Saia Express (dos tecidos da avó)
Quando morreu, a minha avó costureira deixou-me os seus tecidos. Na verdade, ela não sabe que mos iria deixar. Começou a definhar muito antes de eu aprender a costurar. Mas gosto de pensar que ela quereria que os seus preciosos tecidos, vestidos, lençóis, fitas e galões fossem parar às mãos certas - mãos que os saberiam apreciar e dar uso.
A minha filha Inês acredita que as pessoas, quando morrem, se transformam em estrelas e que as pessoas da mesma família, quando morrem, vão viver para o céu todas juntas, formando uma espécie de constelação. Assim, avó, seja em que constelação for que te juntaste ao avô, vê o que acabei de fazer com um dos teus tecidos. Era uma fronha, não era? Agora é uma saia para a tua bisneta Alice. E que linda que lhe fica. Tenho pena que a Inês tenha achado este tecido demasiado infantil para ela (com 5 anos já gosta do Justin Bieber, avó...), mas como me sobrou outro tanto, fiz outra saia igualzinha para a prima delas. O melhor de tudo? Só demorei 45 minutos.
Destes há mais três caixas de tecidos, toalhas e vestidos para (quase todos) os quais já tenho destino: para fazer mais saias como esta, vestidos para elas e para mim, almofadas, colchas, cortinados... Haja tempo. Haja muito tempo.