Aposto nas saudades
A meio da semana, enquanto a mais velha estava de férias com os avós, a mais nova começou a ficar rabugenta, ranhosa e febril. Não comia, não sorria. À noite, também não dormia e, depois de duas noites a dormir à beira da sua cama e a embalá-la nos braços de 20 em 20 minutos, a semana de separação chega ao fim e as manas voltam a brincar juntas. Nessa noite, a Alice não voltou a ter febre e nos dias que se seguiram recuperou toda a boa disposição e energia que lhe são características.
O pai delas, homem racional e pragmático, acha que foi só mais uma daquelas viroses inexplicáveis da Alice, que passou por que tinha de passar e pronto. A mãe delas, mulher romântica e dada a alguns exageros, acha que a Alice sentiu na pele, pela primeira vez, o que é ter saudades.
Acho que nunca o saberemos, mas pelo sim pelo não já avisei os avós que para o ano têm de levar as duas juntas.