Sair à noite em Sesimbra: é complicado
Gosto de festas em sítios improváveis. Faz-me lembrar Berlim. Em Sesimbra, também se aproveitam os monumentos históricos para mais do que apenas visitas de turistas e, com sorte, até temos direito a maresia.
Fui para ver como é. Não estaria bem entrosada na comunidade se não soubesse como são as famosas festas anuais que têm o objetivo de reviver a antiga e popular discoteca da vila, La Belle Epoque. Há que estar a par de tudo, certo? Além disso, vai toda a gente a estas festas. A senhora da loja das cópias, a senhora da hora do conto, a farmacêutica, praticamente todos os pais da escola, a senhora da secretaria da escola, o homem que nos pintou a casa, os primos do homem (em primeiro, segundo e terceiro graus), os colegas do ginásio, a vila em peso, portanto. E ainda não conheço eu toda a gente...
Primeiro foi a Festa do Castelo. Fui simples, de blusa preta e calças rasgadas, sem grandes produções, afinal para dançar há que estar confortável. Cedo percebi que mais ninguém pensou como eu. É uma das festas do ano, disseram-me, a malta arranja-se bem. Ver e ser visto - há quem defina os eventos em Sesimbra desta forma. É fácil de perceber logo pelas fotografias à entrada, qual revista Caras. Depois lá dentro a malta relaxa mais um bocadinho. Bom, força de expressão.
Três semanas depois, foi a Festa na Fortaleza. Ah, agora já não me apanham desprevenida, pensei. Estava uma noite de verão daquelas, meti uma blusa fina de alças que só uso em raras ocasiões, as sandálias que levo aos casamentos, pintei-me e pus uns berloques, confiante de que ia estar à altura do esperado. Mas quando entro no carro de quem me veio buscar, gaguejei:
- Ninguém te disse que era para ir de branco?
Resumindo: em Sesimbra, é bem mais fácil ir à praia.