Iletrada
Ao sair da Feira do Livro (contexto importante para o final da história), um senhor parou a olhar para a Alice, perguntou se eu era a mãe e se conhecia o poema do Alfredo Marceneiro sobre as crianças. Respondi-lhe, claramente sem pensar nas consequências, que não, mas que teria muito gosto em conhecer.
Começou por recitar,
"É tão bom ser pequenino,
Ter pai, ter mãe, ter avós,
E ter esperança no destino
E ter quem goste de nós"
e depois, como deve ser uma infâmia não conhecer a poesia do Alfredo Marceneiro, desatou a recitar vários poemas de Almada Negreiros e outros de que já não me lembro, porque entretanto perdi-me no raciocínio, terminando com uma citação de Fidel Castro (juro) sobre a necessidade de ler quando nada mais há a fazer. No fim, pergunta-me:
"Acendi uma chama? A menina promete-me que vai começar a ler?"
E rodopia, triunfante.