Já sabem que aqui não encontram posts patrocinados e que raramente falo de marcas da minha própria iniciativa, a não ser que seja um produto que tenha mesmo de recomendar porque é extraordinário (não há assim tantos). Prefiro recomendar serviços. Não sou muito de coisas ou de marcas. Em contrapartida, também não costumo vir dizer mal de marcas ou serviços, mas desta vez vou abrir uma excepção à regra (tal como abri uma excepção à regra de não ir nunca ao McDonald's...).
A mais velha já me andava a pedir há algum tempo para ir ao McDonald's. Porque há brinde e os amigos dela vão. Não sendo argumentos que me convençam, sempre recusei, dizendo-lhe simplesmente que nós não temos por hábito ir ao McDonald's. Mas um dia antes de a escola começar, quando ainda nos faltava comprar mais de metade do conteúdo da lista de material exigido pela professora, fomos ao centro comercial tratar de tudo. Como chegámos pela hora de almoço, comemos por lá e permiti que fôssemos ao McDonald's. Em contrapartida, ela só tinha de comer a sopa toda. Ela aceitou e fomos.
Pedi uma salada, ela os douradinhos, comeu a sopa toda e partilhou as batatas comigo, enquanto brincava com o boneco que lhe calhou de brinde. Mas não é da comida que vos venho falar, ou do serviço. É do lixo.
Sim, lixo. O lixo que o McDonald's produz em cada tabuleiro que serve. Pode ser por andar a ler o livro Zero Waste Home da Bea Johnson (em português, Desperdício Zero), andar a pensar seriamente em fazer compostagem caseira para reduzir o lixo doméstico e o número de coisas embaladas que ainda compramos me incomodar cada vez mais, ou pode ser simplesmente porque, independentemente do livro que estou a ler no momento, ser sensível a esta questão do lixo que fazemos. Pessoalmente, e estou apenas a falar de mim e não do meu agregado familiar, implementei algumas medidas simples para fazer menos lixo, como os discos de limpeza da pele reutilizáveis ou usar o copo menstrual. Mas cá em casa ainda se produz muito lixo e não é coisa que me deixe indiferente.
Por isso, quando me sentei à mesa com dois tabuleiros do McDonald's e comecei a desembrulhar a comida, tive uma pequena crise de ansiedade. (Só o termo "desembrulhar a comida" me faz confusão, mas foi mesmo isso que aconteceu.) Não queria acreditar na quantidade de plástico e papel descartável que é precisa para duas refeições. Não havia nada que pudesse voltar a ser utilizado. Nada! Desde o recipiente da sopa, aos talheres, às embalagens para o azeite, o ketchup, a salada (com uma tampa extra com compartimentos para separar os ingredientes que acabam por ser misturados, não fosse aquilo uma salada!), as batatas, os douradinhos, o sumo, o brinde, tudo era de plástico, cartão ou papel pronto para usar e deitar fora. Isto que vêem na imagem encheria o meu balde do lixo até meio.
E é mesmo necessário, pergunto eu? Se fosse ao sushi ou ao H3, o máximo de lixo que produziria seria o embrulho dos talheres e o copo da bebida, caso quisesse bebida. Talvez também o papel do tabuleiro e as indispensáveis (?) facturas. Tudo o resto (prato e copo, pelo menos) é reutilizável. Não estou a dizer que qualquer uma destas opções é melhor do que ir ao McDonald's. Bom, para mim é, mas é uma questão de gosto e estilo de vida. Mas, em termos do volume de lixo que é necessário para uma refeição, o McDonald's (e calculo que qualquer outra cadeia de fast food onde impera a premissa do "rápido e fácil") é capaz de estar no topo dos mais poluentes. E depois separação de lixo nem vê-la. Não sei se procedem a uma separação de lixo interna, mas na loja todo o conteúdo dos tabuleiros é despejado para um só depósito. Fácil e rápido. Longe da vista, longe do coração.
Enquanto estava a comprar a comida, reparei que a cadeia tem agora imensas preocupações com a saúde dos consumidores. Ele é opções sem glúten e sem lactose, ele é informações dietéticas. Acho muito bem. Só é pena que o ambiente não seja também um consumidor pagante. Porque se fosse, aposto que teriam muito mais cuidado na forma como o tratam.