Mudar os paradigmas
Coisas destas, que talvez há uns tempos só me inquietassem ligeiramente, agora incomodam-me verdadeiramente. A SIC, em pleno prime time, lança uma notícia, cuja utilidade não vou comentar, sobre as mulheres mais influentes do Instagram. Logo no início, a jornalista (mulher, é preciso que se note), sai-se com um "Mas não é qualquer mulher que se pode mostrar assim" (com pouca roupa).
Congelei.
Não pode?? Quem disse? Claro que pode. Talvez não ouse. Talvez se envergonhe. Talvez tenha medo de ser ridicularizada por gente com menos de dois dedos de testa ou que tenha tido o azar de ser educada no contexto errado. Mas PODE! Com barriga, sem barriga, com pêlo, sem pêlo, com pernas ou sem pernas, qualquer pessoa PODE andar na rua como quiser e ter orgulho nisso, ou pelo menos aceitar-se assim, ou querem lá ver que temos de andar tapadas?
Mas depois vem uma jornalista (mulher, é preciso que se note) dizer que não senhora, não se pode, porque só as giras e bronzeadas e definidas é que podem andar de biquini e ter orgulho nisso. Já se sabe que a comunicação social tem o poder de moldar opiniões. Poderiam, deveriam, usá-lo para moldar as opiniões certas, em vez de contribuir para o aumento de preconceitos e a consolidação de uma definição de beleza totalmente desajustada da realidade.
Não espero certamente nenhuma resposta, mas escrevi para lá. Para a SIC. Mandei um e-mail a expressar a minha indignação e só por isso já me sinto mais leve.