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Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Cozinhar com o amor das mãos

No domingo passado voltei ao Aloha para mais um workshop, desta vez para fazer uma ementa de Natal alternativa. Não vou ser eu a cozinhar no dia de Natal e, se fosse, muito dificilmente iria fazer um rolo de seitan, mas a verdade é que a cozinha macrobiótica (e o modo de vida macrobiótico no geral) me intriga bastante e me sinto muito tentada a saber mais. A Filipa, que deu o workshop, é uma pessoa apaixonante que fala da comida como se fosse um gatinho cutchi-cutchi e que nos deu a conhecer um pouco a sua vida fora dos padrões normais. Também eu gosto de fugir dos padrões normais da sociedade consumista e esclavagista, mas costumo dizer que não sou fundamentalista, o que é o mesmo que dizer que nem sempre me sinto preparada para sair da minha zona de conforto. Sou adepta de um estilo de vida mais natural apenas quando isso não me compromete muito o ritmo do dia-a-dia. Agora que penso nisso, acho um bocado cínico. 

 

Felizmente temos sempre a comida que, quando é de qualidade e feita com o amor das nossas mãos, como dizia a Filipa, nos lembra de que uma alimentação saudável não tem de ser sensaborona. Se alguém ainda pensa nisso, está a informar-se nos sítios errados.

 

Algumas fotos do que se fez e comeu no workshop:

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Sopa de rutabaga com maçã 

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 Rolo de seitan com risotto de beterraba

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 Pudim natalício (de sêmola de milho)

 

(Vejo tantos blogues com publicidade descarada e posts patrocinados às dezenas por mês que me sinto sempre no dever de dizer que este não é um post patrocinado (nem nenhum neste blogue). É claro que podem e devem ir ao Aloha, porque se come lá muito bem e, se forem, podem dizer que vieram da minha parte que a Constância vai certamente ficar muito feliz.)

Um dia de Whole30

Hoje é o último dia do nosso Whole30. A nossa quaresma também acaba esta semana, mas quem é que já quer saber da quaresma...
Estes últimos dois dias de Whole30 têm custado um pouco mais, talvez por saber que o fim se aproxima e desejar que acabe depressa. Confesso que esta "dieta" é um pouco restritiva. Por exemplo, não vejo mal nenhum em comer arroz e outros cereais como aveia, cuscuz, quinoa e leguminosas e estou desejosa de poder voltar a comer estes alimentos. Combinámos que não vamos a correr comer doces no dia 1. Vamos esperar pelo almoço de Páscoa e vamo-nos limitar a apenas um doce. O resto dos alimentos iremos introduzir aos poucos, para o corpo não achar que isto voltou a ser o da Joana...

Mas, afinal, em que consiste um dia Whole30? O que se come? O que não se pode comer já vocês sabem. Mas como se consegue sobreviver a 30 dias sem pão, nem leite, nem massa, nem chocolatinhos?

Pois bem, eis um dia típico do Whole30:

Pequeno-almoço
Começa-se com um bom pequeno-almoço, normalmente com ovos e fruta. Já dei alguns exemplos de pequenos-almoços saudáveis aqui. Nesta foto vê-se o pequeno-almoço de ontem: chia hidratada de véspera em leite de coco com morangos, bananas, mirtilos e mistura de sementes.



A meio da manhã
Snack simples como frutos secos, um ovo cozido, batata doce assada ou maçã com tahini (pasta de sésamo) ou pasta de amêndoa.

Foto retirada daqui, porque as minhas ficaram sempre feias

Almoço
Sopa e uma salada rica com 80% de verdes e sementes germinadas e o resto com carne, peixe ou ovo. Quando digo rica, não me refiro só à variedade e carga de nutrientes. Refiro-me também à quantidade: normalmente pegamos na maior taça de salada que tivermos em casa e enchemo-la com alface, rúcula, tomate, espinafres, couve, azeitonas, you name it. É mesmo para encher o bucho sem culpa. Depois vem o acompanhamento. O objectivo é tornar a salada o prato principal e a carne/o peixe o acompanhamento, e não ao contrário.


Lanche
Os mesmos snacks da manhã ou uma taça de fruta com canela.

Jantar
Igual ao almoço: sopa e salada. Mas não pensem que só comemos salada. Nada disso. Há dias em que temos tortilha, pernas de frango no forno, salteado de legumes, lombo de salmão ao sal, peixe no forno, empadão de carne picada e couve flor... Não é obrigatório comer só salada, claro. Na verdade, no Whole30 podem fazer e adaptar imensas receitas desde que respeitem os ingredientes estipulados e os proibidos. Podem substituir o arroz por "arroz de couve-flor" (o Jamie Oliver tem uma receita disto) ou o esparguete por "esparguete de courgete". Dá mais trabalho, é verdade. Pesquisar alternativas também dá mais trabalho. Mas quem quiser mesmo mudar a alimentação, seja porque razões forem, será recompensado.

