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Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Agora que penso nisso, a culpa foi do queijo

Depois do pesadelo da noite de ontem, cujo total de horas dormidas não deve ter ultrapassado as três, quando hoje acordei às duas e meia da manhã, depois de estar a dormir há 3 horas sem interrupções, senti-me profundamente feliz e afortunada. Dormir 3 horas sem interrupções é, desde há várias noites, uma bênção dos deuses. Como sempre que acordo feliz e recuperada me costuma dar a fome, antes de voltar ao quarto ainda passei pelo frigorífico e roubei uma fatia de queijo que é daquelas coisas que gosto de comer no escuro (whatever).

Tivesse eu sabido o que me esperava no quarto e tinha-me demorado um pouco mais à porta do frigorífico. Entre amamentar a Alice e perceber que o motivo por que ela não conseguia voltar a adormecer era fome (maminhas já viram melhores dias) passaram três horas, (caso não tenham percebido: 3 horas), durante as quais houve tempo ainda para acudir à mais velha, que acabou por se vir enrolar na nossa cama, e adormecer a mais nova ao colo, tal era já o desespero. Quando voltei a adormecer, já perto das seis, ainda levei com uma série de pontapés da mais velha para acordar com o despertador pouco depois e não acreditar muito bem no que me estava a acontecer. Só acreditei quando me olhei ao espelho e percebi que, no lugar da cabeça, tinha uma grande e redonda bola de râguebi. Ou qualquer outra coisa de forma e tamanho semelhantes.

Oh Carol...

Não era para ter sido já, mas já era para ter sido há mais tempo. A mais velha dormiu ontem, pela primeira vez, uma noite inteira sem chucha. Foi um feliz acaso com a ajuda da grande força de vontade do pai, da fantástica criatividade musical da mãe e a par de um mínimo de colaboração da visada! Pode dizer-se que foi um sucesso, se bem que a nossa noite de True Detective tenha sido altamente comprometida. 

Com o nascimento da irmã a dependência da chucha intensificara-se e nós tentámos nem fazer muito caso disso, pois estávamos à espera de algum tipo de regressão. Mas já há umas semanas que tínhamos conseguido limitar o uso da chucha só às horas de descanso, como já acontecia anteriormente. Íamos mandando algumas bocas em como já seria altura de largar a chucha, mas depois desperdiçávamos boas oportunidades de a ajudar no processo, como, por exemplo, no fim-de-semana passado quando fomos de fim-de-semana e eu não consegui encontrar nenhuma das suas trezentas chuchas cá em casa (foram encontradas mais tarde debaixo de algum móvel e escondidas imediatamente). A única chucha que havia era uma que "fazia barulho", ou seja, estava mordida e entrava ar, estando totalmente imprópria para consumo. Em vez de aproveitarmos a deixa, fizemos o que quaisquer pais que têm séries fixes para ver à noite fariam: fomos comprar-lhe outra chucha, depois de ela própria ter atirado ao lixo a chucha estragada. Ficou, no entanto, explícito que aquela era a única chucha que restava e que quando a perdesse ou estragasse, acabavam-se as chuchas. Por um feliz acaso, ou não, dois dias depois a chucha nova apareceu toda mordida. Num acesso único de lucidez, o pai aproveitou a deixa e disse-lhe que isso acontecia recorrentemente às suas chuchas porque ela tinha os dentes muito fortes e meninas com dentes fortes já não podiam usar chucha, pois mordiam-nas, entrava ar e o ar fazia mal à barriga. Parece tão básico, não é? Nunca pensei que ela fosse na conversa. Mas foi. Foi pôr a chucha no lixo e a coisa ficou por ali.

À hora de deitar ainda me perguntou pela chucha, ao que eu a relembrei do que tinha acontecido e não se falou mais no assunto. Nada de birras nem de choros nem de súplicas. Pelo menos durante os vinte minutos que se seguiram. Ainda pusemos o True Detective e conseguimos ver três minutos. Mas depois começámos a ser interrompidos de dez em dez segundos e lá nos resignámos. A coisa estava mesmo a acontecer. O processo ainda estava no início e ela precisava de ajuda para superar a falta que a chucha lhe fazia. Foi quando o seu pequeno cérebro foi buscar ao subconsciente formas de substituir a falta da chucha pelas saudades da sua prima Carol que mora em Inglaterra e que, por outro feliz acaso, tinha cá estado e tinha ido nesse dia com ela ao parque (ou aos parques, ver em baixo). E então a Inês começou num crescendo de saudosismo que começou agarrada à única foto que há em casa com a prima Carol (acabaria por dormir com a foto), continuou com um choro absolutamente inconsolável e acabou comigo na cama com ela a cantar-lhe A Música da Carol. Não esta, mas uma inventada por mim no momento. Muito melhor, portanto. Um autêntico hit da Billboard. 
(Nunca desejei tanto ser o Vasco Palmeirim...)

Tentei basear-me na melodia da Capitão Romance, mas depois a coisa descambou e ficou a melodia mais feia que possam imaginar. Não. Mais feia ainda. Isso. Assim mesmo feia. E macambúzia. E sem qualquer rima.

