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Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Voltar aos tachos

Desde que, no domingo passado, vim do workshop de cozinha vegetariana no Aloha Café, do qual já falei uma vez aqui e tenho frequentado numa base semanal, ainda não parei de cozinhar. Cá em casa quem cozinha é o homem. Quando começámos a viver juntos e falámos sobre a divisão das tarefas, perguntei-lhe qual era a tarefa que mais gozo lhe dava, que a mim todas me fastidiavam de igual forma, e assim ficou ele responsável pela cozinha. Basicamente, saiu-me a sorte grande, porque apesar de gostar de cozinhar e de ir às compras para fazer a comida, ele cozinha muito bem e não sei como é que ainda não fiquei um pote.

Por isso, eu não cozinho muito. Mas às vezes apetece-me cozinhar. Por exemplo, quando estou grávida. Quando estou grávida, ponho-me sempre a fazer coisas que nunca fizera antes e que não volto a fazer depois, como pudim de alfarroba, granola ou queques de cenoura. A granola foi a única que ficou e ainda hoje a faço, mesmo não estando grávida, mas dificilmente se pode chamar cozinhar a fazer granola...

Portanto, lá decidi ir fazer o workshop e replicar as receitas do workshop cá em casa. Não, não estou grávida (mas porque fui eu dizer tal coisa?), mas voltei a cozinhar e tem-me sabido bem. Foi assim que já fiz os douradinhos de tofu (por duas vezes), cenoura salteada com alga arame, bulgur com vegetais e hoje para o jantar vai haver empadão de millet com seitan.

Pimba.

workshop macrobiótica.JPG

 

Foto do nosso almoço no workshop: sopa miso, tofu mexidinho com bulgur e cenoura salteada com arame e crumble de maçã.

Doce desculpa

Clafoutis de nesperas.JPG

Já andava com vontade de fazer uma coisa doce há uns dias, mas ora me faltavam ingredientes ora me faltava o motivo (cá em casa, para se fazer ou comprar um bolo é preciso haver sempre um motivo forte). A visita de uns queridos amigos da Alemanha foi a desculpa perfeita. Normalmente, costumamos presentear os nossos amigos que cá vêm jantar com morangos da Arrábida regados com iogurte grego açucarado (às vezes, feito por nós), mas ultimamente não tem havido morangos da Arrábida e depois de provar estes morangos, deixámos de conseguir comprar os outros que se vendem nas grandes superfícies. Por isso, peguei num livro de receitas da Bimby e num piscar de olhos fiz um clafoutis com as frutas que tinha em casa: pêssegos e nêsperas. Como não consegui esperar pela noite, fiz uma tigela pequena à parte para comer logo e, assim, aplacar aquela vontade irresistível de açúcar que às vezes me acomete.

Soube-me a pouco, mas logo à noite há mais.

Whole 30

Hoje é o dia mundial da felicidade. Podia vir aqui falar-vos do meu projecto da felicidade perdido algures em Janeiro, ou do prazer que retiro da minha profissão ou da felicidade familiar que me completa. Mas não. Decidi vir falar-vos de roupa e comida. 
Não, não é tão fútil como parece.

A quaresma ainda não acabou, lembram-se? Houve umas mudanças pelo meio e acabou por se focar bastante mais no corpo do que na mente. Voltámos a ver televisão e ignorámos tudo aquilo que poderia contribuir para a nossa intelectualidade. No entanto, não descurámos a parte da alimentação e do exercício físico que temos cumprido religiosamente e com um prazer que não esperávamos. Ok, eu hoje esqueci-me de ir ao ginásio, mas isso foi porque estava entusiasmada a legendar um filme colombiano e não dei pelas horas passarem (eu a armar-me!) .

Mas ontem, vesti, pela primeira vez no ano (na vida?), uma camisa de tamanho S. Senti aquela emoção meio de felicidade meio de espanto por ver que os meus esforços estavam a dar os seus frutos. Esforços, que esforços?

O nosso pequeno-almoço é aquele ali da esquerda,
com as sementes de chia...
Bom, quando comecei o Whole30 - relembro, um programa alimentar com a duração de 30 dias que exclui todos os cereais (mesmo os que não têm glúten), lacticínios, açúcares, leguminosas (esta ainda não percebi porquê) e todo o tipo de comidas processadas - pensei que era uma missão condenada à partida. Passar 30 dias só a comer proteína, vegetais, fruta, frutos secos e chazinho? Nem um iogurte magro? Nem uma bolacha de arroz tostado? Mas, a verdade, e agora acreditem se quiserem, é que não me tem custado assim tanto. Introduzimos, inclusivamente, um dia só de sumos e sopas e posso dizer que tem corrido na perfeição. Como o programa manda que só nos pesemos no fim dos 30 dias, só nos resta examinar a cara um do outro à procura de sinais de emagrecimento e avaliar o número de buracos do cinto que andamos a apertar. Mas estamos, definitivamente, os dois mais magros!
Pudera! Experimentem cortar no açúcar, no pão e nos iogurtes gregos açucarados e vão ver se não emagrecem.
Smoothie de fruta e espinafres

