O fundo das coisas
Ultimamente tive uma série de crises de ansiedade que se revelaram inúteis. A divisa irritante de que a vida se resolve sozinha mostrou ser, afinal, fidedigna. Não valia a pena ter passado meses a debater-me com uma questão que, no final, acabou por ser bastante simples. No seguimento disto, percebi que quanto mais importância dou às coisas, quanto mais falo delas ou penso nelas, mais elas crescem em mim, tomando proporções por vezes desajustadas que só me causam ansiedade. E depois volto ao início. Isto parece um bocado como a lógica da batata, mas sinto que cheguei a uma grande conclusão.
E foi assim que resolvi deixar de dar tanta importância a certas coisas. Talvez até comece a ler sobre Mindfulness e isso. Fiz ontem um exercício para ver se resultava e correu bem. O exercício consistiu em não fazer nada sobre uma coisa que aconteceu, não falar sobre ela, não ligar, simplesmente deixar ir. E a verdade é que deixei de pensar nela. Depois, por um feliz acaso agraciado pelo bom tempo que tudo seca, consegui ver o fundo ao cesto da roupa suja, que era coisa que não acontecia há uns largos meses. Mesmo que seja feito para não durar muito, é sempre bom ver o fundo às coisas.