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Bolas de Berlim... sem creme

Um blogue que não é de culinária (apesar de ter algumas receitas)

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Vamos aquecer os refugiados

A Virgínia do Amo-te Mil Milhões lançou o mote e eu aceitei. Custa-me estar de braços cruzados à espera, quando já ofereci a minha ajuda várias vezes. "Tem de ter paciência", respondem-me, como se me estivesse a queixar na repartição das finanças por estarem a demorar muito a atender.

Eu quero ajudar, mesmo. Esta crise dos refugiados tem-me tocado imenso, talvez pelas tantas crianças, pelas grávidas, por me parecer que a História se vai repetindo, como para nos dar oportunidade de redenção por maus tratos passados. Infelizmente, nem toda a gente pensa assim e dói ver o telejornal. Olho para as minhas meninas e penso no que faria eu, se fosse connosco, se tivesse de as agarrar com todas as minhas forças e apertar contra o meu peito para atravessar um mar revolto num bote de borracha e senti-las a fugir-me das mãos... Não quero nem pensar. Já chorei, já dormi mal por causa de sonhos de meninos afogados, já senti o coração apertado durante dias a fio e me senti uma inútil por não poder fazer nada. "Tem de ter paciência", dizem-me. Como se fosse um favor.

 

Quando vi o apelo da Virgínia, não pensei duas vezes. Peguei nos meus tecidos e comecei a cortar, ao princípio quase sem rumo, sem ordem, mas logo se começou a formar um padrão na minha cabeça. Em menos de nada tinha os quadrados cortados, em quatro dias (mais ou menos uma hora por dia) cosi tudo. Vejo agora que faltam mais duas filas de quadrados para cada lado, para baixo e para cima, para que dê para tapar uma cama de casal e aquecer duas pessoas. Como o enchimento ainda não chegou, terei tempo este fim-de-semana para acabar a parte de cima.

Por enquanto está assim a minha manta express, a primeira que faço sozinha sem as orientações da Rosa Pomar. Espero terminá-la daqui a uma semana (desta vez não haverá tempo para coser o debrum à mão...) e talvez ainda consiga fazer outra mais simples para criança. Sem grandes expectativas, vou fazendo o que posso, e do que gosto, até que os primeiros refugiados começarem a chegar. Depois espero que me deixem ajudar mais ativamente.

 

Manta refugiados, parte I.JPG

 

Entretanto, também podem ir fazendo donativos para a Unicef e para a ACNUR.