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Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

Bolas de Berlim... sem creme

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Um mês de Alice


Um mês. 
Agora que olho para trás acho que este pós-parto não foi assim tão mau. Mas isso deve ser porque já não tenho dores nenhumas em lado nenhum. Não sei há quanto tempo isto não me acontecia, não ter dores, por isso sinto-me uma espécie de super-ex-puérpera que aos poucos vai cabendo nas calças de não grávida, apesar do que dizem uns e outros.

Um mês.
É uma pena que os bebés sejam tão pouco tempo recém-nascidos e tanto tempo bebés. Os recém-nascidos têm todo o encanto e ternura dos seres frágeis como porcelana e dependentes como nenhum outro mamífero. A única altura da vida em que o ser humano é ingénuo e puro é enquanto é recém-nascido, antes das manhas e birras que aprende com os que já cá estão há mais tempo. Devido à falta de experiência, não desfrutei tanto do meu primeiro recém-nascido como desfrutei deste. E só tenho pena que em breve ela deixe de ter as reacções típicas de recém-nascido, que deixe de fazer os barulhinhos à Gizmo, de procurar a mama em todo o lado, mesmo que seja ao colo de algum ser desprovido de mamas, de arrulhar timidamente quando começa a tentar comunicar connosco sem ser a chorar, do calo de mamar que ganhou no lábio, das mãozinhas que mantém sempre fechadas, da roupinha mini de boneca e dos gorros que ainda lhe tapam os olhos. Daqui a pouco começará a engrossar o choro e a sorrir com mais frequência e a crescer como se tivesse pressa de chegar a algum lado, e os gorros vão começar a servir, e, logo a seguir, a deixar de servir, e começará a dormir menos durante o dia e a exigir mais atenção e brincadeiras e não tarda está a puxar o rabo ao gato.

Mas até lá, ainda só passou um mês. E, considerando que uma pessoa nunca sabe que tipo de recém-nascido vai trazer para casa, posso dizer que foi um bom mês. Espectacular mesmo.

Reflexões do puerpério #3 (completamente aleatórias)

1. É chegada a época em que a minha roupa tem, frequentemente, nódoas de bolçada. Por vezes, também o cabelo. E já houve um ou outro esguicho de cocó. É aquela altura em que, a haver uma emergência no prédio ou em casa e a ter de sair à pressa, nunca sei bem com que aspecto demente me vou apresentar na rua.

2. Não sei por que é que os livros que mandam bitaites sobre recém-nascidos não fazem referência ao secador-de-cabelo-adormecedor-de-bebés. Comprovo que funciona, pelo menos até uma determinada idade. Vá, meses. Ok, dois ou três meses. Diz que a máquina de lavar roupa tem o mesmo efeito, mas é capaz de estar muito frio na marquise.

3. Ela às vezes põe-se a olhar para mim com os seus olhinhos de azeitona preta do Alentejo, como se se quisesse certificar de que o colo continua a ser meu, a incubadora-progenitora, e pergunto-me se já conseguirá distinguir o meu vulto e, especialmente, os meus olhos, pois é neles que se fixa, fazendo-me sempre sentir uma pessoa deveras importante.

4. A mais velha hoje de manhã disse "mamã, a mana é tão querida!" e eu só tive vontade de chorar.

5. Deixei de tomar café e nem dei conta. Por outro lado, ontem comi um salame e só consegui esconder o facto até hoje de manhã, quando ela acordou com duas grandes borbulhas na cara. Ora, vamos lá passar em revista o que comeste ontem?

6. Ia fechar o ciclo e voltar a falar em cocó e derivados, mas acho que não há mesmo necessidade disso.

Terra de ninguém

Se, das raras vezes que agora saio à rua, me virem com as calças no fundo do rabo, não estranhem. Não aderi à moda hipster ou coisa que o valha, mas desde há uns dias que, no meu roupeiro, há ali um espaço vazio onde deveriam estar as roupas que me poderiam servir no puerpério, mas não servem, porque não as tenho. Se as calças de grávida me caem a cada passo, as minhas calças mais largas de não grávida nem sequer estão perto de abotoar. Os ponteiros da balança vão descendo com parcimónia, não fosse cada uma das minhas mamas pesar 3 quilos e já estar na fase de, de cada vez que acabo de amamentar, me apetecer comer oito Twix. Pelo menos. O que interessa é que agora nunca sei o que vestir e a culpa já não é do tempo. Estou assim numa espécie de terra de ninguém do peso e das roupas, ou, se nos abstrairmos da futilidade da coisa, num perigoso limbo entre o baby blues e aquilo a que chamo a descontracção do segundo filho. Se, por um lado, com o segundo é tudo mesmo mais fácil, por outro lado o pós-parto, esse, continua a ser aquele grande filho da mãe. Mas está tudo bem.

Silly Season

Nestes dias o mais provável é que este blogue se concentre quase exclusivamente em questões maternais e pueris, posto o que, se não estão para isso, podem voltar mais tarde que eu não me chateio. A sério.
Aos outros, àqueles que continuam a cá vir sabe-se lá porquê, peço apenas um pouco de paciência. Diz que quando o chato do pós-parto acabar este blogue deverá voltar à sua dinâmica habitual. Ou não. A verdade é que tenho muita vontade de escrever*. A realidade é que nem sempre consigo. De qualquer maneira, activem o Feedly. Não vos quero cá em vão.


*e de mudar o header do coiso, mas, oh, isso terá de ficar para outra vida.