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Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Gostar de ti

Quando fui mãe, percebi que ia ter um desafio. Além de todos os desafios inerentes à maternidade, eu iria ter um desafio especial em transmitir segurança e autoestima às minhas filhas. Há umas semanas, a minha filha mais velha, de apenas cinco anos, começou a queixar-se dos sinais que tem na zona do decote, que eram feios e queria escondê-los. Não sei se alguém lhe chamou a atenção para os sinais, se foi ela própria que reparou neles e decidiu que eram feios. Ainda tentei dissuadi-la, mas nesse dia foi para a escola de lenço enrolado no pescoço. Passei o dia todo o pensar nisso. No dia seguinte, não a deixei pôr o lenço ao pescoço. Recordei-a de que a mamã tem um problema num pé e numa perna e que as pessoas olham para as minhas cicatrizes, mas que, ainda assim, às vezes ando de saias ou calções. Temos de gostar de nós como somos e não deixar que ninguém diga como devemos ser. Ela percebeu e não voltou a pedir para tapar os sinais. Porque, às vezes, a mamã anda mesmo de saia ou calções e, por isso, a mamã faz o que diz.

Há apenas dois anos não poderia ter dado o exemplo. Como é que eu lhe poderia dizer que não devemos ter vergonha do nosso corpo quando eu tinha vergonha do meu? O que lhe responderia se me confrontasse? Felizmente, já não estou nessa posição. Felizmente, estou a construir uma suficiente dose de autoestima em mim para a poder passar às minhas filhas.

Gostava que o tivessem feito por mim. 

 

Este trailer é de um filme visa inspirar as mulheres em todo o mundo a gostarem de si mesmas. Infelizmente, está a ser banido das saladas de cinema por, aparentemente, mostrar "demasiada carne". Vê e partilha se te identificas e se gostarias de o ver numa sala de cinema. Vê e partilha para que mais mulheres possam ter acesso a esta mensagem: ninguém te pode dizer como é que o teu corpo deve ser para que possas gostar de ti. Ninguém.

Mudar os paradigmas

Coisas destas, que talvez há uns tempos só me inquietassem ligeiramente, agora incomodam-me verdadeiramente. A SIC, em pleno prime time, lança uma notícia, cuja utilidade não vou comentar, sobre as mulheres mais influentes do Instagram. Logo no início, a jornalista (mulher, é preciso que se note), sai-se com um "Mas não é qualquer mulher que se pode mostrar assim" (com pouca roupa).

 

Congelei.

 

Não pode?? Quem disse? Claro que pode. Talvez não ouse. Talvez se envergonhe. Talvez tenha medo de ser ridicularizada por gente com menos de dois dedos de testa ou que tenha tido o azar de ser educada no contexto errado. Mas PODE! Com barriga, sem barriga, com pêlo, sem pêlo, com pernas ou sem pernas, qualquer pessoa PODE andar na rua como quiser e ter orgulho nisso, ou pelo menos aceitar-se assim, ou querem lá ver que temos de andar tapadas?

 

Mas depois vem uma jornalista (mulher, é preciso que se note) dizer que não senhora, não se pode, porque só as giras e bronzeadas e definidas é que podem andar de biquini e ter orgulho nisso. Já se sabe que a comunicação social tem o poder de moldar opiniões. Poderiam, deveriam, usá-lo para moldar as opiniões certas, em vez de contribuir para o aumento de preconceitos e a consolidação de uma definição de beleza totalmente desajustada da realidade.

 

Não espero certamente nenhuma resposta, mas escrevi para lá. Para a SIC. Mandei um e-mail a expressar a minha indignação e só por isso já me sinto mais leve.