Mas aquilo de que vos queria falar até nem era disto, do facto de estar feliz por ter emagrecido. Era mesmo do facto de estar feliz por ter finalmente encontrado opções de alimentação saudável e deliciosa que me agradam! Oi? Estarei a ler bem? Comida super saudável e deliciosa? Sim! Acreditem ou não, temos feito pratos deliciosos com as coisas mais simples, como salteados de legumes com frango ou salmão, pernas de frango no forno com legumes assados com alecrim (esta não é um dieta apropriada para vegetarianos...), sementes geminadas temperadas com vinagre, as mais variadas saladas cujo segredo reside, muitas vezes, no tempero, e pequenos-almoços e snacks de comer e chorar por mais. Acho que a parte de que estamos a gostar mais talvez sejam mesmo os snacks. O homem usa muito o desidratador (uma coisa destas) e temos feito coisas esquisitas como couve portuguesa desidratada massajada em azeite e salpicada com misturas de sais africanos, chips estaladiços de courgete e batata doce mais alguma coisa de que não me lembro.
Pequeno-almoço com ovos, bacon, tomate cherry e coentros

Às vezes também comemos simplesmente tiras de cenoura com babaganoush, azeitonas, laranja com canela  e mistura de frutos secos. Juro que isto sacia e é uma alternativa perfeitamente compatível com boas bocas. Ainda há os pequenos-almoços, onde usamos e abusamos de coco e leite de coco, o único "leite" autorizado, mas acho mesmo que vou ter de voltar um dia e falar sobre cada uma destas receitas individualmente. E sabem porquê? Porque hoje, quando levei leite de aveia para a escola das meninas para o lanche da mais velha que tem prescrição médica para evitar o leite de vaca durante uns tempos, o esgar de nojo que a educadora fez quando olhou para o pacote de leite de aveia não me fez sentir uma extra-terrestre, fez-me, sim, sentir vontade de mostrar que nós estamos bons da cabeça!

Nunca pensei dizer isto, mas, pela primeira vez na minha vida, ando a comer couve escura com prazer. E pronto, com esta devo ter perdido metade dos poucos leitores que ainda tenho.

A couve desidratada

Crónica de um pequeno-almoço








Iogurte de ovelha ou cabra
Dióspiro maduro
Romã
Coco em raspas
Pó de linhaça

* Diz que adquiri uma espécie de intolerância ao glúten. Depois de várias experiências, está mais ou menos confirmado que glúten é coisa que pouca falta me faz. Ao princípio, os pequenos-almoços foram um autêntico desafio. Agora, são um puro prazer. Voltarei aqui para falar sobre isto com mais detalhe.

Que grande melão

Diz o gráfico do meu boletim de grávida que estou quase 3 kg acima da linha de peso aceitável. A enfermeira achou por bem abrir-me muito os olhos e fazer do caso uma coisa muito séria e avaliar bem em que semana é que eu me desleixei para depois, quando eu pensava que me ia delinear um plano de dieta super rígido (apesar de os meus valores de glicémia, colesterol e triglicéridos estarem para lá de espectaculares), sair-se com um único conselho ultra-valioso, como se daí se pudesse retirar a fórmula para fazer feliz muita grávida gorda.
- É o melão! Você come melão? É a fruta que mais engorda. E não conseguimos comer apenas uma fatia, não é? Não coma melão. O melão engorda!

E eu, que só como melão quando vou comer fora para fugir aos doces e, porque, bom, porque gosto e uma fatia chega-me perfeitamente, lá tenho de ponderar deixar de comer melão e substitui-lo por uma mousse de chocolate!

Entretanto, segura de que a enfermeira sabe tanto de nutrição como eu percebo de aeronáutica, fui pesquisar. Como já desconfiava, o melão não engorda coisa nenhuma. Entre as frutas com mais calorias contam-se as bananas, as uvas, o abacate, a manga e o coco. Mas, por exemplo, as bananas têm muito potássio essencial para grávidas e o abacate está cheio de gordura boa e antioxidantes. Devia ser proibido proibir a ingestão de frutas, seja em que dieta for, muito menos em grávidas. Alertem sim para os elevados teores de açúcar em sumos de fruta, já para nem falar de refrigerantes. Digam-me para não comer gelados ou bolos ou muito pão. Agora fruta? Há pessoas que não sabem mesmo o que dizem.