Eu espero ser recompensada amanhã, quando me pesar, e na quinta, quando for levantar os resultados da análise ao sangue que fiz na reta final do Whole30 (calhou bem, não foi de propósito). Não há nada melhor do que aliar a perda daquelas gordurinhas insistentes com uma melhoria notável do estado geral da saúde e, ainda, prazer em comer! Ter uma alimentação saudável não é comer comida de coelho nem fazê-lo só para emagrecer ou porque está na moda. Não é uma frivolidade. É uma necessidade. Gostava que mais gente percebesse isso.

Bolachinhas sem culpa

Hoje li, numa daquelas revistas femininas com conselhos e artigos para tudo, que aquelas pessoas que compensam as falhas emocionais com comida não têm, na verdade, culpa nenhuma de serem fracas de espírito. Têm, sim, falta de crómio. Não posso, nem quero, dar dados estatísticos que corroborem isto. Dá um jeitão pensar que, afinal, as minhas facadinhas na alimentação saudável não são culpa minha nem podem ser evitadas porque, afinal, a culpa é do crómio! Sendo assim, não foi de estranhar que hoje tenha dado uma facadinha no Whole30...

Apesar de estar um dia lindo (eu sou daquelas pessoas que se deixa afetar pelo mau tempo), estive de mau humor durante grande parte do dia. Começou quando os planos que tínhamos para o dia saíram furados e tivemos de nos contentar em ficar aqui pela zona. Eu, que trabalho em casa e estou sempre por aqui, ando sempre mortinha por ver caras novas e paisagens diferentes ao fim-de-semana. Por isso, a alteração de planos não me pareceu lá muito bem. Como se já não bastasse, durante o passeio improvisado que demos de manhã para aproveitar o sol, o meu iPhone caiu e o vidro do ecrã estilhaçou-se. Como podem calcular, o meu humor não melhorou... Depois ainda tive de ouvir o homem durante 10 minutos sobre a importância do relativizar e de não deixar que uma coisa tão tola como partir o ecrã do iPhone de 500 euros me estrague o dia. No fim, fiquei sozinha mais a minha descompensação, porque o homem tinha bilhetes para a bola. E o resultado foi este: bolachinhas de dois ingredientes, sem açúcar adicionado, sem glúten, sem lactose, mas com aveia, que está proibidíssima no Whole30! Não sei o que diz o programa sobre as facadinhas, porque não li essa parte, mas estamos a 3 dias do fim e, bom... pronto... paciência! Era pior se tivesse ido ao café comer um mil folhas. Eu nem gosto de mil folhas.

A parte boa se não comer doces há quase 30 dias é que estas bolachinhas, que só têm o doce da banana, me souberam a ginjas! Só ia comer uma para provar e acabei por comer umas três ou quatro. As minhas papilas gustativas nem podiam acreditar na sua sorte! As miúdas adoraram, eu fiquei mais compensadita e não sobrou uma para contar como foi. 

Bolachinhas de dois ingredientes



Ingredientes
Duas bananas maduras
Uma chávena de flocos de aveia
Para polvilhar usei coco ralado, nozes, miolo de amêndoa e flocos de milho (os preferidos da Inês)

Como fazer
Com  um garfo, reduzir as bananas a puré. De seguida, juntar os flocos de aveia e mexer bem até obter uma massa consistente.
Num tabuleiro com papel vegetal, colocar colheradas da massa em forma de bola. Decorar com coco ralado, flocos de milho (daqueles da Kellogg's ou semelhante), nozes partidas aos bocadinhos, miolo de amêndoa, canela, amêndoa em palitos, pepitas de chocolate e o que a vossa imaginação (e balança) vos pedir.
Vai ao forno pré-aquecido a 180 graus, durante 12 a 15 minutos ou até ficar tostadinho.

Por causa dos ingredientes que levam, não são bolachas estaladiças e no meio têm uma consistência mole e agradável, com o creme da banana a contrastar com os flocos de aveia sólidos... A melhor parte? Podemos comer o "pacote" todo sem sentir culpa! Bom, se não estiverem a fazer o Whole30, claro...

Mudanças


A quaresma e o Whole30 estão a acabar (próximo dia 31) e não me consigo decidir se a primeira coisa que vou comer no dia 1 é sushi ou uma torrada em pão caseiro da Azóia barrado com manteiga Milhafre derretida... Mas o mais provável é que não vá a correr empanturrar-me em glúten nem doces. Tanto que, por
 incrível que pareça, não me apetecem doces e ando a guardar, para fazer depois, imensas receitas saudáveis com ingredientes que me estão vedados agora, como a aveia, a quinoa e o grão. Ao fim de quase 30 dias sem asneiras, percebo que o corpo se habitua tanto a uma alimentação saudável como a uma alimentação com muito açúcar e comida processada, é só uma questão de consistência. Às vezes, quando penso nisso, parece que oiço o meu corpo pedir-me que continue assim, mas com menos restrições (o arroz começa a fazer-me falta) e que o vá tratando bem, que ele tratará de me recompensar de volta.
E foi assim que, como se a maluquice do Whole30 não bastasse, em Abril decidimos que vamos ter o mês do exercício físico. Duvido que vá fazer grande alarido desse desafio. Não me estou a ver a postar fotos de mim a fazer agachamentos...

Já fotos de smoothies é coisa que é capaz de começar a aparecer por aqui.

(As minhas desculpas. Este blog é meio esquizofrénico, eu sei.)