Quem diz a verdade...
Depois de um primeiro trimestre de gravidez completamente desinteressada das costuras, lá recuperei a vontade de costurar umas coisinhas para a descendência. Comecei por umas botinhas de bebé (imbuída de espírito maternal depois de ter visto o segundo aos pulos no ventre), mas que não me correram bem e estão à espera de dias melhores (ou do dia em que vou descobrir como enfiar uma coisa tão pequena debaixo do pé calcador - diz que é possível!).
Optei, então, por repetir terreno conhecido e fazer saias e vestidos básicos-mais-básico-não-há para a primogénita. O primeiro correu bem, vai daí, resolvi dar-lhe com força e repescar as capulanas que trouxe de Moçambique nas últimas férias.
Feita a "saia dos elefantes" que ela adorou mas que não lhe serviu (...), resolvi fazer-lhe outra saia, desta vez com as medidas certas. Não sei o que aconteceu, mas a saia passou de saia a blusa por um acaso inexplicável, com fita para o cabelo a condizer. No dia seguinte - hoje - mostrei-lhe, para a primeira prova, convencida de que ia gostar só porque o tecido tinha elefantes.
Quando lhe coloquei a fita na cabeça, foi-se ver ao espelho e saiu-se com um:
- Mamã, isto é do cozinheiro!
(Oi?)
(Oi?)
E depois fez um esgar de dor para que lhe tirasse a fita.
Perdida por cem, perdida por mil, vamos lá experimentar a blusa.
Assim que a viu, a reacção não podia ser mais esclarecedora:
- Mamã, é feio!
E eu, literalmente com cara de cu, ainda ouvi o pai dela a rir no quarto e a vir a correr desmentir, por piedade ou sinceridade, não interessa agora, antes que me desse uma crise de choro de grávida. Não deu, mas, depois de pensar em colocar aqui uma foto dos espécimes, percebo que, depois disto, a minha auto-estima ainda não está completamente refeita.