Porque os olhos também comem

Ah e tal, esta é a minha nova guru da comida saudável, disse-me ele, quando me anunciou que queria fazer este pão. Ao princípio não liguei muito, mas as constantes referências de outros blogues de cozinha saudável à Sarah B. acabaram por me fazer visitar o seu site com mais atenção. E, se ela é uma apaixonada por comida (orgânica, saudável e vegetariana), eu fiquei apaixonada pelas fotografias da sua comida (e pelo papel de parede da sua cozinha!). Apesar de não cozinhar muito, gosto de blogues de culinária, assim como gosto de livros de culinária, principalmente vegetariana e macrobiótica, pois é como defino 90% da minha alimentação (pelo menos durante a semana, vá). Mas, para mim, um bom blogue de culinária é aquele em que cada receita é uma história e se faz acompanhar por fotos tão belas que mais parece que é a receita que faz a legenda das fotos e não ao contrário. 
O My New Roots é um blogue desse género, em que não só temos receitas interessantes, diferentes e muitas vezes a dar para o artístico, como nos prova que a cozinha vegetariana é muito mais rica, diversificada e saborosa do que se pensa, a avaliar pela oferta nos restaurantes de buffet que para aí andam (já disse que odeio buffet?), e nos contagia com a sua paixão pela comida.
My New Roots é uma celebração da cozinha saudável e, assim de repente, apetece-me comer isto tudo, kimchi incluída. E de cozinhar, também. Cozinhar e comer, dias a fio.





Todas as fotos foram retiradas do My New Roots.

Lana & broccoli

Devia falar aqui do fantástico concerto que Lana Del Rey deu no Meco e como lhe podia ter beijado os pés se ela se tivesse dignado, qual deusa encantadora, a caminhar mais uns meros 5 metros no corredor da fama, e como tive um fim-de-semana sopimpa de vento, sol e comida, mas a rotina da semana é tramada e parece que isso já lá vai há meses. De qualquer maneira, para quem não acredita que a Lana consegue mesmo cantar, leia este artigo e peça clemência aos céus.

O que queria mesmo era falar sobre os maravilhosos sumos que tenho andado a beber desde segunda-feira e como ainda não vomitei de enjoo. Há muito que o pai da minha filha se tornou adepto de sumos verdes feitos de, como o nome indica, coisas verdes e naturais, espinafres, brócolos, couve e outros legumes que toda a gente gosta de comer crus. Há muito que eu já tinha experimentado com o único resultado de passar a dizer mal dos mesmos sempre que se referia o assunto. Até houve um dia em que tentei beber mais de dois copos num dia, mas passei a manhã com um humorzinho insuportável, cheia de dores de cabeça e com fome, muita fome. Mas depois de muito ler sobre os benefícios dos mesmos, de ter ido à praia e ter constatado que a minha celulite já viu melhores dias e com alguma teoria da conspiração saiba-como-evitar-ter-cancro à mistura, lá sugeri, repito, sugeri, passar a beber os suminhos que tão bem fazem à saúde em vez de começar o dia com cereais cheios de açúcar bons bons só para dar as boas-vindas à família inteira da Sr.ª Celulite.

E eis que já vou no terceiro dia de sumos, saladas e pratos saudáveis, e já me sinto quase pronta para ir fazer as tais análises ao sangue que tenho andado a adiar há seis meses. Quem me vir no meio da rua a beber uma mistela vermelha ("sumos verdes" é uma força de expressão quando se usa beterraba...) com sementes assim a dar para o nojento deve achar estranho. Mas nessas alturas imagino que estou nas ruas de Nova Iorque onde weird=normal. E a mente tem um poder do caneco.

E como não sou fundamentalista, não deixo nenhuma receita. Porque sei que vocês já ficaram de água na boca, ora confessem lá!

M&M's com couves


Uma das vantagens/desvantagens (riscar o que não interessa) de trabalhar em casa e de ter o homem a trabalhar perto de casa é poder ir almoçar com ele de vez em quando. De vez em quando, mas com menos frequência, ele também vem a casa almoçar comigo. Quando isso acontece, geralmente é para me fazer o almoço, coisa que muito agradeço em dias como o de hoje em que estou atolada em trabalho (mas ainda assim arranjo 2 minutos para vir falar do meu almoço...ai se o chefe sabe...).

Mas isto tem de ser falado, chefe. É que o almoço de hoje foram couves. Não, isto não é um ditado para dizer que não houve almoço, que foi um fracasso, ou qualquer coisa do género, não. O almoço de hoje foram couves, as in estou a constatar um facto. Ou melhor, couves, não, acelgas, que ainda firo susceptibilidades. Acelgas, muitas acelgas, salteadas em alho e azeite.

Quando olho para o prato cheio (de acelgas) e lhe pergunto, desalentada, "É só isto?", ainda me pergunta se não quero polvilhar a coisa com a granola meio estorricada (mas que ele acha que é a melhor granola que já comeu) que tinha feito na noite passada.
Pensei que estava a gozar. Não estava, a contar pelo prato dele. Ah, e ainda foi tirar fotografias à obra de arte!

Gosto muito de ti, mas assim que saíste ataquei o saco dos M&M's. Prometo deixar alguns para ti.