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Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Janeiro

Sempre achei o mês de Janeiro o pior mês do ano. Além de ser o mês em que percebemos que não conseguimos cumprir as resoluções de Ano Novo e de estarmos sem dinheiro depois dos gastos de Dezembro, ainda é um mês que parece maior do que já é. Quatro longas semanas que dão a sensação de que a passagem de ano, que foi há 27 dias atrás, foi na verdade há uns 3 ou 4 meses! Não se iludam. Com as temperaturas que têm estado, já devemos estar em Março e ninguém nos quer dizer!

 

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Fotografia tirada por mim em Berlim, algures em 2007 

Fazer leite vegetal caseiro

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No outro dia tivemos uns amigos cá em casa para o nosso "brunch de bom ano". Cozinhámos umas coisas de pequeno-almoço, almoço e até jantar, porque os bons amigos nunca têm pressa de ir embora, nem nós queremos que eles vão...

Entre as iguarias para o pequeno-almoço feitas por nós estavam granola e bebida de aveia caseiras. As pessoas arregalam sempre os olhos quando eu digo que cá em casa fazemos a nossa própria granola e os nossos próprios leites, mas a verdade é que fazer granola ou bebida de aveia (ou outra bebida vegetal) não é aquele bicho de sete cabeças que toda a gente pensa que é. Eu própria achava que era demasiado complicado, que envolvia demasiados utensílios esquisitos e conhecimentos profundos de cozinha que eu não tenho, mas estava enganada.

Fazer leite de aveia é a coisa mais fácil do mundo. À exceção do leite de arroz, que parece que tem de ir a cozer (ainda não experimentei), é só deixar o cereal ou os frutos secos a demolhar em água de um dia para o outro, triturar e coar.

É claro que, ainda assim, isto dá mais trabalho do que ir ao supermercado e comprar um pacote. Mas para quem, como nós, não bebe leite de vaca, o consumo de bebidas vegetais fica caro, rondando mais de 2€ por pacote, dependendo se for biológico ou não. Não costumamos comprar leite de soja, pela elevada probabilidade de ser transgénico, nem as marcas mais baratas à venda nas grandes superfícies pelo alto teor de açúcar que costumam ter. Preferimos leite de arroz, porque é o que tem menos açúcar, e marcas biológicas, pelas razões óbvias da não utilização de químicos, mas tentamos ir variando entre leite de arroz, aveia, avelã e espelta. Mas isto sai caro, como já disse. E foi esta a principal razão que nos levou a experimentar fazer leite de aveia em casa. E, desde então, não voltámos a comprar mais leite de pacote!

 

Vantagens em fazer bebidas vegetais em casa:

- Fica mais barato. Por exemplo, no Continente um pacote de 400 gr. de flocos de aveia custa 2,59€ e, de acordo com a minha experiência, dá para fazer 4 litros de leite. Se tivermos em conta que 1 litro de bebida de aveia da ALPRO, que é uma marca boa, custa 2,59€, estamos a poupar 7,77€!

- É mais saudável, porque somos nós que controlamos a quantidade de açúcar que adicionamos.

Convenhamos, leite de aveia não açucarado sabe a papel. E um alimento saudável não tem de ser sensaborão! Podemos adoçar a bebida de forma mais ou menos saudável, usando mel, geleia de arroz, xarope de açer, agave, stevia ou tâmaras. As minhas preferidas são as tâmaras, que são um adoçante natural bastante saudável. Uma embalagem de tâmaras secas descaroçadas (as recomendadas são as Medjool) anda à volta dos 2€ e dá para 4 litros de leite.

- Torna-nos mais independentes da sociedade de consumo que nos diz o que devemos fazer (mas isto é a minha veia Fuck Society e não vos quero dar sermões, pensem nisso, é só isso).

 

Material necessário

Um àparte: confesso que nunca sei como lhe chamar: leite ou bebida vegetal. Se não é correcto chamar-lhe leite, porque o leite vem de um animal, também me soa estranho chamar-lhe bebida, porque o uso em substituição do leite e tem um aspecto muito similar. Por isso, neste post optei por ir alternando a designação: leite ou bebida vegetal.

