O caso das praxes
Eu sou a favor das praxes. A minha madrinha de praxe é, hoje em dia, uma grande amiga minha, companheira de Berlim e co-mártir das saudades. Adorei a minha praxe e, se voltasse atrás, apresentar-me-ia aos meus veteranos e implorava: "Por favor, praxem-me!"
Pronto, agora que tenho a vossa atenção, vou reformular.
Eu sou a favor das praxes tal como foram as minhas praxes, na FCSH da Universidade Nova, no longínquo ano de 1997: inofensivas, divertidas, um veículo para a integração académica e inofensivas. Ah, já tinha usado este adjectivo! Qualquer outro tipo de praxe que não se enquadre nesta descrição, incluído o uso repetido da palavra "inofensivo", é simplesmente parvo. Qualquer praxe que dure mais do que 2 ou 3 dias e que obrigue os caloiros a deslocarem-se para lá de meio quilómetro fora da sua universidade é parva. Qualquer praxe que use utensílios de praxe para lá dos batons, iogurtes ou cera para tirar os pelos ao caloiro mais peludo é parva. Qualquer praxe que sirva para vexar os caloiros em vez de os introduzir na vida académica de um modo salutar, como por exemplo avisar sobre os podres dos docentes que nos vão calhar na rifa, é parva. E qualquer praxe que termine na morte dos estudantes é, simplesmente, bizarra e devia ser proibida, pronto.