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Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Fofinho e outros inhos

A Alice está na fase dos inhos. Chuchinha, colinho, pandinha, peixinho, aguinha, cãozinho. Também está na fase do nojo e de não suportar ter as mãos ou a roupa sujas, reagindo como se fosse uma questão de emergência nacional. Numa criança de dois anos, cada uma destas características é engraçada por si só. Mas fica muito mais difícil conter uma gargalhada quando as duas se juntam, como ontem ao jantar, quando a Alice começou aos gritos, verdadeiramente aflita, porque tinha deixado cair comida no babete.

 

- Mãaeeeee! O babete está sujo... de brocolinho!!

Fashion Revolution Week

Nem mais. Em plena busca por alternativas éticas e sustentáveis para comprar roupa, acontece a Fashion Revolution Week, uma campanha de sensibilização que nasceu na sequência da morte de milhares de trabalhadores têxteis no Bangladesh, a 24 de Abril de 2016. Ainda há pouco tempo falei aqui sobre esta questão de saber o que se compra e de onde vem o que se compra. Prometi trazer uma lista de marcas de roupa portuguesas e/ou fair-trade, mas ainda não concluí a minha pesquisa. Para os impacientes deixo aqui a lista elaborada pela Salomé Areias do Fashion Revolution Portugal com algumas marcas de roupa, sapatos e acessórios que seguem princípios éticos de confecção de roupa.

 

O meu amadorismo na costura e o meu pouco tempo não me permitem fazer todas as minhas roupas nem as das minhas filhas. Vou fazendo uma coisa ou outra, mais por gosto do que por necessidade. Mas, nos últimos anos, tenho valorizado bastante este poder que saber fazer nos dá, esta liberdade das teias da moda e da ditadura da sociedade. Por isso, continuo a fazer, ainda que com falhas e imperfeições e muitos atrasos pelo meio.

 

Como esta túnica Wiksten Tova que comecei em Setembro do ano passado, mas cujas mangas me deram cabo do juízo. Assim ficou, de alfinetes postos, à espera de melhores dias - estes dias. Quando me apercebi que esta semana de slow fashion já tinha começado, já era tarde para começar um projecto novo. Foi aí que me lembrei desta túnica inacabada e decidi enfrentar a fera.

Surpreendentemente, não tive problemas com as mangas, mas não sei se gosto muito do resultado final. Não sei se é do tecido ou da fita grega que lhe dá um ar meio folcrórico (foi para esconder uma imperfeição no decote...), se é mesmo do ar largueirão da túnica que mais parece servir melhor a uma grávida do que a alguém não grávida... Já o outro molde Wiksten também é para o largo, estou em crer que não fui eu que aldrabei o molde.

 

Ainda assim, estou feliz por tê-la finalmente terminado ainda a tempo de a vestir na Primavera e determinada a dar uma segunda oportunidade ao molde com um tecido mais discreto.

Desta vez, sei bem quem fez a minha roupa. Sem etiqueta. Com amor.

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#imademyclothes

 

 

(Re)Começos

As pessoas sabem que ando à procura de roupa 100% portuguesa ou marcas de comércio justo e mandam-me links. "Olha, vi esta marca e lembrei-me de ti". Ao mesmo tempo, leio esta notícia e tenho dificuldades em acreditar no cenário cor-de-rosa. De qualquer modo, estou a deixar de comprar roupa nestas lojas. Percebi que é tudo uma questão de planeamento, bom planeamento, para não ter de ir a correr à Modalfa comprar qualquer coisa Made in China. Por exemplo, hoje encomendei três blusas lisas para a Alice que vão ser feitas por uma senhora aqui da margem Sul. Vão demorar uns dias a chegar e não sei de onde vêm os tecidos, mas há coisas que não posso controlar. De qualquer maneira, é um começo. Além de que tenho novos livros de costura.

 

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Oldies but goldies

No carro novo dá para ouvir MP3. O Tiago pôs lá uma pen com uma seleção tão elética de música que mais parece ter sido compilada por uma pessoa bipolar: entre outros, Marvin Gaye, Johnny Cash, Sam The Kid, Nick Cave, Ella Fitzgerald, Nirvana e o seu adorado Cat Stevens. O rock deve ter sido a pensar em mim, se bem que nunca fui pessoa de ouvir Nirvana. Ainda assim, passei a viagem para e do Alentejo - sempre que elas dormiam - a ouvir Nirvana e a pensar se alguma vez as minhas filhas vão gostar da música que nós ouvíamos ou se vão achar o mesmo que eu achava do Demis Roussos da minha mãe. Depois voltei a pensar que nunca mais ouvi música nova, mas felizmente alguém já me fez ver que a culpa não é minha. Dizem-no as estatísticas que, devido à vida e aos filhos, deixamos de ouvir música nova aos 33 anos. Já tive mais pena de ter perdido o interesse e a paciência pela descoberta de música nova. Hoje em dia, outros interesses e ocupações levam-me todo o meu tempo e se não estou a ouvir os Caricas ou a Taylor Swift a pedido das miúdas, volto a uma daquelas músicas de que nunca me vou fartar.