 

E do que precisam para fazer leite vegetal em casa?

Para além das coisas óbvias como os cereais/frutos secos, água, um recipiente para os demolhar e uma liquidificadora/robot de cozinha ou varinha mágica, convém arranjarem um pano de musselina ou um pano para coar queijo. Nós usamos um destes que mandámos vir (nem foi com este propósito), mas acredito que qualquer musselina sirva. Há outros panos bons à venda na eBay, como este. Como veem, não é caro.

 

Como fazer

É muito fácil. Depois de várias tentativas, cheguei à receita ideal do nosso leite de aveia:

 

100 gr de flocos de aveia para 1 litro de água

5 tâmaras 

 

Colocar tudo num recipiente e deixar de molho no frio durante a noite (ou, no mínimo, seis horas).

Depois passar/triturar bem e coar com o tal pano de musselina ou de queijo. Aqui têm de ter alguma paciência e ir espremendo o pano com as mãos até ficarem com uma pasta seca dentro do pano. O líquido que resultou é o vosso leite! 

 

Como já usámos tâmaras, não precisam de adoçar mais, mas nesta fase podem ainda acrescentar um adoçante a gosto. Para nós, esta proporção de aveia/água/tâmaras é perfeita. As miúdas também gostam e, como o bebem com os cereais, acho que nem sentem a diferença!

 

Dica: não precisam de deitar a pasta de aveia coada fora. Podem usá-la nas papas de aveia, desidratar para fazer farinha de aveia ou inventar um exfoliante natural de aveia juntando óleo de amêndoas doces, por exemplo. A pele fica super macia, acreditem em mim!

 

No outro dia, fiz leite de amêndoa, com amêndoas sem pele, mas não gostámos muito. O processo é o mesmo, mas desconfio que as amêndoas não eram da melhor qualidade e o leite ficou com um certo sabor a ranço. Vou continuar a fazer experiências, sabendo que tenho aquela receita-base do leite de aveia que resulta sempre!

 

Conservação do leite

Lá por não ser leite de vaca, não quer dizer que se estrague menos. Pelo contrário, devem ter os mesmos cuidados do que têm com o leite de vaca: guardar no frio e consumir no espaço de 4 dias. De qualquer foram, notam logo se o leite estiver estragado, também já testámos, ainda que sem querer...

 

Se não acreditam em mim, vejam o que o Jamie Oliver tem a dizer. A versão que está no último livro dele Receitas Saudáveis é muito parecida com a minha ;)

 

Agora fica a faltar a receita da granola!

Como arrumar a roupa de maneira feliz

Ando a ler, desde 2015, o livro de Marie Kondo, Arrume a Sua Casa, Arrume a Sua Vida (em inglês: The Life-Changing Magic of Tyding Up: The Japanese Art of Decluttering and Organizing). Estava a achar o livro uma autêntica pérola na arte de bem destralhar e arrumar a casa (ela assevera repetidamente que, se seguirmos o método dela - destralhar por categoria e não por divisão-, nunca mais vamos ter de destralhar na vida!) até chegar à parte em que ela fala sobre como dobrar a roupa de forma a poupar espaço no armário, em especial o subcapítulo sobre as meias, "Storing socks: treat your socks and stockings with respect" (só tenho a versão em inglês).

Ora bem, só de ouvir falar em tratar as peúgas com respeito dá-me vontade de rir. E isto não fica pelo título. A Marie Kondo fala das peúgas (e da roupa em geral) como se fossem seres sencientes, logo, com sentimentos que devemos tentar não ferir. E como se podem ferir os sentimentos das peúgas, perguntam vocês? Por dobrá-las tipo envelope ou em forma de bola, algo assim...

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...como eu sempre fiz e aposto que vocês também!

Segundo Marie Kondo, as meias devem descansar enquanto estão arrumadas na gaveta e esta forma de as dobrar não as deixa descansar nem respirar. Já não basta o trabalho árduo de passarem o dia dentro dos sapatos, aguentando pressão e fricção para proteger os nossos pés malcheirosos, como depois ainda terem de suportar a tensão de estarem mal dobradas durante o tempo em que deveriam recuperar energias para a utilização seguinte.

