Desarranjos
A minha máquina de costura foi a arranjar pela segunda vez. Da primeira vez foi para ajustar a tensão, cobraram-me 5 euros, mas veio de lá pior do que estava. Voltei, reclamei e disseram-me que, provavelmente, eu é que não sabia enfiar a linha. Comecei-me a rir, não que eu ache que sei meter a linha como ninguém, mas por achar que uma pessoa não desaprende a pôr a linha assim de um dia para o outro. Três anos depois de uso semi-intensivo, a máquina perde tensão e eu é que deixei de saber pôr a linha. Quer-se dizer.
Seguiu-se um pequeno bate-boca entre cliente e funcionária, que lá acedeu em voltar a chamar o técnico e averiguar em profundidade de que males padece a máquina. Demasiados dias depois, telefona-me para ir buscar a máquina. Como previsto, a máquina não sofre de nenhum mal, a tensão está ajustada, como se pode ver pelo tecido com pontos que o técnico deixou, a dona é que não sabe meter a linha. Posto isto, dá para cá dez euros, o dobro do que pagaste da última vez, que é para aprenderes a não nos fazeres perder tempo.
No entanto, nem tudo está perdido. É que, assim como desaprendi a enfiar a linha de um dia para o outro, também devo ter aprendido a enfiar a linha de um dia para o outro, porque desde que veio do não-arranjo que já fiz uns calções, umas bainhas e estou mesmo quase a acabar a manta. Desta é que é.