Das coisas que não quero saber
Ainda no último post falava de pena, de ter pena, de ser alvo de pena, quando ontem o Nick Cave, logo no início do documentário sobre a realização do álbum que saíu hoje assombrada pela morte do seu filho Arthur o ano passado, dizia, numa tradução livre: "quando foi que me tornei um objecto de piedade?"
Queria muito falar sobre o documentário que vi ontem, mas os sentimentos ainda estão demasiado enrodilhados em mim. Cheguei a casa com aquela última música do genérico cantada pelo Arthur Cave ainda na minha cabeça e tive dificuldades em adormecer. Não sei o que é perder um filho. Não quero saber. Quando, por fim, me obriguei a parar de pensar nisso, concentrei-me nas minhas duas filhas a dormir, refasteladas, no quarto ao lado e acabaria por adormecer agarrada à ideia reconfortante de que as coisas se mantenham sempre assim.