Imaginei peúgas com olhos, nariz e boca a soltarem gotinhas de suor da testa imaginária, ali pela zona do calcanhar, destinadas a uma vida miserável dentro da gaveta.

Comecei-me a rir e achei que a mulher era maluca. Onde é que já se viu peúgas com sentimentos? Pousei o Kindle e não voltei a pensar mais nisso até que...

... houve um dia em que me esqueci de umas peúgas e collants no meio da roupa para passar a ferro e a minha empregada da limpeza tomou a iniciativa de as dobrar e arrumar. Quando abri a gaveta ia tendo uma coisa. As collants estavam dobradas de uma maneira como eu nunca tinha visto e que nem sequer consigo explicar aqui, mas naquele momento percebi perfeitamente o que Marie Kondo queria dizer com as meias não conseguirem respirar! Além de que aquela forma de dobrar as collants ocupa imenso espaço...

Nessa noite, voltei ao livro e li com mais atenção a parte das meias. Seguiu-se a parte racional: dobrar bem a roupa, no geral, não só conserva melhor a roupa (não estraga elásticos, etc.), como poupa espaço no armário e isso para mim é razão suficiente para reinventar a forma como dobro a roupa cá em casa.

E é um mundo, senhores! Um mundo! Uma simples pesquisa no Google com algo como "Marie Kondo folding clothes" leva-vos a um admirável mundo novo repleto de entradas de blogues de adeptos deste método e vídeos explicativos sobre como dobrar a roupa ao estilo KonMari. Este guia ilustrado do método KonMari é o meu preferido com vídeos e isso.

Confesso que a ideia de dobrar as t-shirts em rolinhos me faz alguma confusão, porque me parece que a roupa vai ficar toda vincada. Mas ela diz que não, por isso vou testar primeiro com as meias, cuecas e t-shirts do desporto e depois digo-vos, se bem que desconfio que é só a mim que isto interessa...

 

Aqui ficam mais vídeos:

 

 

 

Playlist

Discos pedidos da Inês (5), por ordem de preferência:

 

1 - Show das Poderosas, Anitta

2 - Não me toca, Anselmo Ralph

3 - Os Tais, Carlão

4 - Hello, Adele

5 - Chandelier, Sia

6 - Vayorken, Capicua

 

Há esperança.

 

Expectativas

Passei o ano agarrada às minhas filhas. Uma ao colo e a outra colada às minhas pernas fascinada - ou aterrorizada - com a contagem decrescente e sem perceber muito bem o porquê da excitação geral. Calhou ser assim, passar o ano agarrada a elas, ou elas agarradas a mim, o que não faz de mim melhor nem pior mãe. Na verdade, se fosse uma mãe verdadeiramente preocupada com os filhos, tê-las-ia deitado à hora do costume e ficado no quarto com elas a zelar pelo seu sono. Mas não, em vez disso, fomos passar o ano a um hotel, tive de pousar o meu copo de vinho para pegar nelas, levei-as para o meio da rua em plena noite gelada (com casaco, pronto) para ver o fogo-de-artifício, e deitei-as já passava da uma. Felizmente, ninguém adoeceu e acho que toda a gente se divertiu muito.

Dez segundos antes de começar a contagem decrescente, a Alice, que já estava ao meu colo, deu-me um abracinho. Assim do nada, o que é minimamente estranho, deu-me um abracinho com direito a palmadinha nas costas. A expressão "de coração cheio" deve vir de momentos destes. Foi por isso que, quando daí a nada a multidão começou a grunhir a contagem decrescente e a Inês se veio agarrar às minhas pernas (provavelmente a pensar que o mundo tinha enlouquecido), eu não me importei nada de passar o ano agarrada às minhas filhas e não a outra coisa mais leve como, sei lá, um copo de gin.

A bem dizer, acho que passei o ano exactamente como queria. Espero que vocês também.

 

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 As miúdas adoraram a ideia de dormir num hotel.

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 O último pôr-do-sol de 2015.

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 O primeiro pequeno-almoço de 2016, com direito a vista.