A Manta
Agora sim. Quatro meses depois da primeira aula na Retrosaria e quase dois anos depois de ter tido a ideia de fazer uma manta de retalhos, a Manta está, finalmente, pronta. Foi, sem dúvida, um projecto de amor e dedicação, com algumas frustações pelo meio e uma máquina de costura que deu os primeiros sinais de cansaço. Em retrospectiva, não hesito em dizer que a fase criativa foi a que mais me custou, a fase em que temos de escolher os tecidos e, depois de os escolher, passar à composição do desenho. Vi-me e desejei-me e amaldiçoei a minha escolha várias vezes, até que, aos poucos, tudo começou a fazer sentido e comecei a ficar satisfeita com o resultado. A parte que mais gozo me deu, curiosamente, foi coser o viés à mão. Ao contrário do que pensava, coser à mão é incrivelmente relaxante. Há um certo ritmo que nos permite divagar nos pensamentos ao mesmo tempo que vamos estando atentas aos movimentos da agulha. É coisa para se fazer ao serão, enquanto se vê uma série, mas como nem sempre tenho serões, demorou mais a terminar do que o previsto. Agora que está pronta, já só penso na próxima: a colcha para a cama da Inês que tem estado dobrada à espera que aperfeiçoasse as técnicas de acolchoamento.
É uma colcha para o inverno, com um enchimento diferente, mais fofinho, que requer um pé calcador próprio para quilting, que agora já tenho. Não há desculpas, portanto.
Os padrões, quer de uma quer de outra, denotam uma certa preferência por padrões com cruzes e sinais mais, mas foi a mais pura das coincidências. Pode ser que a próxima manta, uma outra que há dias se atravessou na minha mente, venha a ter uma compleição diferente.