Quando se tornarão oldies as músicas dos anos 90?

 

 

Saia Express (dos tecidos da avó)

Quando morreu, a minha avó costureira deixou-me os seus tecidos. Na verdade, ela não sabe que mos iria deixar. Começou a definhar muito antes de eu aprender a costurar. Mas gosto de pensar que ela quereria que os seus preciosos tecidos, vestidos, lençóis, fitas e galões fossem parar às mãos certas - mãos que os saberiam apreciar e dar uso.

 

A minha filha Inês acredita que as pessoas, quando morrem, se transformam em estrelas e que as pessoas da mesma família, quando morrem, vão viver para o céu todas juntas, formando uma espécie de constelação. Assim, avó, seja em que constelação for que te juntaste ao avô, vê o que acabei de fazer com um dos teus tecidos. Era uma fronha, não era? Agora é uma saia para a tua bisneta Alice. E que linda que lhe fica. Tenho pena que a Inês tenha achado este tecido demasiado infantil para ela (com 5 anos já gosta do Justin Bieber, avó...), mas como me sobrou outro tanto, fiz outra saia igualzinha para a prima delas. O melhor de tudo? Só demorei 45 minutos.

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Destes há mais três caixas de tecidos, toalhas e vestidos para (quase todos) os quais já tenho destino: para fazer mais saias como esta, vestidos para elas e para mim, almofadas, colchas, cortinados... Haja tempo. Haja muito tempo.

Quando as coisas correm bem, é muito fácil

À semelhança daqueles blogues de cores pastel em que parece que tudo vai bem, que os miúdos estão sempre bem vestidos e sem nódoas com mães de lábios pintados a condizer (ou será ao contrário?), hoje também vou deixar de lado as birras, as nódoas, os chichis nas cuecas e as noites más para vos falar de um fim-de-semana a três espectacular! Acho que, se repetir isto muitas vezes, vou conseguir convencer-me de que fui mesmo uma mãe espectacular este fim-de-semana, não gritei vez nenhuma e encarei todos os chichis fora da fralda com um sorriso. Até o cocó na cueca eu achei fofinho! Mesmo fofinho, a sério!

 

Tudo começou com a casa da minha avó em que cresci e passei férias de Verão infindáveis e Natais cheios de recordações, e que os meus pais compraram na sequência das partilhas depois de a mainha avó morrer. Aquela casa traz-me tantas e tão boas recordações que cada vez que lá entro é um regresso ao passado. É normal que queira muito passar isto às minhas filhas, mas a Inês não tem partilhado do mesmo sentimento de pertença à casa ou à aldeia. Diz que a casa é velha e fria, o que não deixa de ser verdade. A culpa é minha que ainda só lá a levei de Inverno. Mas o Verão no Alentejo é demasiado quente e em Sesimbra passam-se demasiadas coisas para querermos sair daqui...

Mas desta vez fui com a missão de criar boas memórias nas minhas filhas, de as levar a passear muito e de as fazer querer lá voltar. Daqui a uns tempos logo vejo se consegui.

 

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Começámos por visitar o Museu de (A) Brincar de que eu gostei mais do que elas, porque quando perceberam que não podiam brincar com as coisas, deixaram de achar piada.

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Fez-me alguma impressão ver um jogo com que costumava brincar em criança como peça de museu. Estamos velhos aos 35 anos?

 

Enquanto a Alice dormia a sesta, levei a Inês à ribeira do Caia. Quando tinha a idade dela, ia muitas vezes para lá ver cágados e fazer richochete na água com pedrinhas, mas não vimos cágados nem havia pedrinhas no meio de um matagal pouco cuidado. Apanhámos, sim, muitas flores campestres e ouvimos muitos sapos que coaxavam numa sinfonia ensurdecedora.

 

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Quando a Alice acordou, fomos passear de novo e acabámos por ir dar à vila da Esperança ver as pinturas rupestres da Lapa dos Gaivões. No início deste ano lectivo, a sala da Inês trabalhou o tema dos homens das cavernas e das pinturas rupestres e acho que ela ficou muito impressionada por vê-las ao vivo.

 

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O resto do tempo foi mesmo espectacular como disse no início. Não tive de separar as manas à noite porque não ficaram nada excitadas por dormirem na mesma cama, dormi a noite toda durante as duas noites em que lá acordei, sem acordar vez nenhuma nem ter tido de trazer a Alice para a minha cama às 5 da manhã, portaram-se super bem no supermercado da vila em que as pessoas olharam todas para as minhas duas filhas super bem comportadas e a ida ao restaurante correu às mil maravilhas sem ser preciso mudar a Alice duas vezes nem fingir que ela não tinha feito cocó nas cuecas nem nada. Foi mesmo fora de série.

Especialmente a viagem de regresso, em que vieram a dormir.