazer a blusa que vou dar de prenda de anos à minha mãe é da pior qualidade possível e que vou ter de começar tudo de novo com outro tecido, só me apetece fazer as bolachas de manteiga do Jamie Oliver, mas faltam-me os ingredientes, consegui finalmente adormecer a Alice às 6 da tarde, o que é capaz de me atrasar os planos para o jantar e temo que não tenha roupa para vestir logo à noite. Sinceramente, já tive dias melhores.

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