Começava assim:

Um, dois, três [rock n' roll!]
A Carol é minha amiga
A Carol é minha prima
Tem longos cabelos
e olhos tão belos

Esta foi a única de seis estrofes que se aproxima mais de uma rima. Yep.

Continuava assim:

A Carol é minha amiga
E eu gosto tanto dela
Fomos passear prós parques [foi ela que me obrigou a usar o plural aqui...]
E foi muito divertido

A Carol é minha amiga
Fez-me desenhos tão belos
Com flores e borboletas
E o meu nome escrito neles [quase, quase rima!]

Úhuhuhuh!

E não posso continuar porque as restantes estrofes desvendam segredos insondáveis da nossa família, como nomes e isso... De qualquer maneira, acho que perceberam a ideia. Depois de cantar a música toda a primeira vez, pensei seriamente que tivesse acabado de causar algum trauma musical à miúda ou que não a tivesse ajudado minimamente a acalmar-se daquele choro pegado. Mas ela não só foi parando de chorar e soluçar, como me pediu para cantar outra vez. E  outra vez. E outra vez. E às tantas tive de adicionar mais não sei quantas estrofes à obra-prima, tendo ficado assim uma espécie de Ode à Carol camoniana. 

E uma hora depois, à meia-noite e dez, eu já rouca e afanada, ela adormeceu. Sem chucha. Nem dedo. Nem nada.

Se alguém quiser passar a música para uma pauta, está à vontade, que não levo nada pelos direitos de autor.

Como adormecer um bebé em dois passos

Como adormecer um bebé em dois passos:

1 - Pôr o bebé no berço.
2 - Ligar o secador de cabelo, colocando-o num sítio seguro, sem tapar, para anular qualquer risco de sobreaquecimento. O melhor é colocá-lo no chão.

É tão fácil que parece mentira, não é? Vamos aos factos.

Já todos ouvimos falar de bebés que adormecem ao som do aspirador ou da máquina de lavar roupa, aparelhos que produzem o chamado ruído branco. Há uma explicação lógica para isto. Dentro da barriga, os bebés estão habituados a todo o tipo de ruídos, desde o barulho constante do fluxo sanguíneo, dos batimentos do coração da mãe, aos barulhos intestinais, incluindo mesmo, a uma dada altura, os barulhos do mundo exterior que vai começando a percepcionar. Quando nascem, fica de repente tudo muito silencioso. Imagino que as noites devam ser assustadoras para eles, quando toda a gente em casa anda em bicos de pés tentando fazer o menor ruído possível... 

Já tínhamos ouvido os rumores do aspirador quando a mais velha nasceu, mas como pôr um aspirador a trabalhar no quarto não dava muito jeito, optámos por experimentar com o secador de cabelo e o resultado foi surpreendente. A bebé acalmava imediatamente e, pouco depois, estava a dormir. O processo nunca demorava mais de 20 minutos. Começámos a recorrer ao secador sempre que ela tinha dificuldades em adormecer e foi uma feliz parceria até mais ou menos aos três meses. A uma dada altura, ela deixou de se acalmar com o secador e foi preciso recorrer à velha técnica de embalar com colo, festinhas na testa, canções de embalar, chucha ou mesmo deixá-la chorar um bocadinho. Nunca senti que ela se tinha habituado ao secador ou que estivesse a ser uma mãe preguiçosa. Percebi que recriar a vida no útero poderia facilitar a sua adaptação ao mundo exterior e, depois, pouco a pouco, podia ir ensinando a bebé a adormecer sem a ajuda de estímulos auditivos. E assim foi.

Com a Alice continuámos a recorrer ao secador e, confesso, até eu própria já adormeci com o barulho. Mas não podemos andar com o secador para todo o lado. Por isso, desta vez inovámos e descobrimos outras fontes portáteis de ruído branco. 
Na noite da passagem de ano, estávamos em casa de uns amigos e a Alice tinha tido um final de dia especialmente difícil por causa das cólicas. Faltava pouco tempo para a meia-noite e eu, bom, tinha passado a noite no quarto dos meus amigos a amamentar e a tentar acalmá-la e, mesmo que não pudesse beber champanhe, não queria passar a meia-noite fechada no quarto. Então pus-me à procura no telemóvel de sons de ruído branco no Youtube. Foi então que encontrei este vídeo: Fall Asleep Fast! 10 Hours of White Noise. Yep. 10 horas. Tinha a noite feita!

No dia seguinte, comecei à procura de apps com white noise para o telemóvel. É um mundo, senhores! Seleccionei uma, gratuita, que ainda utilizo, embora não seja tão eficaz como o bom e tradicional secador. Chama-se mesmo White Noise e tem também outros sons, como o da chuva a cair, ondulação, barulhos da floresta, grilos a cantar, etc. Basicamente, há sons para adormecer para todos os malucos!

Por último recomendo a visualização do vídeo que se segue. Não sou particularmente fã do Dr. Phil, mas acho que este Dr. Harvey Karp acerta na mouche com as suas 6 sugestões infalíveis, diz ele, para adormecer um bebé.


Bom soninho!