E, no fim do Verão, ela nadou
Não sei por que é que, de todos os miliários da vida de uma criança (primeiro dente aos seis meses, primeiros passos aos 13, primeiro dia de escola), não se inclui a primeira vez em que uma criança nada sozinha no mar com braçadeiras. Não falo do dia em que a criança aprende a nadar efectivamente, sem quaisquer ajudas. É óbvio, e acho que ninguém nega, que esse é um dia memorável (quem não se lembra ainda do dia em que aprendeu a nadar?). Falo do dia em que uma criança consegue nadar sozinha com braçadeiras em pleno mar. É um passo enorme, um acto de coragem inegável, especialmente se estamos a falar de uma criança que ainda não fez 3 anos e ainda no início do Verão morria de medo de ir a banhos e agora já consegue largar a mão da mãe ou do pai e avançar dez metros para "mar alto". Nunca ninguém fala disso, nunca ninguém se lembra (eu não me lembro do dia em que nadei sozinha pela primeira vez com bóia ou braçadeira...), nunca ninguém dá a importância devida a esse marco, só porque é com braçadeiras e não é realmente nadar. Pff para vocês que só aprenderam a nadar aos 8 anos.
A felicidade estampada no rosto dela ao ir do pai para a mãe e da mãe para o pai, a auto-estima que florescia e o nosso orgulho por termos conseguido proporcionar-lhe tamanha sensação são sentimentos absolutamente impagáveis. Inestimáveis. Inexcedíveis. Não trocaríamos este fim-de-semana que passou por programa nenhum que nos trouxesse qualquer outro tipo de felicidade efémera. A nossa filha cresceu mais um bocadinho, nós estávamos lá para ver e se alguém me diz que qualquer criança de 2 anos consegue nadar com braçadeiras leva já com uma nas trombas!